Capítulo 57

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 Ora, ora, ora... Por qual motivo meu amado teria subitamente encerrado um beijo tão ardente para sair correndo de cima do colo do homem que tanto o venera? - perguntou Bai Renshu de maneira cínica.

Wen Ning, que se mantinha a vários metros de distância com o rosto oculto entre as mãos e o seu hanfu sobre o colo, estava tão envergonhado, que nada conseguiu dizer.

Percebendo isso, Bai Renshu tornou a provocá-lo:

 E porque será que ele cobriu seu próprio seu colo com o hanfu e está mantendo oculto o seu belo rosto com as mãos? Acaso meu General Fortinho só descobriu agora o tamanho de sua própria... "potência"?

Ainda mantendo seu rosto oculto, Wen Ning respondeu em sua voz abafada:

 Pe-pe-pe-pelo me-e-esmo mo-mo-motivo que você ta-tam-be-bém de-deveria co-co-brir o seu!

No mesmo tom cínico, Bai Renshu continuou dizendo:

 Oras, mas eu não tenho um hanfu! Me empreste o seu, então...

— NÃO! - respondeu o desesperado Wen.

 Ora, ora, ora... mas que amor eterno mais indeciso é esse que eu tenho! Não quer que eu mostre meus dotes, mas também não quer que eu os esconda...

— Eu que-que-quero si-sim que você es-co-co-conda!

— Bem... mas você já está usando o hanfu, então não tenho como escondê-lo... Que tal se você viesse aqui e o escondesse algumas vezes? Poderia ser com as mãos, com a boca, com...

 BAI RENSHU!

— Oh! Será que o General Fantasma é assim tão cruel a ponto de oferecer a um pobre homem faminto apenas um aperitivo para depois negar-lhe a refeição completa?

Wen Ning respondeu "só depois que seus ferimentos melhorarem" numa voz tão baixa, gaguejada e inaudível que o cultivador sequer conseguiu compreendê-la.

Acreditando se tratar apenas de outra reclamação, Bai Renshu deu de ombros e disse:

 Bom, já que meu próprio amor eterno não quer me ajudar, eu serei obrigado a me contentar cobrando dele o que me deve.

— Co-co-como as-sim?

 Oras! Você não havia dito que queria a fúria de mil beijos? Mesmo se formos contar todos os selinhos e beijos que terminaram e recomeçaram, pelos meus cálculos, ainda faltam pelo menos uns oitocentos...

 NÃO!

— Não? Nunca mais?

— Nã-não po-po-por en-qua-quanto.

Bai Renshu cessou as brincadeiras e não disse mais nada. Wen Ning, que depois desse período em silêncio se acalmou, achou aquilo estranho e baixou lentamente as mãos de seu rosto para observá-lo.

Bai Renshu olhava pensativamente um ponto aleatório no chão e tinha no rosto uma expressão estranha.

 Meu amor? - chamou o Wen, enquanto caminhava de volta para perto dele.

Bai Renshu saiu de seus devaneios, deu um sorriso fraco e ofereceu cavalheirescamente as suas mãos para ajudá-lo a se sentar.

 Diga, Ning - ele respondeu.

Wen Ning sentou-se em posição de lótus à frente de Bai Renshu e se manteve segurando as mãos que o ajudaram. Com uma expressão preocupada, ele lhe perguntou:

O Legado da CarneOnde histórias criam vida. Descubra agora