O Julgamento

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P.O.V Pedro

Os três dias que nos separam da audiência de julgamento da Jesy passa num piscar de olhos, concentramos nossa força tarefa em nos prepararmos para as perguntas da promotoria, de forma que o foco não recaia sobre a Katy e eu. 

No tribunal, abraço aos meus pais antes de ir me sentar no banco das testemunhas, eles assistirão a audiência de instrução de julgamento porque precisam saber que o que a Jesy nos fez será punido. Não quero tirar deles esse direito, mas ao mesmo tempo me preocupo, já vi o bastante da justiça para saber que nem sempre o resultado é o que esperamos.

Minhas mãos soam de nervosismo, tenho em mente que isso pode não acabar hoje, e mais uma vez estarei há um passo de me livrar da Jesy. 

Ao meu lado, no espaço destinado às testemunhas, estão o médico da Ana, o chefe de segurança do hospital e a chefe dos enfermeiros. Segundo consta nos autos do processo, todos nós iremos testemunhar hoje, a não ser que algo motivo de força maior impeça. Nos bancos do outro lado estão a Marion, Sam, Will e Marlon como peritos e assistentes da lei. Katy está sentada atrás de uma das duas mesas centrais, acompanhada pelo promotor público, na frente do juiz. Ela me parece calma, usando branco da cabeça aos pés, como um anjo inocente, ideia do Will. A construção visual de uma mocinha indefesa ajuda muito a não levantarem nenhuma acusação.

A juíza lê os trâmites exigidos e dá por iniciado o julgamento, apresentando o processo aos envolvidos e ao público presente.

— Passo a palavra para a promotoria. – Ela encerra sua parte introdutória, ficando agora em segundo plano.

Já vi essa cena várias vezes como policial e uma vez como acusado, mas nenhuma delas me preparou para esse momento. Não estou fazendo meu trabalho ou torcendo para não ser condenado, cada palavra é importante, pois será a conclusão de uma história, a parte ruim da minha vida, a que eu quero trancar no fundo de uma cela fria e escura junto com a Jesy.

O promotor se levanta, ajeitando o paletó, então se encaminha até o centro do espaço entre as duas mesas, garantindo que seu olhar passe pelas testemunhas, os peritos, o juiz e o público.

— Estou representando o estado de Illinois, apresentando as provas do referido crime, ocorrido no dia vinte e oito de setembro deste ano, sobre o qual o júri irá deliberar e apontar a réu, Jesy Santana Collins, como inocente ou culpada. – Ele suspira, e então passa a mão sobre os cabelos castanhos antes de continuar. Ouvir o nome dela associado ao da minha família me deixa com asco. — Hoje iremos cumprir nossos deveres como cidadãos americanos, apresentado as provas do assassinato da senhora Ana Stewart, garantindo assim que haja justiça sobre este caso. Para tal, solicito que o primeiro perito se apresente ao tribunal. Marion Jones, Capitã do primeiro distrito policial de Chicago.

Ela se levanta, usando o uniforme completo da polícia. Cumprindo o requisito que conhecemos de cor, Marion saí do banco dos peritos e se senta à esquerda do juiz. Leva um minuto inteiro até que ela endireite o microfone da bancada e jure sobre a bíblia cristã.

— Capitã, poderia confirmar os seus dados para que seja documentado na ata do processo? – O promotor pergunta e ela assente.

— Meu nome é Marion Jones, moro em Chicago, Illinois, e sou capitã do primeiro distrito policial de Chicago. – Diz ela, com a voz firme e clara, bem diferente do tom ranzinza que usa comigo.

— Como vossa senhoria tomou conhecimento do caso de assassinato da senhora Stewart? – Ele pergunta, parado em frente a bancada dela.

— No dia vinte e oito de setembro estava cumprindo meu horário de serviço como consta os pontos assinados do distrito, quando a senhorita Alyson me procurou, acompanhada pelo seu parceiro Pedro Collins, para efetuar a denúncia de que havia presenciado o assassinato da senhora Stewart. – Marion informa, então respira fundo, inflando sua farda bem composta.

Anjo Negro [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora