𝙘𝙤𝙡𝙖𝙥𝙨𝙤 🌪️ • leozin mc

as coisas iam ficar ainda melhores

𝐶𝑙𝑎𝑟𝑎.
Três semanas depois.📆
📍 Asfalto Rec – Guarulhos, 16:12 – 28°C 🌥️

Faziam três semanas que nós tínhamos voltado de Guarapari e tudo estava normal. Leonardo tinha mesmo desacelerado um pouco, mas isso só durou três ou quatro dias, porque logo depois disso ele decidiu que ia ouvir todas as faixas novamente e reproduzir todas, pra ter certeza de que ficariam boas, mesmo com todo mundo dizendo que estavam fodas.
Era quarta-feira e eu estava com o Thiago no estúdio para produzir um beat. Ele tinha vindo com o Léo, mas como o que eu podia fazer nas músicas, já tinha feito quando produzimos da primeira vez, agora ele estava com o Paulo para corrigir o que achasse necessário.

— Licença Clara - Manu diz ao entrar no estúdio - Tava apagado então ...
— Tudo bem - Ri - O que foi?
— Os amigos do Léo chegaram, mas ele e o Paulo tão gravando. Falo pra eles esperarem onde?
— Pode mandar pra cá, nós só estamos produzindo beat.
— Tá bem - Sorri e sai.
— Quem que é? - Thiago pergunta.
— Vk e o Rocatto. Leonardo já tinha as dez faixas, mas o Vk cobrou uma deles juntos e aí já chamaram o Rocatto e vão gravar hoje - Explico.
— Léo tá ficando doido - Fala rindo - Onze faixas numa mixtape véi?
— Falei pra ele, tá se matando por isso. Mas sei lá, não falo muito não Thi, é o trabalho dele, o que ele gosta de fazer. Tento controlar pra ele não se desgastar demais, mas não posso proibir.
— Cê pode - Diz rindo - O que cê pede, ele faz.
— Desacelerar não, já tentei - Rimos - Mas depois que ele acabar, a gente vai viajar, só nós dois e tô fazendo de tudo pra ele concordar em ser pelo menos três semanas.
— Tomara que dê, ele precisa - Sorri fraco.

Não demorou muito e logo Vk e o Rocatto entraram ali, então enquanto eles fumavam e conversavam com o Thiago, eu me mantive concentrada em terminar o beat. Era um dos trabalhos mais caros que tinha vindo pra mim desde que eu fiquei só pra produzir e eu queria que ficasse perfeito.
Coloquei os fones para me concentrar só no beat e depois de longos minutos ali, senti algo gelado tocar meu pescoço e que me fez arrepiar por inteira. Olhei pra trás e o Léo estava em pé ali com uma lata de refrigerante na mão.

— Que susto neném - Digo tirando os fones.
— Entrei que cê nem viu - Ri.
— E também não vi os meninos saírem - Falo vendo que não tinha mais ninguém ali.
— Eles foram comer, não quiserem te chamar porque falaram que cê tava com mó cara de brava - Explica e eu ri.
— Só tava concentrada. Cê comeu?
— Não, vim te chamar, mas na real queria que cê ouvisse uma coisa antes.
— O que? - Me levanto.
— Lembra aquela música que eu tinha escrito na viagem? - Pergunta enquanto andamos e eu faço que sim - Tá pronta.
— Mentira - O encaro.
— Sério - Sorri - E eu curti pra caralho, acho que é a minha favorita.
— Vamo ouvir agora - Digo empolgada.

Nós seguimos pro estúdio onde ele estava antes com o Paulo. Ele fechou a porta e então nos sentamos. Observei quando ele abriu a guia e segundos depois a música começou a ecoar nas caixas de som do estúdio.

“Meu pai aos 19 me supreende. Me ensinou a ser homem, ouvir mais, falar menos. Hoje ligeiro, vivendo aprendendo, conhecendo ídolos, mundo pequeno. Desci pra praia no fim de semana, só ouço o mar e ela gemendo. Devagar tá tudo batendo, no nosso lar, números tao crescendo.
Hoje não da, mais uma vez. Vamo voa nesse plain. É a mema fita toda vez, já tava escrito nas estrelas. Qual que é o problema aos 19 lança a Panamera. X9s nunca fecharam com a gente, mais uma dose subiu pra minha mente. Hoje eu não sinto mais medo, meu maior medo se tornou o dinheiro. Gasto essas notas pra passar meu tempo, o brilho é real se me vejo no espelho.”

Escutamos a música toda e eu não conseguia conter o sorrio no meu rosto por ver ele tão feliz. Era nítido que tava orgulhoso do que tinha feito e com certeza era motivo pra se orgulhar. O projeto inteiro tava praticamente pronto, faltava só mais uma música, a dele com o Vk e o Rocatto e eles fariam ela ainda hoje. E depois pronto. Ele finalmente ia tirar um tempo maior de descanso, a gente ia fazer a nossa viagem e quando voltássemos, eu esperava que ele se mantivesse tranquilo e que pudesse entender a necessidade de descansar, porque por mais que ele não achasse, aquilo ia fazer muita diferença na vida dele. As coisas iam ficar ainda melhores.

— E aí?
— Ficou incrível - Me levanto - Perfeita, neném.
— Cê gostou mesmo? - Pergunta enquanto sento no colo dele.
— Eu amei meu amor - Faço carinho no rosto dele - Já tinha amado quando cê mostrou a letra, mas ouvir ela pronta ... Nossa, incrível.
— Demorei quase um ano pra fazer essa mixtape, mas meu sangue tá todo nela.
— Seu sangue, seu coração, sua alma ... Tudo. E por isso tá perfeito.
— Tem muito de você também, sem você não tinha feito nem a metade.
— Tinha sim - Ri - Cê teria feito tudo com o Eco.
— E aí não seria nem metade do que é agora. Eu já falei, você é o motivo do meu colapso. Mas de forma positiva.
— Meu Deus, eu achei que não tinha como.
— O que? - Me olha confuso.
— Eu ficar mais apaixonada ainda por você - Falo e ele sorri - Eu quero mesmo passar o resto da vida com você. E não é exagero.
— Cê tem certeza disso? - Me olha receoso.
— Óbvio que sim Léo - Sorrio - Eu sou apaixonada por você, por quem eu sou quando tô com você. Sou apaixonada por nós, juntos.
— Acho que não vou mais fazer música pra você.
— Porque? - Sinto meu coração apertar, talvez eu tenha sido melosa demais.
— Porque música nenhuma que eu faça vai demonstrar nem o começo do que eu sinto por você. Cê mudou minha vida, Clara Maria.
— Tô tão bobinha que nem vou brigar com você por isso - Rimos - Te amo, muito.
— Te amo, pra caralho.

[ ... ]