Limites

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P.O.V KATY

Limites! Foi sobre isso que eu passei toda a minha tarde de sábado conversando com o Pedro, e isso o fez bater o pé e bufar como um urso recém desperto da hibernação. Eu preciso de limites para me sentir bem e saber que ainda tenho o controle de mim mesma. Foi por isso que eu lhe informei que dormiria sozinha em meu apartamento, é perfeitamente normal e saudável entre duas pessoas que namoram, mas para ele foi um ato comparável à um cruel ataque terrorista.

Aproveitei o tempo livre e fiz uma noite das garotas com a Roberta, bebemos um bom vinho e colocamos a conversa em dia. Me senti como qualquer outra mulher da minha idade, e não foi entediante para a minha surpresa.

Quando acordo na manhã de Domingo me sinto uma nova pessoa, mais estável, como se houvesse acorrentado novamente o meu demônio interno, não vou surtar outra vez tão cedo. O que aconteceu na cobertura naquela fatídica segunda-feira já é assunto superado para mim.

Roberta está com meu celular em mãos e rindo como uma idiota quando saio do banho.

— Devo me preocupar? – Pergunto atraindo sua atenção e ela balança a cabeça negando.

— Seu namorado está com saudades. – Ela me informa e estica os braços se espreguiçando.

Após o vinho acompanhado de fofocas a convidei para dormir aqui, me sinto meio idiota agora que penso que só meninas de quinze anos chamam a coleguinha para dormir em casa.

— Foi o que ele falou? – Não escondo minha curiosidade, Pedro nunca usou esses termos comigo.

— Na verdade ele foi mais criativo. – Ela ri me estendendo o celular.

— Roberta! – Exclamo entredentes ao ver a criatividade do Pedro. — Não acredito que você viu uma nude do meu namorado.

— Ver não tira pedaço, boba.

— Mas é estranho, sua demente. – Arremesso um travesseiro nela e retiro a toalha dos cabelos, pensando em enforcá-la com ela.

— De onde veio esse ciúme todo, Katy Alyson? – Roberta estreita os olhos para mim.

— Não é ciúme. – Rolo os olhos e vou para o closet querendo evitar contato visual. — Só não quero que minha melhor amiga saiba como é o pau do meu namorado. – Explico passando a mão pelas roupas a procura de algo mais adequado para o almoço na casa do Will.

— Mas agora eu sei. – Diz ela vindo atrás de mim. — Fica tranquila, não vou ficar comentando sobre. – Ela ri e se senta no puff no centro do estreito closet. — Só quero que saiba que eu sou aberta a ménage.

— Roberta McPierson! – A ameaço apontando o salto de um Louboutin para ela.

— Sabia que sentia ciúmes dele. – Conclui ela em tom de acusação.

— Ah, pronto. Só me faltava essa. – Decido lhe ignorar e pego um vestido solto e lilás.

— Você não vai usar isso, né? – Ela arqueia a sobrancelha para mim.

— Eles vão fazer hambúrguer na churrasqueira, o que mais eu posso vestir para uma ocasião dessas?

— Algo que marque presença. O Pedro vai adorar exibir a namorada gostosona e todos vão dizer que ele é o americano mais sortudo desde que aquele feioso do Kennedy teve um caso com a Marilyn Monroe.

Isso conquista meu espirito narcisista, tenho até o vestido realmente ideal para atrair olhares.

— Ele não é americano. – A corrijo, apesar de ter gostado da ideia. — É sueco.

Anjo Negro [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora