ela é única

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𝐿𝑒𝑜𝑛𝑎𝑟𝑑𝑜.
Dois dias depois.📆
📍 Asfalto Rec – Osasco, 18:42 – 27°C 🌇

— Oi Léo - Clara atende no segundo toque.
— Baby - Digo e ouço ele rir levemente, o que me faz rir também - Acabei de chegar aqui na Asfalto, onde que tá seu colar?
— Eu acho que na cozinha - Fala - Foi o último lugar que eu lembro de mexer nele.
— Tá, vou ver o que o Eco quer comigo e já procuro pra você.
— Valeu mesmo Léo.
— Não foi nada. Passo aí na hora de voltar.
— Tá bom. Vem com cuidado.
— Sempre. Tchau, baby girl.
— Cê vai me matar com isso - Diz e nós rimos - Beijo.

Clara e eu estávamos bem. Ela dormiu na minha casa duas noites atrás e no dia seguinte almoçou com a minha família e eu. Não tínhamos mais conversado sobre “nós”, mas eu estava fazendo o possível pra manter as coisas bem. Até topei ir em uma consulta com um psicólogo, ela disse que estava fazendo bem pra ela e que talvez fosse funcionar comigo. Eu duvidava muito, mas topei, por ela.
Noite passada ela sentiu falta de um colar que eu dei pra ela há um tempo atrás e pediu pra que eu procurasse pra ela, já que naquele dia ela não iria pra gravadora porque tinha uma consulta médica.
Abri a porta e encontrei a Manu sentada lendo um livro. Seria cômico, se não fosse estranho. Eu sempre tive a impressão de que ela tentava parecer com a Clara, mas com o tempo aquilo foi passando. Talvez as duas fossem parecidas mesmo. Mas de certa forma, aquilo passava a me incomodar porque eu sabia que ela queria tentar algo comigo. E eu precisava deixar claro que eu não estava interessado.

— E aí Manu - Falo.
— Oi Léo - Sorri - Eco pediu pra você esperar cinco minutinhos que ele tá numa ligação importante.
— Beleza. Eu vou lá na cozinha ver se eu acho um colar da Clara ... Cê não viu não? É um colar prata, escrito baby girl.
— Eu guardei na minha mochila. Achei ele ontem no chão da cozinha - Fala - Só que deixei na minha outra bolsa, na minha casa.
— Putz - Penso - Mas beleza, vou falar pra ela que tá guardado, pelo menos ela se acalma e aí amanhã cê entrega pra ela.
— Se você quiser, a gente passa na minha casa na hora de ir pra você pegar. Sei como a Clara ama aquele colar, ela sempre teve muito cuidado e mesmo depois que cêis terminaram, ela continuou usando.
— É, eu tô ligado. Mas precisa não, amanhã você entrega pra ela.
— Tem certeza? - Insiste - Eu acho que ela ia preferir que você devolvesse. Pode até falar que você achou, vai ser fofo. Ela gosta dessa coisa toda.
— Eu vou ver e qualquer coisa te falo.
— Tá bem - Sorri - Mas então, vocês voltaram mesmo?
— Aham, voltamos - Minto. Quero dizer, não era mentira, de certa forma.
— Ah. Que bom. Espero que as coisas dêem certo dessa vez.
— Vão dar.
— Mas se não der ...
— Não vai ser da sua conta - Digo involuntariamente - Porra, foi mal, Manu. Não quis falar assim.
— Tudo bem, não é da minha conta mesmo - Fala sem jeito - Desculpa.
— Eu ...
— É o Paulo - Olha o celular, provavelmente uma mensagem - Pode ir lá.
— Tá, valeu Manu.

Segui em direção ao estúdio e logo que entrei, Eco soltou um beat e me encarou. Ouvi atentamente enquanto sentava e bolava um beck e não demorou muito estávamos fumando.

— Eco do céu, que beat do caralho - Falo quando paro.
— Eu sabia que cê ia curtir. Na hora que acabei, pensei "esse é do Léo".
— E eu quero ele - Digo mas logo penso - Quero dizer, não sei. Preciso falar com a Clara.
— Ué, porque?
— Porque eu disse que a mixtape tava acabando, a gente quer se resolver e eu não sei como as coisas vão ficar daqui pra frente.
— Cê quer minha opinião?
— Vai me chamar de otário? - Rimos.
— Dessa vez não.
— Então fala - Dou um trago.
— Acaba logo essa mixtape. Não é só a Clara que não tá aguentando mais. Cê já tá cansado. Sabe que já tá bom, não sabe?
— Sei - Concordo.
— Então pronto. Vamo finalizar hoje. Ouvir tudo, ver se tem algum detalhe faltando e a gente marca as datas de lançamento, faz os planejamentos de divulgação e pá. É música pra caralho, ainda tem muita coisa extra estúdio pra resolver.
— Eu tô ligado. Mas hoje eu não posso.
— Porque?
— Prometi que ia passar na Clara ainda hoje, se eu começar isso com você, a gente vai terminar muito tarde ou só amanhã cedo e eu disse que ia ver ela.
— É, tá melhorando - Ri - Tá certo. Vai ficar com ela. Eu vou guardar esse beat e talvez num próximo projeto cê use.
— Guarda mesmo, esse é meu - Ri - Eu ...

Ouvimos batidas na porta e logo a Manu entrou pra se despedir. Dei um tchau rápido e voltei a atenção pro celular enquanto ela falava com o Eco, não queria falar sobre ir na casa dela buscar o colar. Se fosse preciso, eu ia comprar outro, mandar fazer se não tivesse outro, mas ia fazer o possível pra evitar ela.

— Tá tudo bem mano? - Eco pergunta quando ela sai.
— Tá mano, suave.
— Não parece. Aconteceu algo com a Clara e você?
— Não - Ri - Tudo de boa. É só a Manu.
— Que que tem?
— Sei lá, ela meio que deu em cima de mim umas vezes e eu ignorei. Na real troquei uma idéia e pá, mas é porque eu tava achando ela tão parecida com a Clara e ... Sei lá, mas agora eu tô correndo.
— Posso te mandar a real?
— Vai me chamar de otário?
— Vou - Rimos mais - Mas sério, você trocar a Clara pela Manu é coisa de otário. Não é só porque eu conheço a Clara desde sempre, mas eu sei que ela tem muito mais a ver com você e eu sei que te faz bem, então ... Mas a Manu é gente boa.
— É, né? - Rimos.
— Só que é aquilo. Talvez ela tenha se interessado por você e talvez por isso tá fazendo esse jogo de se parecer com a Clara, porque na real ela não era assim.
— Se for isso, ela te perdendo o tempo dela - Digo por fim - Ninguém nunca vai conseguir se parecer ou ser como a Clara. Ela é única.

[ ... ]

𝙘𝙤𝙡𝙖𝙥𝙨𝙤 🌪️ • leozin mcOnde histórias criam vida. Descubra agora