P.O.V PEDRO
Agora vejo que realmente tem um motivo para ''nunca se envolva com o objeto de sua investigação'', ser a primeira regra que aprendemos no curso para formação de investigadores. Algum outro idiota antes de mim deve ter ficado responsável por investigar uma mulher atraente, talvez ela até fosse uma ruiva de farmácia como essa, provavelmente não tinha os peitos tão bonitos, mas com certeza era gostosa. E imagino que esse outro idiota aí, mandou toda a investigação à merda só pela oportunidade de foder ela. Por que é exatamente o que eu estou prestes a fazer.
Nesse momento sinto compaixão por todos os investigadores que foram designados a investigar mulheres atraentes.
Sim, eu me importo com a morte do meu irmão. O desejo de vingança ainda corre por minhas veias, não sou maluco a ponto de trocar minha família por uma boceta. Mas quando olhei dentro dos olhos dela, os mesmos olhos escuros e ainda sombrios de horas atrás, eu vi algo mais, enxerguei uma pessoa diferente do que ela estava mostrando para mim até então. Consegui um pequeno vislumbre de uma Katy doce e assustada. Uma mulher que com certeza não teria matado o Diego, e sendo bem sincero, todas as provas até o momento a inocentam de qualquer forma.
O ponto então, é: Por que continuar com essa farsa?
Claro que ela pode surtar, e com razão, quando descobrir a verdade. Entretanto, uma nova porta pode ser aberta, a da confiança. E eu quero que Katy confie em mim, para descobrir se somos bons juntos em outra coisa além do sexo e gostar de ler as páginas policiais do jornal.
— Dá para me soltar? - Peço sentindo meus braços formigarem.
Ela estreita os olhos e uma risadinha escapa por seus lábios cheios.
— Você fica sexy assim. - Katy diz se sentando na cama. — Mas não quero ter que amputar seus braços por falta de circulação, gosto quando eles me apertam. - Ela pega a chave no móvel ao lado da cama e abre a fechadura das algemas.
— Assim? - Pergunto rodeando sua cintura com os braços e a puxando para mim, até estarmos deitados frente à frente, com seus seio esmagados contra meu peito.
— É, bem assim. - Ela levanta o queixo mantendo os olhos no alinhamento dos meus. — Então, o que você queria me contar?
Engulo em seco buscando as palavras, estamos próximos o suficiente para ela me dar uma joelhada no saco, então por precaução passo a perna por cima das dela, a imobilizando discretamente.
— Você costuma guardar rancor? - Pergunto protelando o assunto.
— Digamos que eu tenho a memória de um elefante.
— Ai! - Murmuro pensando que minhas chances não são boas.
— Conta logo, Chris. Ou vou achar que é algo pior do que realmente é. - Sua voz é firme, noto que ela não está para enrolação.
— Eu contei uma mentirinha quando nos conhecemos.
— Bom, as pessoas mentem o tempo todo. Não é como se eu precisasse saber toda a verdade sobre você antes fazermos sexo casual.
Ela tem razão, ninguém precisa conhecer outra pessoa a fundo antes de tirar a roupa, só que eu quero mais que tirar a roupa e me afundar nela.
— Eu sei. É que eu não quero manter essa mentira. - Levo a mão até seus cabelos, tirando a mecha que cai sobre seus olhos. — Não posso querer que você confie em mim se eu não sou completamente sincero.
— Bom, eu confio de certa forma. - Ela estreita os olhos para mim. — Transamos várias vezes sem proteção porque você me disse que era praticamente estéril e que não tinha doença alguma. É sobre isso que você mentiu?
Sinto seu corpo ficar tenso em meus braços.
— Não! Por Deus, não. - Esclareço rapidamente e ela respira aliviada. — Não é nada que possa te prejudicar diretamente... pelo menos, não mais.
— Chris, acho melhor você parar de rodeios e me falar logo. Estou ficando nervosa. - Katy tenta se afastar e eu a prendo com mais força.
— MeunomenãoéChrisWillmann. - Digo de uma vez só, tão rápido que as palavras emendam umas nas outras.
— O que?
— Isso é mais difícil do que eu pensei minutos atrás. - Respiro fundo. Foi mais fácil pensar nisso quando os meus nervos estavam todos concentrados em espalhar a sensação do orgasmo pelo meu corpo. — Katy, querida. Eu disse que meu nome não é Chris Willmann.
Ela pisca algumas vezes parecendo confusa e então abre a boca levemente me encarando.
— Qual é o seu nome?
— Meu nome é Pedro Collins.
— Pedro Collins. - Katy repete e percebo que estava ansiando por ouvir meu nome em seus lábios. — De onde você tirou Chris Willmann?
— É o nome do meu pai... quer dizer, do meu pai verdadeiro. - Respiro fundo. — É uma longa história esse lance de paternidade, o ponto que eu quero chegar não é esse.
— Então qual é?
— Porque eu menti. Juro que tem uma explicação muito boa.
— É melhor ter mesmo. - O jeito que ela diz faz soar como uma ameaça.
O sobrenome Collins é tão comum que ela nem faz a associação com o Diego.
— Eu tinha um meio-irmão caçula, o nome dele era Diego. Ele foi assassinado no começo do mês, e não tínhamos pista de quem havia feito isso. Então eu decidi investigar por conta própria e uma ligação no celular pessoal dele para Candy's DecorArt me levou até você. Eu não podia dizer meu nome verdadeiro, pois se você fosse a assassina, poderia nos associar e dificultar a investigação, então usei o nome do meu pai biológico quando entrei em contato com a sua empresa.
— Então nunca existiu um Chris Willmann que precisasse de uma decoradora?
— Bom, você já viu o meu apartamento. - Rio amenizando o clima. — Ele realmente precisa de uma decoradora.
— Não foi isso que eu quis dizer. - Ela tenta se soltar outra vez, e permaneço com meu abraço apertado entorno de seu corpo. — Me solta, Chris... Pedro, ou seja lá qual for o seu nome.
— Eu não vou correr o risco de te deixar fugir, você vai ficar aqui até escutar toda a verdade.
Ela bufa e não dá mais nenhum solavanco para sair dos meus braços, acho que Katy percebe a diferença entre nossas forças.
— Por que uma ligação para minha empresa me tornou suspeita? Várias pessoas me ligam todos os dias e é óbvio que alguma hora elas vão morrer. Eu vou ter que ser investigada todas as vezes? - Ela pergunta exasperada.
— Foi porque ele te ligou no dia da morte dele. Em oito de maio, por volta das nove horas da manhã. É um procedimento padrão investigar todas as pessoas que a vítima teve contato no dia da morte.
Ela franze o cenho confusa, então vejo a luz do entendimento finalmente brilhar em seus olhos.
— Collins... Diego Collins, o ginecologista com quem eu marquei um encontro. - Murmura ela. — Ele é o seu irmão.
— Sim, ele era. - Corrijo.
— Mas isso não faz sentido. Por que você veio atrás de mim e não a polícia? - Ela pergunta confusa.
— Katy... eu sou policial. - Explico e vejo sua pele já branca ficar quase translucida.
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Anjo Negro [CONCLUÍDO]
RomansaEm um quarto de motel barato, sobre um corpo nu, Katy empunhou a arma, registrando em sua mente a expressão de medo nos olhos da vítima. Enquanto o clímax se espalhava pelo seu corpo, ela disparou, tirando a vida de mais um que segundo o seu julgame...