clima tenso

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𝐶𝑙𝑎𝑟𝑎.
📍 Asfalto Rec – Guarulhos, 19:02 – 26°C 🌑

— Clara - Manu diz entrando no estúdio onde eu estava - Eu tô indo, tá?
— Tá bem - Sorrio.
— Os meninos vão demorar aí?
— Provavelmente - Ri - Tão começando uma música do zero.
— E você tem certeza que não quê que eu espere o Andrade chegar?
— Tenho sim, ele vai me avisar quando tiver aqui e eu abro lá, pode ir.
— Valeu então Clara, até amanhã.
— Até - Sorrio.

Ela saiu e fechou a porta, então voltei minha atenção para o trabalho que estava fazendo antes com o Thiago. Ele estava no outro estúdio com o Léo, Paulo, Vk e o Rocatto, estavam produzindo a última música da mixtape do Léo e eu tinha um horário com o Andrade, então todos nós ficaríamos ali até tarde.
Não demorou muito e o Andrade me mandou uma mensagem falando que estava lá fora, então segui rapidamente pra abrir a porta pra ele.

— E aí Clarinha - Nos abraçando.
— E aí, cê tá bem?
— Bem demais e você?
— Tô bem - Sorrio - Achei que cê não ir vir nunca pra gente gravar.
— Eu disse que ainda esse ano gravava uma com você - Rimos.
— Então bora lá.

Tranquei tudo e então seguimos juntos pelo corredor. Estava quase chegando no estúdio onde eu estava quando a porta do outro é aberta e o Léo aparece ali.

— Cadê seu celular? - Pergunta.
— Ficou aqui, fui lá abrir a porta pra ele - Indico o Andrade.
— E aí mano - Ele estende a mão pro Léo.
— E aí - Retribuí, mas parecia que o clima entre os dois não parecia nada normal.
— O que você queria? - Pergunto me aproximando dele.
— Que você ouvisse minha parte da música, queria sua opinião numa parada.
— Agora neném?
— Por favor - Pede - Precisamos continuar lá. Não dura nem um minuto inteiro.
— Vai entrando aí - Falo com o Andrade - Fica a vontade, tem umas coisas no frigobar, umas coisas no balcão, se quiser comer ...
— Beleza, valeu Clarinha.

Ele aperta levemente meu ombro e sorri, então entra e fecha a porta. Leonardo me olhou e arqueoou a sobrancelha.

— Que que foi? - Pergunto.
— Não gosto desse cara.
— Porque?
— Ah, uma parada aí - Diz - Mas vamo lá, quero ver se cê vai gostar.
— Provavelmente vou - Digo enquanto entramos no estúdio.
— Eu não consigo sem minha Clarinha - Thiago diz afinando ainda mais a voz e faz todo mundo rir.
— É meu neném Thiago, para com isso - Aperto a bochecha do Léo e eles riem mais - Me mostra.

"Trouxe o que cê queria, passei a vista no Visa. Tipo slime, minha baby desliza, ando sem time, não corta minha brisa. Eles tão puto por causa dos lucro só porque minha gang mantém lá em cima. Nóis tem de tudo, congelo seu pulso, só me fala, baby, o que cê precisa. Nossa senhora, BM na estrada, tão rápido, os cop nem viu. Cena embaçada, ninguém entendeu nada, fumando erva de fora do Brasil. Foi sim, minha gang que passou a mil, ela chamou a amiga, já virou um trio. Todo hit estoura tipo barril. Mamacita tão quente, eu nem sinto frio.”

— Eu gostei, mas ...
— Eu disse que falar de trio ia deixar ela brava - Fala.
— Se for a Karine, eu penso - Digo e os meninos riem enquanto ele me encara com um sorrisinho no rosto - Eu tô brincando, Leonardo!
— Eu sei, eu sei - Diz meio desconcertado e eles riem mais.
— Só ia falar pra pôr uns adlibs meio quilks nos primeiros versos da música.
— Resposta ou complemento? - Pergunta.
— Complemento mesmo. Tipo, cê falou visa, brisa e pá. Só repete elas e na parte que cê fala dos cop, como o espaço é um pouco maior, usa um adlib diferente.
— Talvez um fuck cop?
— Isso meu garoto - Digo e ele sorri timidamente - E vai deixando uma linha inteira de dobra com um tune mais grave, solta um Leozin no final mais baixo, coloca na line que fica mais perceptível quando ouve de fone e pá.
— Quando eu crescer quero ter uma namorada assim - Vk diz.
— Sai fora - Léo diz e nós rimos.
— Mais alguma coisa?
— Só isso mesmo - Ri.
— Eu vou lá então - Digo e olho pro Paulo - Andrade tá aqui já.
— Manda bala, qualquer coisa me chama.
— Não vou chamar - Digo.
— É assim que eu gosto - Diz e nós rimos.
— Te amo - Dou um selinho rápido no Léo.
— Te amo. Cuidado lá, viu? - Arqueia a sobrancelha.
— Pode deixar - Ri.

Saí do estúdio fechando a porta e voltei até onde estava, logo dando início a produção com o Andrade.

📍 Asfalto Rec – Guarulhos, 21:57 – 24°C 🌑

Neném ❄️💓

baby

oi neném

vem aqui

agr não dá

pfvr baby
é importante

o que é?

preciso que vc
opine numa coisa

meu amor, agr não dá
pode ser daqui dez minutos?

não baby,
tem que ser agora

mas não dá
eu tô mexendo
com a pentatônica
não tem como parar

por favor

meu amor, não dá mesmo
dez minutos e eu vou aí

tá bom

cê não tá bravo, né?

não

neném 😩
eu tô trabalhando

tá bom Clara
eu entendi

😔

Leonardo estava me chamando o tempo todo. Foram pelo menos cinco vezes em que eu tive que parar o que tava fazendo pra ir lá, mesmo pra ver coisas mínimas e que não precisariam de mim o que me fez pensar que ele só não queria me deixar tempo demais sozinha com o Andrade ou era a questão do ciúme, de achar que eu ia produzir com todo mundo e deixar ele de lado.

— Tá tudo bem?
— Aham - Sorrio e volto o foco pro computador.
— Cê e o Léo namoram?
— Não necessariamente - Ri.
— Ele não me curte muito não.
— Porque?
— Ah, um amigo meu tretou com um amigo dele e o Léo pegou as dor pra ele.
— Sério? - Olho pra ele - Leonardo não gosta de treta nem com ele, quem dirá pegar a dos outros.
— É, mas rolou isso - Diz indiferente.
— Entendi.

Continuei o que estava fazendo e logo paramos pra ouvir, pra ter certeza de que tudo estava se encaixando.
Cerca de quinze minutos depois e tínhamos finalizado. Seguimos lá pra frente e depois que ele fez o pagamento, nos despedimos e ele foi embora. Voltei pelo corredor e a luz do estúdio onde os menos estavam, tava apagada, então entrei.

— Acabei - Digo.
— Deu certo? - Paulo pergunta.
— Aham - Entrego o dinheiro pra ele.
— Amanhã te passo sua parte - Ri.
— Tá bom - Digo indo até o Léo que estava sentado no sofá, mexendo no celular - O que você queria, neném?
— Agora já foi - Diz meio seco.
— Deu certo?
— Aham - Continua olhando pro celular.
— Leonardo, o que foi?
— Nada.
— Meu Deus - Suspiro.

Quando tencionei pegar na mão dele e tentar conversar pra deixar ele mais calmo, ele se levanta bruscamente e vai até o computador onde os outros estavam. Preferi não insistir no assunto pra não deixá-lo irritado, mas não podia negar que aquilo me chateou. Eu tava trabalhando, não podia parar o tempo todo. Mesmo o Paulo sendo amigo dele, ainda era meu chefe e não queria que ele pensasse que eu ia ficar deixando os outros clientes de lado por causa do meu relacionamento e o Léo precisava entender aquilo.

[ ... ]

𝙘𝙤𝙡𝙖𝙥𝙨𝙤 🌪️ • leozin mcOnde histórias criam vida. Descubra agora