P.O.V KATY
Prefiro não ligar para o Pedro contando sobre as fotos, não quero que ele pense que sou fraca ou que irei correr para ele assustada a cada sinal de fumaça. Tenho me protegido sozinha há muitos anos, voltarei a andar com a arma na bolsa torcendo para conseguir pegá-la a tempo caso alguém tente algo outra vez. Essa é a minha luta, estou nela há tempos, tolice foi a minha achar que os fantasmas do passado nunca viriam atrás de mim.
Na manhã seguinte acordo e me arrependo de imediato, enquanto estava em sono profundo não conseguia sentir a cólica dilacerante me dando bom dia. Me sento na beirada da cama gemendo de dor e reúno as fotos que fiquei analisando até altas horas da noite, tentando me recordar se havia visto alguém suspeito na praia. Mas é óbvio que até o próprio Jack Estripador poderia ter passado por lá sem que eu o reparasse, estava absorta demais. Um outro problema que terei de corrigir, preciso ficar mais atenta à minha volta.
Essa pessoa pode estar me seguindo há muito tempo, talvez desde o pane nas câmeras de segurança do apartamento. E se ele sabe tanto sobre mim e ainda não pediu dinheiro em troca de sigilo, com certeza é parente de algum daqueles porcos em busca de vingança. Percebo que o aviso de "eu vi" nas fotos não é sobre o meu dia na praia, a pessoa está dizendo que viu algo que eu fiz no passado... um dos assassinatos.
Paro de remoer essa história e me levanto para encarar um novo dia, não vou ficar escondida na cama, se ele quiser me pegar que venha.
Me reúno com um casal que quer transformar o antigo cômodo de guardar bagunças num quartinho para o bebê que eles vão ter. Parker, a mãe do bebê me passa um relato detalhado da sua gravidez enquanto eu rolo os olhos internamente, até parece que saber quantas vezes ela vomita vai me ajudar com o trabalho. Já estou acostumada, fiz dezenas de quartos para futuras mães, e sei que elas são todas entediantes. Não sou como as outras mulheres que olham uma barriga inchada e pensam no "milagre da vida", imagino os custos, o choro, as fraldas sujas e em como criar um ser indefeso num mundo caótico e podre como o que vivemos.
É o tipo de coisa que não demora muito depois que ela cala a boca, tiro medidas, analiso o ambiente, anoto as preferências deles e fechamos acordo para que eu comece em quinze dias, o tempo suficiente para terminar a decoração na casa do Pedro.
Adoro montar quartos infantis, tirando as mães falantes, tudo é fofo e delicado, nem parece que terei todo meu trabalho arruinado quando o catarrento nascer e começa a riscar as paredes com giz de cera.
Saio do elegante apartamento e vou direito para o escritório, preciso rascunhar o projeto e lá tenho todo o aparato que preciso. Antes de descer do carro pego a arma no porta-luvas e coloco na bolsa, me preparando para qualquer eventualidade.
Sou recebida por Jane e sua expressão de papelão que nunca diz nada, ela apenas me encara sobre a enorme armação de seus óculos de grau antes de voltar a escrever num bloco e folhas.
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Anjo Negro [CONCLUÍDO]
RomanceEm um quarto de motel barato, sobre um corpo nu, Katy empunhou a arma, registrando em sua mente a expressão de medo nos olhos da vítima. Enquanto o clímax se espalhava pelo seu corpo, ela disparou, tirando a vida de mais um que segundo o seu julgame...