56 - Na Beira do Lago

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- Você sabe, tão bem quanto eu, de que nada adiantará ficarmos os dois sentados aqui. – Fala João para Pedro. Eles estão sentados em uma grande pedra cinza, na beira de um lago. De frente para um pôr-do-sol com tons que vão do rosa-claro ao amarelo ouro. Uma leve brisa sopra vindo do lago em direção à terra. Além dos dois da pedra e do lago, nada mais existia, a não ser uma grande porção de uma terra clara, limpa. Quase como as areias de uma praia limpa. Os olhos de Pedro fixos no horizonte, não conseguem ver o sol que parece já ter se posto atrás do horizonte da água azul e tranquila.

- E por que estamos aqui? Pergunta Pedro.

- Isso você deve perguntar para você, mesmo. Não para mim.

- Não entendi.

- O que você precisa saber para seguir o caminho que lhe foi mostrado, filho?

- Talvez ter certeza de que esse caminho é meu.

- Essa é uma certeza que você só vai ter depois que começar a caminhar.

- E como você quer que eu comece a fazer algo, se nem você sabe se é meu destino?

- Essa certeza só Deus possui.

- Eu não posso seguir ouvindo respostas vagas. Eu preciso de uma certeza.

- A única certeza que você precisa ter é que está fazendo o bem. A você e, principalmente, aos outros.

- Como assim?

- Todos aqueles que seguem por algum caminho que semeie o amor ao próximo está no caminho certo. Ninguém que trilha por esse tipo de caminho estará longe do destino que Deus lhe reservou.

- Por favor. Me ajude. Tira minhas dúvidas. Limpa meu coração desses questionamentos. Porque eu preciso seguir fazendo esse trabalho. E se no fim de tudo eu descobrir que não era esse meu destino.

- Não existe final na estrada do amor. E caso, após teu desencarne, descobrires que não era essa a tua principal missão nesta encarnação, o que teríeis perdido ao dispor de teu tempo para ajudar os outros e aprender mais sobre os desígnios de Deus para toda a humanidade.

- Como assim?

- Não é só a ti que Deus destinou o caminho do amor, Pedro. – Segue João. – Ele destinou esse caminho para todos os homens. Mas cabe a vocês decidirem se irão seguir por ele ou não.

- Quer dizer que eu tenho a opção da escolha?

- Tu sabes que sim. Já te ensinaram isso.

- E não teria problemas contigo?

- Minha função é te auxiliar, Pedro. – Responde João, rindo suavemente. – Mas não significa que ficarei alegre ao te ver tomar qualquer decisão que ache que não seja a que ajudará a crescer. Que te ajudará que tornes uma pessoa melhor.

- E o que vou encontrar se seguir esse caminho?

- O caminho é teu. Ainda não o caminhei. Mas estarei ao teu lado te ouvindo, te amparando, te aconselhando no que eu achar que pode ser o melhor pra ti, mas nunca me ouvirás te dizer o que deves fazer. Até porque, se não for assim, não crescerás. Estarás me usando como muleta para seguir na caminhada que precisas ter. E de nada ela te adiantará.

- Tenho medos, João. Medo de errar, de não suportar a carga, de não saber o que fazer.

- Que bom. Assim tenho certeza de que o orgulho não tomou conta de teu coração. Pois somente os orgulhosos não temem novos caminhos.

- Fazes tudo parecer tão fácil.

- E é. O homem é que dificulta tudo que Deus nos coloca como escolhas para seguirmos em nossos caminhos. E quem está lhe dizendo isso é um homem que errou muito quando encarnado. Mas aprendi que todas as dificuldades que Deus colocou em minhas vidas, me serviram para aprender que posso ser muito mais do que acreditava ser. Todos estamos destinados ao crescimento espiritual. Estamos destinados a nos tornarmos os merecedores do amor do Pai. Todos estamos destinados a sermos muito melhores do que nos levam a creditar que somos e que essa escolha, esse destino, depende unicamente de nossas escolhas e agora é o momento em que deves escolher por qual caminho seguir, Pedro. Estarei aqui para te apoiar, meu irmão, mas essa escolha só depende de ti.


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