Reunião intimista

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P.O.V KATY

A sensação que eu tenho é de que estou afogando, água entra pelo meu nariz e garganta e alguém continua empurrando minha cabeça para baixo, impedindo-me de voltar a superfície. O caminho da cobertura dele até meu apartamento é uma tortura, morro mil vezes até estacionar na garagem. Pego Ash que até então dormia alheia sobre o banco do passageiro e a coloco dentro da bolsa, ela mia várias vezes até chegarmos ao elevador. Coloco minha mão dentro da bolsa e acaricio a sua pelagem até ela fazer silêncio.

Como ele pode fazer isso comigo?

Estávamos bem, já me sentia prestes a aceitar o fato de que gosto de transar com ele mais do que com qualquer outro, e poderia dar um jeito de fazer nosso sexo casual se prolongar por mais algum tempo. Mas não, ele tinha que pegar o maldito violão e cantar com aquela voz rouca a música mais melosa dos últimos tempos, enquanto seus olhos me encaravam com aquele tom de caramelo quente e viscoso prestes a derramar em mim.

Não, eu não posso... jamais poderei.

O que iria dizer para ele sobre o que fiz nos últimos anos e ainda sinto vontade de continuar fazendo? No mínimo ele chamaria a polícia para mim, é o que qualquer pessoa normal faria, tirando a Carmen e a Roberta que sempre viram isso de uma outra forma.

Ele é bom, com um passado fodido sem dúvida, mas ainda assim, uma pessoa boa. Tenho bastante consciência para não arrastá-lo para o meio do que eu faço, é covardia com alguém que está tentando a cada dia dar o seu melhor.

Que droga!

Me odeio um pouco mais nesse momento por ter levado isso tão longe a ponto de me importar com que acontece com Chris Willmann. E principalmente me importar com o que ele pensaria de mim. Tudo bem ser apenas a safada gostosa aos olhos dele, contudo, alguém desprezível, assustadora, ou pior ainda... digna de pena, é algo que não quero parecer.

Entro em meu apartamento e passo como um raio por Alba que me diz bom dia enquanto aspira o sofá da sala. No meu quarto retiro Ash da bolsa e ela me encara com os pequeninos olhos verdes.

— Esse é o problema querida, quando você não controla a situação ela cai na sua cabeça com o peso de uma marreta. - Confesso a ela. — Não preciso fingir para você, não é? - Pergunto a levantando para esfregar meu nariz no seu. — A culpa é minha, se eu não tivesse tão entediada nas últimas semanas jamais teria caído no charminho daquele loiro besta.

Uso o restante da semana para me reestabelecer, não ligo para ele, peço para Jane entrar em contato e informar que tive um imprevisto. Me dedico integralmente na obra dos Lermann e no sábado de manhã entrego à eles a casa dos sonhos. Nathalie me esmaga em um abraço que só relevo por causa do cheque gordo que seu Sugar Daddy ou seja lá o que ele é dela, me entrega.

A noite me arrumo para ir à Woustters, e enrolo por quase duas horas andando de um lado para o outro no apartamento, não quero correr o risco de encontrá-lo. Então ligo para um casal conhecido, os Ezcallone, são ítalo-americanos, bonitos e ricos. Pergunto se eles estão disponível para algo, e sou convidada a comparecer a uma reunião intimista que acontecerá em algumas horas em sua residência particular.

Eles frequentam a Woustters, aliás foi aonde os conheci, mas não posso ser tão azarada a ponto de encontrar com o Chris na casa deles.

Me despeço de Ash com um beijo na sua cabeça peluda, agora ela está limpinha, cheirosa e vermifugada ostentando um lindo laço vermelho no pescoço. Ela é uma boa companhia, tudo que conto a ela sei que vai permanecer para sempre em segredo, Ash faz até mesmo a Alba rir quando começa a correr atrás do fio do aspirador.

Anjo Negro [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora