O céu começa a ganhar facetas lilases no horizonte da Oak Street, as pessoas recolhem seus pertences da areia e aos poucos a praia vai ficando vazia.
Pedro retorna do lago com os cabelos loiros pingando água, observo cada gota escorrer pelas linhas bem delineadas de seus músculos e sinto vontade de lambê-las, bem aqui em público.
— Vamos, só uma tentativa de mergulho antes de irmos embora. – Ele chama estendendo a mão para mim.
Entrei na água várias vezes durante a tarde, mas somente o suficiente para cobrir os meus joelhos. Além de não conseguir nadar fiquei imaginando algum ser aquático devorando meus pés sob a água turva.
— Não. – Balanço a cabeça negando. — Já estou totalmente seca.
— Tudo bem. – Pedro dá de ombros. — E um beijo? É pedir muito?
Rio da carinha de cachorro perdido que ele faz e me levanto preguiçosamente, nem me recordo a última vez que dediquei tanto tempo a simplesmente ficar deitada curtindo o momento. Me aproximo devagar e mordo o lábio inferior esperando pela iniciativa dele. Pedro pisca ligeiramente antes de se inclinar na minha direção e me erguer do chão, jogando-me sobre o seu ombro como se eu fosse um saco de batatas.
— Pedro! – Grito rindo. — Me coloca no chão, seu cretino. – Balanço as pernas tentando escapar.
— Devia ter sido mais astuta, gatinha. – Diz ele rindo enquanto me leva em direção a água. — Meu blefe estava mais do que óbvio.
— Eu estou ficando tonta. – Digo ao ver o mundo de cabeça para baixo enquanto sou carregada ao melhor estilo salva-vidas
Dou um tapa em sua bunda sobre a bermuda, aproveitando a proximidade e ele se vinga mordendo a minha que está próxima ao seu rosto.
— Isso vai ter volta. – Resmungo ao entrarmos na água.
Pedro me desce assim que as leves ondulações cobrem a sua cintura, mas me grudo nele como uma trepadeira, abraçando seus quadris com as pernas, assim ficamos cara a cara.
— Você não presta. – Estreito os olhos tentando passar a ideia de que estou com raiva, mas acabo rindo alto.
— Viu, entrou na água e ainda está viva.
— Só porque está me segurando. – Me aperto mais a ele quando seguimos adiante no lago.
— Que tal uma primeira aula de natação? – Ele arqueia a clara sobrancelha e eu nego veementemente com a cabeça. — Eu não vou te deixar afogar, Katy. – Pedro estende a mão e retira os fios de cabelo que caem sobre o meu rosto, os prendendo atrás da orelha.
— Você é a pessoa mais insistente que já conheci.
— Se eu não fosse, jamais teríamos nos envolvido. – Ele esfrega a ponta do nariz junto a minha e sobressalto levemente, chocada demais.
Beijo de esquimó é o tipo de coisa que acontece em filmes de romance dos anos 90 que passam na televisão aberta, nunca nem passou pela minha cabeça fazer isso algum dia, ao contrário de todo tipo de depravação.
— O que eu tenho que fazer? – Pergunto cedendo ao seu pedido.
— Primeiro pare de me sufocar como um polvo. – Diz ele rindo.
Tiro os braços do seu pescoço e seguro em seus firmes bíceps. Pedro me ajuda a deitar de bruços sobre os antebraços dele e me estimula a bater os pés na água.
— As mãos também, Katy. Como se estivesse remando.
Faço como ele pede e ficamos assim por alguns minutos até eu perceber que a pressão do seu corpo contra o meu desapareceu. Cristo, eu estou nadando!
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Anjo Negro [CONCLUÍDO]
RomanceEm um quarto de motel barato, sobre um corpo nu, Katy empunhou a arma, registrando em sua mente a expressão de medo nos olhos da vítima. Enquanto o clímax se espalhava pelo seu corpo, ela disparou, tirando a vida de mais um que segundo o seu julgame...