Filho da puta

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      Respiro fundo tentando encontrar algo duro o bastante para lhe dizer, algo que o faça parar com essas tentativas de flerte e entenda que nossa relação é estritamente profissional. Mas não vem nada, talvez porque não haja nenhum bom motivo para não dar para esse homem bonito e sexy, a não ser o fato de que perco todo meu autocontrole e isso é perigoso.

— O que você quer, senhor Willmann? - Pergunto após alguns segundos, sabendo que não vai sair nada melhor do que isso da minha cabeça.

— Ah, Katy. Você sabe o que eu quero, assim como eu sei o que você quer. - Ele diz com a voz rouca perto do meu ouvido.

Os pelos da minha nuca se arrepiam de imediato, droga, sou traída por todas as partes do meu corpo.

— Acho que o senhor está enganado. - Retruco e ele ri.

O barman se aproxima para me atender e finalmente ele me dá algum espaço para respirar. Peço uma água gelada e ele vai até o freezer e volta com uma garrafinha, passo o código da minha pulseirinha Vip.

— Pode me dar licença? - Pergunto firme, dando a entender que vou empurrá-lo caso ele não o dê.

Chris se afasta do meu corpo e eu vou empurrando um batalhão de pessoas até voltar para o centro da pista de dança, onde Roberta já perdeu o controle, e está batendo o cabelo como se estivesse na final do DragRace.

Seguro firmemente o seu braço e a puxo para sairmos daquela turba, e ela me acompanha tropeçando nos próprios pés. Não preciso olhar para trás para saber que ele está nos seguindo. Faço Roberta se sentar na escada que dá acesso ao fumódramo e abro a garrafinha.

— Bebe! - Digo colocando o bico nos seus lábios.

Ela olha para cima e ri antes de beber a água. Balanço a cabeça levemente irritada, odeio quando ela decide bancar a criança mal comportada.

— Vai ficar me seguindo? - Pergunto gritando sem me virar para ele.

— Achei que poderia precisar de ajuda. - Ele se aproxima mais ficando ao meu lado.

— Pois pode ir embora. - Pego a garrafa bebida pela metade e começo a beber, tentando me acalmar.

— Uau! - Roberta murmura. — Eu preciso de ajuda com a minha roupa. Você pode tirar ela para mim?

Engasgo com a cantada tosca da minha melhor amiga, Chris dá leves tapinhas nas minhas costas.

— Vamos embora, Roberta. - Digo decidida, já não consigo lidar com este homem sozinha, pior ainda com uma bêbada enchendo a paciência. — Já deu por hoje.

— O bonitão pode ir junto?

— Não, ele não pode. - Seguro em seu braço a ajudando a levantar.

— Posso te deixar em casa. - Diz ele se intrometendo. — Não bebi nada hoje.

Quero gritar e bater os pés, coisa que eu sequer pensaria se estivesse em meu estado normal, não é assim que lido com a raiva. Coloco a mão nas costas de Roberta e vou a empurrando para abrir caminho, ela vacila por um instante e antes que eu a agarre para evitar a queda eminente, Chris me empurra para o lado e pega ela nos braços ao melhor estilo guarda-costas.

— Me segue. - Ele grita acima do barulho da música e começa a andar.

Nem mesmo os mais drogados cometem o erro de ficar no caminho de um homem deste tamanho, as pessoas simplesmente dão dois passos para o lado e o caminho vai ficando livre.

Saímos para fora da boate e ele continua andando, Roberta parece ter desmaiado em seus braços, viramos a rua e descemos metade de um quarteirão até ele parar ao lado do Audi branco.

Anjo Negro [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora