66 - O Apoio

130 20 0
                                    

No início da noite, Francisca está terminando de tirar os pratos da mesa de jantar, Carmem está lavando a louça suja enquanto Jorge está arrumando o que restou do jantar na geladeira.

- Mas ele nem falou que horas iria chegar em casa? – Pergunta Carmem. – Não sei como vocês conseguem aceitar que esse menino fique sem dizer nada do que ele está fazendo para vocês?

- Confiando nele, Carmem. – Responde Jorge.

- Mas eu não estou dizendo que não confio no que ele faz. Só fico surpresa com esse desleixo de vocês em relação a ele.

- Não tem desleixo, nenhum, minha irmã. Tudo é uma questão de saber que Pedro é um menino responsável e não vai fazer nada de errado por aí.

Pedro abre a porta da casa, entra e se senta no sofá.

- Graças a Deus que você chegou. – Fala S. Jorge. – Sua tia já estava aflita achando que tinha acontecido algo grave com você.

- Pode ficar tranquila, tia – Responde Pedro – Não aconteceu nada demais! Só estou cansado, mesmo.

- E vai ficar sentado aí? Já estamos terminando de tirar a mesa, não quer jantar logo? – Pergunta Francisca.

- Não mãe. Agora não! – Responde Pedro tirando os tênis e colocando os pés sobre a mesa de centro.

- Pronto! Já vai bagunçar minha sala. – Fala Francisca.

- Não tem bagunça alguma, Francisca. – Responde S. Jorge. – O menino só está descansando os pés um pouco.

- Obrigado pai! – Fala Pedro dando um sorriso para o pai que está saindo da cozinha.

- E é assim que começa o desleixo. – Interfere Carmem.

- Mas quando, tia! – Ri, Pedro.

- E pode-se saber por que o senhor está tão cansado assim? – Pergunta S. Jorge.

- Uma reunião que tivemos está tarde na casa do seu Eusébio. Um dos senhores que trabalham no Centro Espírita. – Responde Pedro folheando uma revista que estava jogada no sofá.

- Vai desmarcar minha revista e não vou mais saber onde parei de ler. – Reclama Carmem.

- Calma tia, eu estou marcando aqui. – Responde Pedro mostrando o polegar entre as páginas da revista.

- Mas teve alguma discussão nessa reunião para ter te desgastado tanto assim? – Segue S. Jorge.

- Não. Discussão, não. – Responde Pedro colocando a revista aberta na página em que Carmem havia parado, aberta sobre o sofá. – Mas teve uma hora em que comecei a me sentir pesado, um pouco tonto, uns formigamentos, como se fosse acontecer alguma incorporação lá, mesmo.

- Ai meu Deus! – Fala Carmem, aflita. – Como assim? Quer dizer que pode acontecer em qualquer lugar? Até aqui?

- Carmem! – Fala Francisca chamando a atenção da irmã.

- E eu tô mentindo, por um acaso? – Responde Carmem.

- Fica tranquila, tia. Eu não quero e nem pretendo assustar ninguém. Muito menos a senhora. – Fala Pedro, rindo do medo da tia.

- Deixa tua tia e me responde. – Fala S. Jorge. – Além desse formigamento e dessa sensação de peso, sentiu mais alguma coisa? Viu ou ouviu algo?

- Não. Nada. Por quê?

- Eu tenho lido alguma coisa sobre espiritismo... – Segue S. Jorge – Não que eu possa me considerar um estudioso do assunto, mas eu quero aprender um pouco mais para poder conversar e descobrir junto com você esse caminho que você está seguindo.

- Obrigado pai. Fico muito feliz em saber disso. Bem... Agora deixa eu tomar um bom banho e descer para comer a comida da dona Francisca que eu tô morrendo de fome. – Fala Pedro enquanto pega seu par de tênis e corre para a escada, mas não sem parar e dar um beijo estalado na bochecha da mãe que estava chegando na sala, secando as mãos no vestido que está usando.

- Ô menino. – Reclama Francisca, como se não tivesse gostado do beijo. – Cresce, mas continua parecendo uma criança.

Jorge se levanta do sofá e abraça a esposa, enquanto olham para Pedro subindo as escadas.

- Será que ele vai conseguir enfrentar tudo isso sozinho, Jorge? – Pergunta Francisca.

- Mas ele não está sozinho, minha mulher. E nunca vai estar. Sempre vamos estar ao lado dele ajudando em tudo que pudermos fazer. – Responde Jorge beijando a cabeça da esposa. 

Médiuns (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora