P.O.V Katy
Sou apaixonada pelo meu trabalho porque ele reside na beleza, nada parece tão ruim quando ostenta uma ótima aparência, é por isso que dou o meu máximo na organização do jantar de aniversário do Pedro. Se tudo pelo menos parecer perfeito, talvez todos nós conseguiremos esquecer por algumas horas que daqui a três dias estaremos depondo na audiência de instrução de julgamento da Jesy, pelo assassinato da Ana.
Dediquei meu dia a isso, escolhendo uma boa decoração para a mesa, um cardápio especial com o Thomas e a organização da casa, que estava um desastre após ser cuidada unicamente pela Sol e o seu baixo senso de higiene. Quando a Alexia e o Victor retornaram de Boston ao final da tarde, tudo já estava em seu mais perfeito estado, então apenas os mandei para o banho e pedi que deixassem o resto em minhas mãos. Se estivéssemos nos anos 50 eu faria isso todos os dias, ainda bem que não estamos, assim posso fazer isso uma única vez e esperar o meu lindo namorado na porta com um verdadeiro sorriso no rosto.
Uso o antigo quarto dos garotos para me arrumar, fico pensativa quando estou entre essas quatro paredes. Um dia existiu dois Collins crianças que não eram os melhores amigos, mas que se amavam como irmãos se amam, até a Jesy acabar com isso por causa de uma vingança cruel. E o mais estranho disso tudo é não conseguir responder se eu teria conhecido o Pedro mesmo sem a morte do Diego, gosto de pensar que sim, tínhamos amigos em comum e frequentávamos a Woustters e o Domas. Ainda assim, não consigo evitar a consciência pesada por ser feliz quando toda essa tragédia aconteceu na família de quem eu mais amo.
Alguém bate na porta levemente, e eu digo que pode entrar, ver o rosto do Victor me surpreende. Ele sempre foi um cavalheiro comigo, mas nunca tivemos uma longa conversa a sós.
— A Alexia está indecisa entre azul e marrom. – Ele murmura apontando para trás, onde fica o quarto deles.
— Ah, ela fica bem com qualquer cor. – Comento com uma risadinha.
Poucas são as mulheres que conheci na idade dela que me deixam admirada, não só pela beleza conservada, quanto pela personalidade de comandante que sabe o que dizer e fazer.
— Tentei dizer isso a ela. – Victor nega com a cabeça e entra no quarto, encostando a porta outra vez. — Você está bem também. – Ele me elogia e suas bochechas morenas ficam avermelhadas.
— Obrigada, o senhor é um gentleman. – Agradeço. — Agora sei a quem o Pedro puxou.
— É, ele é um bom homem. – Victor murmura e se senta na beirada da cama de solteiro, mantendo a cabeça baixa. — Eu não sou muito falante, deixo toda a conversa para a Alexia e ela se encarrega bem disso.
Algo no jeito carinhoso que ele chama a esposa de "tagarela" me faz ter vontade de rir, acho que isso é amor verdadeiro, conseguir gostar até das coisas que te irrita no outro.
— Sabe, as pessoas dizem que nós não devemos ter filhos favoritos, e você vai ouvir muito isso quando tiver os seus, mas é impossível. – Ele começa, com um tom melancólico, e eu me sento ao seu lado para escutar. Nem mesmo o contradigo dizendo que o Pedro e eu não teremos filhos, ele pode viver com essa fantasia de ser vovô um dia. — Eu amo todos eles igualmente, o jeito da Sol ser impetuosa como a Alexia, a forma como o Diego era apegado à nós e solicito com as nossas necessidades, mas com o Pedro é diferente, ele é especial. Quando eu os conheci não posso dizer que a Alexia me conquistou à primeira vista, ela era uma mulher muito difícil, e ainda é. – Ele ri, negando com a cabeça. — O garotinho foi quem me fez insistir, ele precisava de um pai. Essa foi minha missão por muito tempo, ser o pai do Pedro, e queria dizer que fiz isso bem, mas não sei se lidei com os problemas da melhor forma, a bebida, a carreira na polícia e aquela mulher pareciam matar aos poucos a pessoa que meu filho era. Eu achei que nunca mais ia ter meu Pedro de volta, e daí você chegou nas nossas vidas e trouxe meu filho para fora daquele lugar escuro que era a própria cabeça dele. – Victor levanta a cabeça para me olhar nos olhos e estende a mão para segurar a minha. — O que eu quero dizer, é obrigado, Katy. Você é muito bem-vinda na nossa família, como uma filha, porque você é especial e faz um bem danado para o meu filho.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Anjo Negro [CONCLUÍDO]
RomanceEm um quarto de motel barato, sobre um corpo nu, Katy empunhou a arma, registrando em sua mente a expressão de medo nos olhos da vítima. Enquanto o clímax se espalhava pelo seu corpo, ela disparou, tirando a vida de mais um que segundo o seu julgame...