Clichê 8

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Ela estava cansada. S/n s/s do universo onde as coisas não eram Supernaturais ou apenas não tinham graça como ela pensava, havia se teleportado por um pacto, tinha feito isso com Lúcifer que parecia o único mais divertido no antigo mundo.
Porém, muitas coisas mudaram, muitos compromissos e ainda por cima a morte a rondava mais facilmente.

-- Você está bem? - A voz de Dean chamou sua atenção.

Seus olhos focaram nele, por um momento se arrependeu. Ele estava com outra s/n no seu antigo universo, e talvez se voltasse estaria ferrada, ele a odiaria e sumiria de sua vida, mesmo que antes ela já planejasse ir embora da dele. Estava apaixonada por Sam, o irmão mais novo e cético. Nem ela sabia como, mas desde que Dean começará a jogar mais futebol e passar tempo com seus amigos naquela escola, ele havia se tornado mais rude e isso acabou com tudo pra você.

-- Estou. - Suspirou passando a mão no rosto. - Posso te perguntar uma coisa?

Estavam sozinhos. Sam havia saído para comprar algumas coisas na loja de conveniência. Logo iriam para o bunker e as compras ao menos teriam sido feitas.

-- Ok, fale. - Respondeu.

-- Você gosta de mim? -- Tinha sérias dúvidas de como eram os dois, e não tinha tido tempo suficiente para conhecer os sentimentos, se caso neste mundo sua eu, fosse mais ligada a Dean, seria uma opção, mas caso fosse a Sam, seria bom saber. A questão é: Como eles funcionam?

Dean engasgou com a saliva, e um ar de constrangimento ficou. Era uma pergunta direta e você sabia que não foi nada delicado, porém, era você. Nunca se arrependia de dizer na cara.

-- Do que você tá falando? -- Se virou.

Estavam ambos dentro do carro. Ele no banco do motorista e você espichada no banco traseiro, como se fosse uma cama.

-- Bem, não consigo entender você. -- Respondeu. -- Andei olhando você o suficiente para chegar a conclusão que esconde muito, e eu sou o tipo de pessoa que é curiosa.

-- Você... Nunca foi. - houve uma pausa em seu pensamento. Uma confusão maior.

Por um momento ficou em silêncio, pensando em como sua eu dali era. Calada? Mais fechada? Menos curiosa? Eram questões que a intrigaram agora, ou será que ela seria uma pessoa melhor? Existia uma versão melhor?

-- Mas... - Ele prosseguiu chamando sua atenção. -- Já gostei de você. Isso foi a uns anos, quando você desistiu de lutar e entrou em depressão.

-- Espera, como?

-- Bem, você estava magoada, não queria sair do quarto e Sam e eu sabiamos que tínhamos que te dar apoio, e bem, quando eu e você jogamos Just dance, que Sam comprou errado na loja, eu me apaixonei por você, por seu sorriso que mal via e seu jeitinho atrapalhado de dançar.

Estava calada agora. Era uma situação bem semelhante ao colégio. Se lembrava de ter se apaixonado por Dean por causa dele saber dançar bem algumas músicas antigas e isso a fez se encantar. Mas.. a depressão nunca chegou a ter, e sua versão deveria estar acabada, uma pontada de culpa surgiu em seu peito, por ter sido tão egoísta.

-- Entendo. E agora? Passou?

-- Sim. Já faz um tempão isso. As coisas mudaram, eu e você nos afastamos e você meio que foi mais para o lado de Sam. -- Uma pontada de tristeza vinha de sua voz.

Depois disso não houve qualquer interação até que Sam voltasse e desse a pressão do clima. Sua outra eu, tinha ido para Sam como você mesma havia feito.

∆∆∆∆

Nunca tinha reparado em como o quarto dela, era depressivo. Em como as cores se foram e como não havia mais nada além de uma mesa, guarda roupa e uma cama simples. Nada muito sofisticado, talvez fosse normal. Mas, tudo ali lhe dava uma agonia.
Era como se estivesse presa.

Ela tem um caderno. É cheio de desenhos medianos, ela parecia treinar para relaxar. Fones e canetas, lápis, tudo organizado. Do jeito que você não faria.
Eram mais diferentes do que achava. E isso não parecia fazer sentido. Porque você mesma odiava desenhar, na verdade, odiava suas obras que já tentou uma vez. Odiava ficar parada em casa e tomar café. Mas, essas coisas eram os principais gostos de sua outra eu.

-- Se divertindo? - A voz de lúcifer soou atrás de você.

-- Talvez. -- Sussurrou. -- Quando nos encontramos, na travessia. Antes que eu acordasse aqui. Você me disse que... Minha outra eu, queria ir embora também deste mundo. Mas, eu não vejo o porque. Ela pelo visto parecia melhor da depressão e Dean... - Você foi interrompida.

-- Não, não, meu amor. -- ficou ao seu lado, olhando a escrivaninha da sua outra eu, cheia de desenhos menores. -- Melhor ela até estava. Mas, depressão não se cura de um dia pro outro. Ela em si se sentia melhor, mas já noites que ela só queria morrer.

-- Não entendo! Eu queria sair daquele mundo porque haviam tantas coisas ruins lá, tantos assuntos que eu não poderia fazer nada. Estava infeliz, mas nunca desejei a morte. Eu desejei diversão, adrenalina e.. escape.

-- Você teria ficado pior que ela. -- Respondeu. -- Acha que seu surto foi apenas algo involuntário? Você teve uma crise de Pânico, surtou! E o que aconteceu? Nem seu amado Sammy, como ama chamar. Ficou com você.

Era verdade. Ninguém ficou realmente com você. Estava sozinha e vazia, talvez o sentimento fosse parecido com a da outra, não na mesma medida, mas algo semelhante.

-- Você está fadada a enlouquecer. Mas, quis ser bondoso, porque ver uma única pessoa sofrer em tantas realidades, causa uma meta empatia.

-- Ela está melhor?

-- Furiosa com tudo isso. De certa forma, ela está negando tudo que sentia aqui.

Um silêncio se estendeu. Os dois um ao lado do outro encarando a mesa. Até que com um suspiro, você soube o que dizer.

-- Como podemos destrocar?

-- Hmm.. isso não seria um decisão burra?

Você dirigiu o olhar para ele, estava confusa.

-- Por que?

-- Seria como tudo isso fosse em vão.

-- Tem razão. Mas, eu quero falar com ela, então... Me ajude. Juro, será o meu único pedido.

Ele pareceu pensar, e você não sabia o porque o mesmo se sentia tão empático, por esse caso, o motivo que havia dito parecia besta demais e você nem resolveu levar em consideração.

-- Tudo bem. Mas.. me de um tempo, estou querendo ver como ela se sai.

-- Feito. Me avise quando puder.

Ele assentiu e sumiu.
Te deixando parada ali. Com uma agonia maior. Tinha que sair daquele quarto.

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