eu queria você

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𝐶𝑙𝑎𝑟𝑎.
📍 Em casa – Osasco, 00:33 – 22°C 🌑

Leonardo mandou uma mensagem avisando que estava lá em baixo, então saí devagar pra não acordar meus pais e então desci.
Assim que passei pela portaria, vi o carro dele parado do outro lado da rua, então atravessei e entrei.

— Oi - Digo.
— E aí, achei que ia te ver com creme na cara - Fala e nós rimos.
— Não dessa vez - Digo e ele segura no meu rosto, me dando um selinho - O que foi?
— Nada - Beija meu pescoço - Porque?
— Tem alguma coisa errada - Digo o afastando.
— Cê tá doida - Ri sem jeito.
— Leonardo, como diz você, eu sou muito enxerida - Digo e ele ri - Eu sei que tem alguma coisa errada.
— Tá, Clara, tem. Mas não é da sua conta - Diz grosso - Tá vendo? Pra que conversar? Era só a gente ficar e pronto, mas cê quer conversar, depois reclama que eu sou grosso com você.
— Eu só quero saber o que é.
— Cê é mesmo muito enxerida - Olha pra rua.
— Sou, mas eu também me preocupo. Às vezes é alguma coisa que eu posso te ajudar, mas você não deixa.
— Eu não preciso de ajuda.
— E porque eu tenho a sensação que precisa?
— Porque você é maluca - Volta a me olhar - Por favor, a gente pode só ficar de boa? Eu até aceito conversar, mas não sobre a minha vida.
— Então tá bom.
— Mas cê vai ficar desse jeito?
— Que jeito? Tô normal.
— Tá nada - Se aproxima de novo e beija meu pescoço - Quer saber uma coisa?
— Não.
— Como não?
— Não quero - Ri - Dá outra vez você disse isso só pra me deixar curiosa e não era nada.
— Mas dessa vez é de verdade - Morde a ponta da minha orelha e eu arrepio.
— Então tá, eu quero.
— Eu queria muito - Dá ênfase na última palavra - Te ver hoje. O que não é normal - Aperta diretamente minha coxa que estava exposta por causa do short - Eu geralmente não sou assim.
— Não? - Sorrio e fecho os olhos.
— Não - Continua conversando perto do meu ouvido.
— Cê tá falando isso pra me iludir?
— Eu não faço esse tipo de coisa, não se preocupa, sou bem direto com o que eu sinto - Sobe a mão devagar pela minha coxa - Mas e você? Queria me ver?
— Que-queria.
— Porque cê tá arrepiada? - Volta a beijar meu pescoço - Hein?
— Não ... Não sei.
— Não sabe? - Ri - Acho que eu sei.
— Você quer subir?
— Seus pais não estão aí?
— Estão, mas a gente não vai fazer barulho.
Eu não posso prometer isso - Diz rindo maliciosamente e eu fico mais excitada - A gente pode ir pra outro lugar, se você quiser.
— Não, eu quero ... quero agora.
— O que você quer agora? - Segura no meu queixo e me faz olhar pra ele.
— Você - Digo e ele sorri largamente.
— Vamo subir então.

Descemos rapidamente do carro e quando me aproximei pra seguirmos pro meu prédio, ele segurou na minha mão e eu me surpreendi.
Caminhamos assim e passamos pela portaria e então entramos no elevador.
Encostamos no espelho e ficamos em silêncio. Olhei na direção dele e quando pensei em falar algo, vi uma coisa que me chamou atenção.

— O que é isso? - Pergunto.
— O que? - Me olha confuso.
— É ... - Fico na ponta do pé - Batom.
— Batom?
— É - Passo o dedo - É batom no seu pescoço.
Deve ser seu - Dá de ombros.
— Eu tô usando batom por acaso? - O encaro - Ainda mais dessa cor?
— Ué Clara, sei lá de onde é isso, deve ter sido minha mãe.
— Cê tá mentindo.
E se eu tiver? - Me encara - É só ficar, lembra?
— Mas não é por isso que eu vou me sujeitar a qualquer situação - Digo - Quer dizer, você acabou de ficar com uma pessoa e agora tá aqui?
— Eu não fiquei com ninguém - Diz e noto que ele está mais frustado do que irritado - Não quis, tá bom assim?
— Não quis? - O elevador para, mas não descemos.
— Não, não quis. Eu achei que cê tinha saindo com o Kweller e aí chamei uma mina pra sair, mas aí o Eco me falou que cê tava com os seus pais e eu mudei de idéia.
— Leonardo ...
— Ela entrou no carro e aí eu disse que não queria mais sair. Ela veio pra cima de mim, provavelmente nessa hora beijou o meu pescoço, mas eu pedi pra ela parar porque eu realmente não tava afim e aí fui pra casa. Eu tava em casa, lendo, quando você mandou mensagem. Não fiquei com ninguém, eu não quis ficar. Eu queria você. Tá bom assim?

Eu poderia me arrepender depois, talvez ele estivesse mentindo. Mas eu acreditei.
Fiquei na ponta do pé novamente e me aproximei dele, dando um selinho demorado. Suas mãos pousaram na minha cintura e ele apertou firme, então apertei o botão para que as portas do elevador se abrissem e então saímos e logo entramos no meu apartamento.
Caminhamos em silêncio pelo corredor e assim que entramos no meu quarto, tranquei a porta e quando me virei pra ele, o vi observar meu quarto.

— Que foi? - Pergunto rindo.
— Parece o quarto de uma menina de quinze anos - Diz rindo.
— Vai se foder.
— Mas eu gostei - Fala - E porra, cê tem livro pra caralho.
— Não é nem a metade do que eu tenho - Digo olhando pra prateleira única que pegava três das quatro paredes - Esses são os meus favoritos e os que eu comprei e ainda não li.
— E o que você faz com o resto?
— Alguns eu levo pra escola aqui no fim da rua, outros eu mando pra casa dos meus pais e ficam lá no meu quarto.
— Cê sabe quantos livros já leu até hoje?
— Não - Ri - Parei de contar faz muito tempo.
— Isso não é pra mim - Senta na minha cama.
— Achei que cê tava gostando do livro - O encaro.
— E tô, mas é uma exceção - Ri.
— Mas eu já até escolhi o próximo que cê ia ler - Digo chateada.
— Eu não pedi nada - Diz e se repreende - Desculpa.
— Isso é engraçado - Falo e tiro o moletom que tinha colado por cima do pijama.
— O que?
— Você me pedindo desculpa por uma má resposta.
— Não abusa não - Rimos.
— Cê quer alguma coisa? Água, suco? Quer ver um filme?
— Não foi pra isso que eu vim aqui.
— Eu sei - Me jogo na cama - Mas não é assim.
— Não? - Arqueia uma sombrancelha.
— Não, tem que ter um climinha, né? - Digo e ele ri.
— Ninguém nunca me disse isso, é só ir lá e pá.
— Não dessa vez - Bato na cama ao meu lado - Deita aqui.
— Eu já ia fazer isso - Fala enquanto se abaixa pra tirar o tênis.

Peguei o controle da TV e procurei algum filme que chamasse minha atenção e logo ele se deitou ao meu lado, passando o braço por cima da minha barriga e me abraçando como se eu fosse um urso, o que me fez rir mentalmente.
Soltei o filme e ele se ajeitou, deitando a cabeça no meu tórax, então usei uma das mãos pra fazer carinho na cabeça dele enquanto com a outra mão eu passava as unhas levemente pelo braço dele.
Depois de uns minutos assim, pensei que talvez fosse a hora e então me mexi na intenção de me soltar pra beijá-lo, mas ele me apertou ainda mais contra ele e então notei sua respiração pesar. Ele tinha dormido.

[ ... ]

𝙘𝙤𝙡𝙖𝙥𝙨𝙤 🌪️ • leozin mcOnde histórias criam vida. Descubra agora