𝙘𝙤𝙡𝙖𝙥𝙨𝙤 🌪️ • leozin mc

três de quatro pedidos

𝐿𝑒𝑜𝑛𝑎𝑟𝑑𝑜.
📍 Asfalto Rec – Guarulhos, 22:17 – 20°C ⛈️

Clara desceu rapidamente do carro por conta da chuva e foi abrir o portão da garagem. Entrei com o carro enquanto ela fechava e então seguimos juntos pro lado de dentro.
Ela pegou as chaves e então fomos pelo corredor em direção a um dos estúdios. Escolhi o que eu queria, então entramos e enquanto ela ligava o computador e a mesa de som, eu sentei pra bolar um baseado.
Ela puxou uma das cadeiras e então se sentou e eu observei enquanto ela abria todos os programas necessários. Aquilo combinava com ela e eu sabia que ela era muito boa. Vê-la ali mexendo em tudo me fez perceber que talvez ela estivesse no caminho certo e então, ao invés de só citar a Asfalto Rec como eu sempre fazia, além disso, eu iria falar sobre ela. Acho que isso a deixaria feliz.
Eu não tinha desenvolvido nenhum outro tipo de sentimento por ela, só estava gostando de ficar com ela e ponto. Ponto, ponto, ponto. Reticências. Eu estava gosta do de ficar com ela, da companhia dela, da forma que ela me tratava, de como se preocupava ... Eu gostava de quem eu era, quando estava com ela. Com certeza tinha alguns momentos em que eu era rude, mas eram nesses momentos em que eu me corrigia e tentava ser alguém melhor. Não que eu precisasse ser uma pessoa melhor, mas eu queria ser, pelo menos pra ela.

— Léo? - Ela me chama, me tirando dos pensamentos.
— Que?
— Tá viajando aí - Ri - No que cê tava pensando?
— Em nada, enxerida - Digo e ela mostra o dedo - O que foi?
— Você tem noção de mais ou menos como quer os beats?
— Não - Rimos - Me mostra os que cêis tem pronto.
— Cê sabe sobre o que é alguma das músicas?
— Também não - Rimos mais - Vai sair quando eu achar o beat certo.
— Tá - Volta a atenção pro computador.
— Tem algum que você goste aí?
— Vários - Diz rindo.
— Me mostra eles então.
— Sério? - Me olha e sorri.
— Uhum.
— Tá bem - Diz e eu sorrio pela empolgação dela.

📍 Asfalto Rec – Guarulhos, 23:49 – 19°C ⛈️

— Acho que é isso - Digo quando termino de fazer, de freestyle, a letra da terceira música - E aí?
— Eu gostei, só reformular algumas frases - Diz e me olha. Ela queria perguntar alguma coisa.
— Pergunta.
— Que? - Ri.
— Pode perguntar.
— Você tá bem?
— Tô.
— Tem certeza?
— Porque você não aceita minhas respostas?
— Porque eu sinto que elas não são sinceras.
— Isso não importa.
— Importa. Horas atrás você me disse que não consegue fingir e nem mentir nada, mas não é o que parece - Arrasta a cadeira pra perto de mim.
— Porque isso é tão importante pra você? Clara, é a minha vida, isso não é da sua conta.
— Leonardo, você fez três letras em menos de duas horas e nas três você disse coisas que ...
— São só músicas, Clara, só isso.
— Mas não é você quem diz que não canta mentira?

Caralho. Senti aquela frase como um tapa na cara.
Dentro de mim existia uma confusão enorme, eu não estava bem e sabia disso. Eu realmente precisava de um tempo pra mim, pra descansar e ficar sem pensar em trabalho, coisa que não aconteceu nesses quase seis anos.
Se fosse pra resumir, da forma mais simples eu diria que uma das coisas que eu mais gosto na vida, o dinheiro, não pode comprar tudo o que eu preciso. E eu já estava ficando farto daquilo.

— Eu preciso de um tempo - Me levanto.
— Léo ...
— Não, Clara, agora não.
— Me desculpa - Se levanta também - Eu não quis ser enxerida, eu só ...
— Não queria, mas foi. Eu já te falei que não gosto de falar da minha vida, porque você insiste nisso véi? - Digo irritado - Eu tô tentando não se grosso, não te dar uma má resposta, mas porra, cê não tá ajudando.
— Me desculpa - Pede novamente.
— Se eu quisesse te contar alguma coisa, eu contaria. Não adianta me pressionar, isso só me deixa mais irritado.
— Desculpa.
— Porra, é só isso que você sabe dizer? Desculpa, desculpa, desculpa? - Passo a mão no rosto tentando me acalmar.
— Eu ...

Não deixei ela terminar. Peguei um beck bolado e caminhei pra fora do estúdio, seguindo até a cozinha. Estava chovendo forte lá fora e eu observei através da janela. Acendi o baseado e dei um trago mais profundo, na intenção de me acalmar e isso logo acontecer. E então me deu conta de que mais uma vez eu tinha exagerado com ela.
Mas porra, eu já tinha dito que não queria falar sobre a minha vida e ela continuava insistindo e perguntando o tempo todo.
Só que eu também entendia e na real, no fundo, me sentia feliz por saber que ela prestava atenção em mim e se preocupava de verdade.
Eu não queria ter falado com ela da forma que falei e sabia que precisava pedir desculpas.
Pensei e repensei por algum tempo e depois de alguns minutos e de ter fumado o beck inteiro, voltei em direção ao estúdio, mas quando entrei, vi que ela não estava lá.
Saí de novo no corredor e a última porta estava aberta. Era uma das salas recreativas, na real, a que eu mais gostava por ser toda roxa, então fui até lá.

— Clara?! - Chamo e a vejo deitada no tapete felpudo no chão, ela não me olha - A gente precisa conversar.
— Eu já tô voltando lá pra gente continuar.
— Não quero continuar agora.
— Então vou esperar aqui, quando você quiser, a gente vai - Fala encarando o teto - É pra isso que eu vim aqui, trabalhar. Te ajudar com isso. Só. Desculpa se eu passei do ponto
— Quatro.
— O que? - Finalmente me olha enquanto me aproximo.
— Você me pediu desculpa quatro vezes - Sorrio quando ela me olha surpresa.
— Ah não - Diz se sentando - Esses não valem.
— Todos valem - Me abaixo pra sentar no tapete também.
— Mas ...
— Deixa eu ver, o que vou pedir primeiro? - Pergunto pensativo.
— Por favor, seja bonzinho - Diz me fazendo rir.
— Tá, já sei - Pego na mão dela - Quero que cê me desculpe, por ter falado com você daquele jeito. É só que são coisas que eu não gosto e não quero falar, entende? Mas não é nada com você e eu não quis ter te tratado assim.
— Tudo bem - Sorri meiga e eu senti meu coração acelerar, que porra tá acontecendo? - Eu não devia ter insistido, mas, quero te dizer que quando você quiser ou achar que precisa conversar, sobre qualquer coisa, eu tô aqui, tá? Não só por curiosidade - Rimos - Mas também porque eu me importo mesmo com você.
— Valeu - Sorrio.

Continuei segurando na mão dela e nós nos encaramos. Meu coração ainda estava acelerado, aquilo não era bom. Ela me olhava de uma forma tão serena que até me fez querer conversar com ela sobre tudo o que tava acontecendo, mas não era o momento, então afastei esses pensamentos.
Devagar, me aproximei dela e segurei no seu queixo, quase que encostando totalmente nossas bocas, mas ainda estamos nos olhando.

— Eu sei o que quero com o meu segundo pedido - Digo baixinho.
— O que?
— Um beijo.

Ela sorri e então acaba com a distância entre nós e me beija. Suas mãos pousaram ao redor do meu pescoço enquanto uma das minhas estava no rosto dela e a outra a trouxe mais perto pela cintura.
Como das outras vezes, o beijo estava muito intenso.
Aos poucos fui deitando o corpo e sem parar o beijo ela me acompanhou, ficando por cima de mim.
Usei as mãos para apertar as coxas dela e a senti começar rebolar levemente no meu colo, não demorando até que meu pau ficasse totalmente duro. Eu não conseguia aguentar mais, então parei o beijo.

— O que foi? - Pergunta confusa.
— Quero o meu terceiro pedido.

[ ... ]