Gostosuras ou Travessuras?

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P.O.V Katy

Outubro se vai rapidamente, deixando apenas um rastro de folhas amarelo-alaranjadas e o vento frio cortante do outono. Geralmente é minha época favorita do ano, toda a decoração de Halloween exposta nos quintais, pessoas fantasiadas na rua e uma imensa quantidade de doces sendo oferecidos como cortesia em qualquer loja que se preze. Mas agora o clima pessoal parece mais sombrio que a data, a primeira audiência da Jesy foi marcada para daqui uma semana, três dias após o aniversário do Pedro. Imaginamos que ela será condenada pelo assassinato da Ana, pois a polícia tem todas as provas de que foi ela, o que nos resta agora é esperar que os outros dois crimes sejam levantados e punidos nessa sessão.

Seria o presente perfeito para os trinta e cinco anos do Pedro, ver ela finalmente atrás das grades com uma sentença prisão perpétua num presidio de segurança máxima. Estive me preparando para depor com a ajuda dele e a do Will, eles me ensinaram o quanto a promotoria pode ser insistente, e tento que me esquivar ao máximo para que não achem nada de suspeito em mim. O pobre Will não faz ideia do quão perigoso pode ser se descobrirem algo sobre a minha vida, mas ele se contenta com a explicação do Pedro de que não quer me ver vítima de um sistema judiciário incompetente.

Eles me fazem perguntas direcionadas, e algumas que dão possibilidade para outras interpretações, eu respondo aquilo que pedem, nada de improvisos pois eles tendem a ser julgados como mentiras.

A sala da casa no lago se tornou uma confusão de caixas de piso e réplicas de provas que podem ser apresentadas na audiência. Até mesmo o Pedro passa pelos questionamentos, pois a Jesy pode muito bem tentar jogar a culpa para cima dele.

Quando não estamos bancando a Olivia Benson em Law & Order, os dois me servem de empreiteiros, demolindo tudo que eu marco com um X, assim andamos mais rápido na reforma da casa, eu não faço muita coisa além de dar as ordens, muitas vezes por Skype. Meu tempo é corrido, entre o escritório e as gravações no programa da Erika, acabei deixando o projeto da casa nas mãos do Pedro, ele até me agradeceu, disse que assim não se sente inútil. Sei que é o desejo dele voltar logo ao trabalho na polícia, vejo isso toda vez que ele e o Will começam a conversar sobre casos antigos, o apoiarei sempre, mas não posso dizer que não sinto medo, é um serviço arriscado.

No último dia do mês bancamos as babás a pedido da Alexia que viajou para Boston com o Victor para cuidar de uma tia enferma dela. A sol decidiu dar uma festa a fantasia em casa com os amigos de escola, que em sua maioria se mudaram para começar a faculdade, enquanto ela espera nada pacienciosamente na lista de espera das que se inscreveu. Ela não é nenhuma criança, sabe muito bem se cuidar, mas não julgo a Alexia, ela já perdeu um filho, é normal proteger a caçula, ainda mais contando que essa tem uns parafusos a menos.

A ajudei com a decoração da festa, enquanto o Zayn ficou por conta das comidas e bebidas, que originalmente seriam por conta do Pedro, mas ele deu um sermão paternal na Sol falando sobre o consumo de álcool na adolescência. Se algum dia tivéssemos filhos acho que eu seria a mãe legal que permite tudo, e ele se incumbiria do papel de pai carrasco, é até engraçado imaginar isso, desde que fique somente na imaginação.

Prendo o último fitilho no teto e desço da escada sentindo meus braços doerem, fiz tudo sozinha enquanto minha querida cunhada desfilava de um lado para o outro com o celular em mãos digitando mais rápido do que uma máquina.

— Todos estão confirmados, Katy. – Ela comemora vitoriosa, e se joga no sofá que afastamos para o canto da sala. — É tão bom ter você como cunhada, e não aquela velha chata da Jesy.

Muito provavelmente estou sendo elogiada como um passe livre para ser mais explorada ao longo da noite, mas gosto mesmo assim.

— Você não vai se arrumar? – Ela pergunta, me encarando. — É uma festa fantasia. – Sol sinaliza passando a mão pela sua roupa de Chapeuzinho-Vermelho sensual... agora entendo porque ela fez questão que o Victor acompanhasse a mãe na viagem.

Anjo Negro [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora