Anjo Negro [CONCLUÍDO]

Primeiro contato

Fico me perguntando se cada pessoa que passa por mim, pode ser alguém que saiba o que já fiz no passado, disposto a vingar alguma morte ou estranhamente me agradecer por ter matado. As palavras da Erika ficaram gravadas em minha mente, apesar das suspeitas, dou razão ao Pedro, eu também teria agradecido de joelhos à qualquer um que matasse o Malcon Grant e o retirasse para sempre da minha vida naquela época.

Preciso conversar com a Erika, colocar as cartas na mesa, dizer que eu fiz sim o que ela já sabe, e esperar a verdade por parte dela, essa será a única forma de acalmar meu coração. No entanto, hoje não é o dia para isso, já passamos por tantas coisas tenebrosas seguidas, que merecemos uma espécie de vale-presente.

Pedro e eu decidimos fazer algo como um casal normal, Sol e Zayn vão sempre ao cinema, é o passatempo favorito dos dois. Queremos algo assim, uma coisa que nos coloque no mesmo patamar em que todos os outros apaixonados, sem pessoas nos perseguindo e jurando nossa morte, uma noite apenas para nós dois. É claro que isso foi ideia dele, bom, eu avisei que sou péssima nisso de amar, mas para a minha sorte ele compensa por nós dois, e eu concordei, porque me pareceu uma ideia maravilhosa.

O carro estaciona na porta do prédio de esquina, no qual alugo a sala do meu escritório. Escolhi essa localização pois ela sempre me passou um charme parisiense, com todos os edifícios de baixa estatura e a rua arborizada. Pedro me trouxe porque precisei deixar o carro na revisão. É sempre bom checar os freios e coisas do tipo, ainda mais quando um assassino a solta pode usar qualquer meio para dar fim a sua vida.

— Certeza que não precisa vir te buscar? – Ele pergunta novamente.

— Não, preciso de um momento garotas com a Roberta. – Explico. — Vamos comprar algo sexy para eu vestir hoje à noite, e quando eu estiver pronta, te ligo.

— Algo sexy. – Ele repete, com um sorriso malicioso brotando no canto dos seus lábios.

— Talvez um pouco de renda, ou couro. – Digo, para criar uma imagem na imaginação dele. Quero que fique pensando em mim pelo resto do dia.

— Quem sabe os dois. – Sugere ele.

— Quem sabe. – Concordo e me inclino sobre o banco para beijá-lo.

Pedro segura a parte de trás da minha nuca e aprofunda o beijo, enroscando a língua na minha, me dando uma amostra do que faremos mais tarde. Começar um dia de trabalho nunca foi tão bom quanto hoje.

Me afasto sem fôlego, e encosto as costas na porta.

— Você vai acabar tirando o que me resta de sanidade, Katy Alyson. – Diz, ele parecendo tão afetado quanto eu.

— Convenhamos Pedro, só pelo fato de estar comigo já demonstra que você não é nada são. – Brinco, lhe arrancando uma gargalhada, que para instantaneamente, como se ele tivesse visto um fantasma. — O que foi? – Pergunto, olhando em volta, para ver o que lhe roubou a atenção.