Capítulo 42

183 37 60
                                    


Wen Ning encarava Bai Renshu num misto de emoções que oscilavam entre o medo, a esperança, a ansiosidade, a felicidade e a perplexidade. Com seu rosto extremamente vermelho, ele primeiro o observou boquiaberto e só depois conseguiu falar:
— Re-renshu, v-vo-você está fi-finalmente admiti-tindo que-

Ao se dar conta de que fora direto demais, Bai Renshu subitamente tapou a boca de Wen Ning, arregalou os olhos e o interrompeu inquieto e apavorado:
— Não-não-não-não! Calma, calma lá! Não me entenda mal, eu não estou admitindo nada, não!!!

Wen Ning lançou ao cultivador um olhar decepcionado e tristonho.
Ainda tapando a boca do outro, com medo do que ele pudesse perguntar ou comentar, Bai Renshu deu um suspiro resignado e tentou se explicar da forma mais sincera e menos comprometedora que conseguiu:
— Eu só estou dizendo que eu gosto muito de você e que eu sacrificaria literalmente qualquer coisa se eu achasse que isso seria para o seu bem.

Wen Ning retirou a mão que cobria a sua boca e a manteve segurando enquanto a acariciava. Lançando, ao dono dela, um sorriso doce e um olhar bastante amoroso, Wen Ning pensou:
"É a mesma coisa, seu bobo... Você continua declarando o seu amor."

Tenso, Bai Renshu encarou as próprias pernas com a deliberada intenção de não se permitir derreter por inteiro diante daquele gesto de carinho e de um semblante tão meigo e adorável. Após pigarrear, um tanto sem jeito, ele continuou sua tentativa de se explicar:
— Além do mais, eu sequer sou digno de, ahn... hum... err... enfim, não importa! Apenas não se esqueça que, de qualquer forma, eu estou condenado a ter um final horrível e drástico, portanto, ainda que sejamos grandes amigos, eu não tenho muito tempo de vida, então, diante dessas circunstâncias, se eu conseguir ao menos te fazer o favor de morrer antes que eu vire totalmente um monstro, já será um grande feito! Por isso, apenas... ahn... tente não pensar muito a respeito, sim?

Wen Ning imediatamente jogou a mão do outro para o lado, franziu o cenho e deu um tapa fraco no braço de Bai Renshu.

— Ai! – reclamou o cultivador, enquanto esfregava o local atingido com uma expressão amuada. — Por que me bateu?

Wen Ning respondeu indignado:
— Como é que você fica todo apavorado de medo que eu morra e me fala uma coisa dessas, seu tonto?!
Imediatamente em seguida, Wen Ning o abraçou com força, dizendo:
— Agora que eu finalmente reencontrei você, eu jamais permitirei que nada assim aconteça!

Bai Renshu afastou o General com delicadeza, ajeitou-se sentado de joelhos, olhou no fundo dos olhos dele e tentou lhe dizer:
— Ning, meu venerado, me perdoe, mas...

Wen Ning o interrompeu zangado:
— "Mas" coisa nenhuma!

— Ning, eu sei que é difícil de aceitar, mas sejamos realistas: eu não...

Wen Ning o interrompeu novamente. Desta vez, de forma surpreendentemente autoritária:
— NÃO! E eu não quero mais ouvir o senhor me dizendo isso novamente!

De modo abrupto, Bai Renshu puxou Wen Ning pela cintura e fez com que seus corpos se unissem pelo tronco. Olhando-o nos olhos com seus rostos e lábios muito próximos, ele disse em uma voz sedutora:
— Ora, ora, ora... te ver todo "mandão" desse jeito, está me dando uma grande vontade de...

Ansioso e assustado, Wen Ning sustentou o seu olhar com seu rosto fervendo e seu coração quase saindo pela boca.
— D-d-de-de q-que? - ele disse.

— Te perturbar! - disse o Bai, dando uma rápida bicota na pontinha do nariz de seu amigo e lhe fazendo cócegas na barriga e nas costelas.

Wen Ning riu, tentando se desvencilhar daquelas cócegas. Bai Renshu riu também, tanto porque havia conseguido enganá-lo, quanto porque também se sentia muito feliz naquele instante. Quando a brincadeira entre os dois finalmente cessou, Wen Ning subitamente aninhou-se com as mãos e a cabeça pousadas sobre o peito de Bai Renshu, fechou os seus olhos e sorriu com alegria.
"Ah, Renshu... eu amo tanto você!" – pensou o General, dando um suspiro enquanto ouvia o coração do outro agradavelmente se acelerando.

Bai Renshu beijou a cabeça dele e o envolveu com seus braços de um modo bastante protetor. Com seu semblante sério, encarando a distante entrada da caverna, ele disse para Wen Ning:
— Ning, eu sei que você não quer que eu fale sobre isso, mas agora que você está mais calmo, por favor, me ouça um pouquinho: eu não posso continuar colocando a sua vida em risco por muito mais tempo. Essa "coisa" aqui dentro... eu sinto ela o tempo todo! Eu não sei que milagre aconteceu pra eu ainda conseguir conversar com você sem rir ou me agitar como um desvairado, mas a cada minuto, eu sinto ela ficando cada vez mais forte. E eu não tenho certeza, mas me parece que lá fora está um pouco mais claro do que antes e for assim, não deve demorar muito para amanhecer, então... quando o sol aparecer, se você puder ir pra bem longe e me deixar sair daqui, eu...

Wen Ning se soltou dos braços dele e o encarou com o semblante muito triste e os seus olhos cheios de lágrimas.
Bai Renshu sentiu seu coração apertar-se, mas insistiu:
— Ning, calma... é bem rápido, eu já vi acontecer. Leva uns cinco minutinhos no máximo...

Wen Ning disse com muita raiva:
— Cinco minutinhos de que, Bai Renshu? Do seu corpo sendo carbonizado enquanto arde em chamas? Você tem ideia do martírio horroroso do que isso deva representar? Tem ideia de que "cinco minutinhos" podem parecer uma verdadeira eternidade diante de uma tortura tão grande??? Renshu, você não tem noção do quanto que eu sofri, me desesperei e chorei achando que tinha perdido você três vezes! Você REALMENTE acha que, mesmo depois de te procurar incansavelmente, eu seria capaz de aceitar que o homem que eu am-

Wen Ning abruptamente interrompeu o seu discurso e observou Bai Renshu com perplexidade.
— Oqueoqueoqueoque o q-que-que vo-você-cê está fa-fazendo? – disse o Wen, apavorado.

Bai Renshu respondeu com o semblante sério:
— Exatamente isso que você está vendo – tirando as minhas roupas.

Tomado por um surto de pânico, Wen Ning arrebentou as barras da jaula e disparou desesperado em direção ao fundo da caverna.

"AAAAAAAAAAAAHHHHHHHHH! MEUDEUSMEUDEUSMEUDEUSMEUDEUS!!!" – pensou o Wen, enquanto corria e simultaneamente se abanava – "ELE RASPA, MAS ESTÁ COMEÇANDO A CRESCER! E É MUITO LOIRINHO!!!"

O Legado da CarneOnde histórias criam vida. Descubra agora