espero que você goste de quem eu sou

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𝐿𝑒𝑜𝑛𝑎𝑟𝑑𝑜.
📍 Asfalto Rec – Guarulhos, 04:30 – 15°C ⛈️

Nós tínhamos pedido pizza logo que chegamos e durante a madrugada acabamos sentindo fome, então fizemos uma pausa pra comer. Tínhamos acabado uma música e estávamos quase finalizando outra.
Com ela, o processo era mais demorado do que com o Eco, porque ela tinha uma certa insegurança com o que precisava fazer e querendo ou não, não dominava cem por cento os comandos. Mas eu tava curtindo o resultado, a parceria era boa e isso era o que importava.

— Na moral - Ela diz antes de dar um gole no refrigerante - Você vai ter que pedir pro Paulo me dar uma folga segunda, não vou mesmo conseguir acordar cedo pra vir.
— Eu falo com ele, relaxa - Digo e ela sorri - Mas, antes da gente voltar pra casa, cê vai no shopping comigo.
— Fazer o que?
— Tô querendo comprar um jaco novo e vou aproveitar que cê tá comigo pra me ajudar a escolher.
— Com certeza eu ajudo - Diz animada me fazendo rir.

Ela voltou sua atenção pra pizza enquanto comia concentrada e eu não consegui desviar o olhar dela.
Eu tinha aceitado dar uma chance pra "nós". Pra mim era uma coisa muito complicada, mas no fundo eu queria que desse certo, mesmo sem ter qualquer expectativa sobre, eu queria que funcionasse. Eu queria que ela ficasse feliz e mesmo não gostando de admitir esse tipo de coisa, eu me sentia muito mais feliz estando com ela. O que eu não sabia ainda se era bom ou não, porque se não desse certo, eu também ficaria mal, apesar de dizer que não.

— O que foi? - Pergunta.
— Nada, porque? - Volto a comer.
— Cê ficou mó triste, sei lá.
— Foi nada não.
— Léo ...
— Clara ...
— Não, não, não - Me interrompe - Se você vai mesmo dar essa chance pra gente, você precisa conversar comigo sobre o que sente.
— Não é fácil assim.
— Tenta, ué - Diz como se fosse fácil - Às vezes, a gente pensa que ninguém pode ajudar a gente com os nossos problemas, que ninguém entende e tal, mas ... - Se levanta - Às vezes é só questão de falar. Eu não prometo que posso te ajudar com certeza, mas eu tento.
— Você não pode mesmo me ajudar.
— Então me conta - Senta no meu colo - Eu fico triste com você, aí cê não se sente sozinho.
— Cê é boba demais - A ajeito no meu colo - Mas não quero falar sobre isso agora.
— Mas promete que quando quiser, vai falar? - Me olha nos olhos - Eu tô mesmo preocupada porque sei que tem alguma coisa errada.
— Fica não - Trago o rosto dela pra mais perto e dou um selinho - Depois passa.
— Se me contar, pode passar mais rápido.
— Ô menina curiosa - Digo e ela ri alto, me fazendo rir também.
— Você sabe que eu sou.
— Ninguém nunca te disse que a curiosidade matou o gato?
— Já, mas ele só morreu porque não descobriu o que queria - Fala e eu ri.
— Dessa eu não sabia.
— Tá sabendo agora - Sorri.

𝐶𝑙𝑎𝑟𝑎.
📍Asfalto Rec – Guarulhos, 05:53 – 16°C ☁️

Estava com os fones, encaixando algumas dobras da música. Desviei o olhar do computador por alguns segundos pra olhar pra ele e sorri ao vê-lo me encarando enquanto fumava.

— Que foi? - Pergunto tirando o fone.
— Porque cê se apaixonou por mim?
— Do nada? - Dou risada.
— Só fiquei curioso.
— Ah, é? Que menino enxerido - Falo e ele ri, então arrasto a cadeira pra perto dele.
— É sério véi. Eu não fui muito legal com você no começo.
— Mas agora é - Digo colocando os pés no colo dele - E essas coisas são assim, a gente se apaixona e só percebe quando aconteceu.
E não te incomoda estar com alguém que não sente a mesma coisa que você?
— Não fala assim, magoa - Digo - E obviamente que não é legal, mas não sei bem como explicar.
— Tenta - Me encara.
— Ah Léo. Eu gosto de você, ok. Eu sinto que você gosta de estar comigo, que você se preocupa e quer meu bem. Eu acho que você pode sim gostar de mim, só que tem algum bloqueio, saca? E eu quero entender o que é.
— Então isso é uma experiência pra sua curiosidade? - Pergunta e nós rimos - Cê só quer descobrir o que é esse bloqueio?
— Só, não. Quero descobrir e quebrar ele.
Se você pudesse não estar apaixonada por mim, ia preferir?
— Não sei - Digo sincera - Eu gosto de estar apaixonada, mas é complicado nesse caso, porque você diz que não sente o mesmo.
— Eu digo porque é a verdade.
— E eu não sei porque, mas não acredito - Sorrio fraco - Mas você precisa me deixar tentar.
— Eu vou deixar, mas ...
— Sem mas - Digo - Se topou, tem que me deixar fazer o que eu achar que preciso fazer.
— Tudo bem, mas exatamente o que você vai fazer?
Nada.
— Como nada? - Me olha confuso.
— Se for pra você gostar de mim, tem que gostar de quem e como eu sou - Explico - Eu não vou forçar nada. Você quem tem que se deixar levar.
— Então eu vou fazer todo o esforço? - Pergunta e nós rimos - Você quer que eu me apaixone e não vai fazer absolutamente nada?
— Tô fazendo - Empurro a cadeira pra trás - Sendo eu mesma. E eu espero que você goste de quem eu sou.

[ ... ]


𝙘𝙤𝙡𝙖𝙥𝙨𝙤 🌪️ • leozin mcOnde histórias criam vida. Descubra agora