O dia está quente e úmido, bem como deve ser o verão, há pessoas demais no pequeno quintal da Maite, mas ninguém parece se importar muito com a falta de espaço. Uma das mães traz uma piscina inflável e isso parece manter as poucas crianças ocupadas, os adultos bebem e comem tudo que é colocado sobre a mesa de piquenique montada junto a churrasqueira.
As mulheres são gentis demais, de um jeito que me deixa meio sem graça, não sei como reagir a bondade desinteressada, algumas delas são policiais, inclusive uma das mais bonitas, uma mulher negra com o corpo bem desenhado sob o jeans apertado. Ela esteve um tempo conversando com o Pedro do outro lado do quintal, acho que falavam de mim, pois frequentemente olhavam na minha direção.
Se não fosse por Belinda eu estaria totalmente alheia a tudo, em um momento ela se afasta para cuidar de um dos pestinhas gêmeos, que nunca sei diferenciar e Maite se aproxima com um copo de suco para mim.
— Imagino que não beba refrigerante. – Diz ela, dessa vez sem o tenebroso avental sujo de molho.
— Tento evitar o máximo possível. – Informo e beberico um pouco do suco.
— Sei que não nos damos muito bem lá na academia, mas quero me aproximar de você. – Começa ela, me deixando realmente surpresa. — O Pedro é o melhor amigo do meu marido, e é meu amigo também. Se ele gosta de você, tentarei passar por cima de qualquer desavença que possamos ter.
— Maite, não precisa gostar de mim. – Digo simples e cruzo as pernas. — Eu sinceramente não me importo com o que as pessoas pensam ao meu respeito. Sei que sou rabugenta e esnobe, e vou continuar sendo, não é um tratamento que eu use exclusivamente com você.
— Acho que posso tolerar sua rabugice se tolerar o meu sangue esquentado de latina. – Diz ela estendendo a mão para mim. — Não precisamos ser melhores amigas, apenas conviver sem sair nos tapas pela amizade de nossos homens.
— É uma boa proposta. – Digo apertando a mão dela com firmeza. — Pensei que era hispânica. – Comento para puxar conversa e também porque me deixou curiosa.
— Meu pai é argentino e minha mãe colombiana, eles se conheceram num festival de dança na Espanha e eu nasci lá. – Explica ela e eu balanço a cabeça admirada, pelo visto dançar é o lance da família dela. — Coma alguma coisa, não precisa ficar constrangida, todos aqui são amigos e cozinharam com muito carinho.
— Obrigada, vou comer sim. – Concordo olhando para a mesa de piquenique, realmente fiquei com vontade de provar um prato ou dois dos que vi expostos.
Ela se afasta e eu a acompanho com o olhar, Maite é uma mulher linda de pele bronzeada e traços marcantes. Acho que poderei gostar dela agora que demonstrou respeitar o meu espaço e personalidade.
Não fico sozinha por muito tempo, logo a policial que conversava com o Pedro se senta na cadeira desocupada ao meu lado.
— Katy Alyson. – Diz ela em tom de afirmação e eu me viro para ela.
— Está em vantagem, pois ainda não sei o seu nome.
— Louise. – Diz ela sem maiores enrolações. — Sou uma pessoa bem simples, e geralmente elogiada pela minha sensatez, então não vou me demorar. – Louise continua abaixando o tom de voz, até começar a parecer que irá me confidenciar um segredo. — Eu sou amiga do Pedro, nos conhecemos na academia de formação para policiais. Ele é o mais próximo que tenho de uma família aqui em Chicago, conheço todos os parentes dele e também conhecia a ex-mulher.
— A Jesy. – Digo demonstrando que já conversei sobre a falecida com o Pedro, mas Louise parece não se surpreender.
— Ele me disse que contou tudo para você, e estou interessada no que a manteve junto a ele mesmo após saber a verdade.
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Anjo Negro [CONCLUÍDO]
RomanceEm um quarto de motel barato, sobre um corpo nu, Katy empunhou a arma, registrando em sua mente a expressão de medo nos olhos da vítima. Enquanto o clímax se espalhava pelo seu corpo, ela disparou, tirando a vida de mais um que segundo o seu julgame...