Vasculho o closet a procura de alguma roupa de banho que cubra a maior parte das marcas de chupões, mordidas e tapas espalhadas sem simetria alguma pelo meu corpo. Tomo nota para pegarmos mais leve se eu quiser voltar a usar biquínis algum dia, acabo entrando em um justo maiô preto que não é de grande ajuda.
Eu não deveria sair a lazer durante a semana, há uma pilha de coisas a serem feitas na empresa. Jane da conta de manter as coisas organizadas, não de executar o serviço de fato. Entretanto, como a maior parte do trabalho tem relação com a obra na casa dele, acho que o meu cliente não irá reclamar muito caso haja um leve atraso.
Coloco alguns itens essenciais numa bolsa de palha, após vestir um leve vestidinho branco. Com certeza seremos os únicos habitantes de Chicago no lago disputando espaço com turistas.
Saio do apartamento faltando cinco minutos para o meio-dia, é tempo suficiente para descer as escadas agora que estou usando rasteirinhas. Ao chegar no saguão do prédio coloco os meus óculos de sol retrô e vejo através das portas de vidro o seu carro estacionado frente à calçada. Respiro fundo para não demonstrar tanta empolgação ao sair, mas minha determinação desaparece quando ele desce do carro prontamente para abrir a minha porta.
Fico na ponta dos pés para lhe dar um breve selinho, mas nada com esse homem consegue ser singelo e delicado. Pedro enlaça a minha cintura com o braço e me puxa para cima, compensando a nossa diferença de altura, seus lábios são exigentes, me fazendo corresponder da mesma forma, enlaçando minha língua a sua, e tenho certeza que estamos dando um breve showzinho em plena luz do dia.
— Pedro! – Murmuro rindo contra a boca dele. — Vamos ser presos por atentado ao pudor.
— É fácil demais perder o controle com você, Katy. – Diz ele à meia voz, como se estivesse me confessando uma fraqueza secreta.
Sou devolvida à segurança do chão e entro no carro, não sem antes levar um estalado tapa na bunda.
— Você se importa se fizermos uma parada antes do almoço? – Ele pergunta ao entrar no carro.
— Não. Aconteceu algo?
— Meu pai pediu para buscar uma encomenda para ele. É coisa rápida, só vou porque meu velho está atolado de provas e trabalhos para corrigir com as férias de verão chegando.
— Professor de história, né? – Pergunto só para confirmar se eu decorei a informação que ele me dera dias atrás.
— Isso aí. – Ele pisca para mim pelo retrovisor.
Não levamos muito tempo até chegarmos à uma loja de materiais esportivos, no caminho pergunto a ele como é ter um pai professor. Recebo algumas histórias engraçadas de como ele fazia para conseguir aprontar na escola sabendo que o pai estava na sala ao lado. Imagino um Pedro adolescente, alto e loiro, causando comoção em meninas no auge da explosão hormonal.
Ele estaciona o carro na esquina e digo que ficarei, já que não deve demorar muito. Ligo o rádio e fico cantarolando uma música da Rihanna que toca, entretida.
O barulho de algo caindo no banco ao meu lado atrai a minha atenção viro a cabeça no mesmo instante em que uma fumaça fraca começa a sair de algo parecido com uma latinha de Coca. Abro a minha porta e pulo para fora num ato instintivo, meu coração martela nos ouvidos.
Que droga é essa?
Olho em volta procurando de onde possa ter vindo e vejo apenas alguém correndo rua abaixo à uma enorme distância, usando um moletom preto com o capuz sobre a cabeça. Nem fodendo um ser humano usa um moletom completo no final da primavera com os termômetros subindo desse jeito no sol a pino, se não quiser esconder algo.
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Anjo Negro [CONCLUÍDO]
RomanceEm um quarto de motel barato, sobre um corpo nu, Katy empunhou a arma, registrando em sua mente a expressão de medo nos olhos da vítima. Enquanto o clímax se espalhava pelo seu corpo, ela disparou, tirando a vida de mais um que segundo o seu julgame...