54 - A Manhã Seguinte

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- Sim doutor. Eu sei, sim. Vamos levá-lo hoje mesmo. 15h está ótimo, sim. – Fala Francisca ao telefone da sala, enquanto Pedro desce as escadas em direção à mesa do café.

- Como está, filho? - Pergunta Jorge, enquanto coloca a xícara com café preto que está tomando sobre o pires, na mesa.

- Estou bem. Um pouco cansado, ainda. Mas bem.

- Menino! Que susto você nos deu, ontem. – Fala Carmem, vindo da cozinha com um ovo frito em um prato de sobremesa.

- Imagino, tia. Desculpa não foi minha intenção.

- Tenho certeza disso, meu filho. Agora pega. Come que você deve estar morrendo de fome.

- Pai, com quem a mamãe está falando? Aconteceu alguma coisa? – Pergunta Pedro enquanto se serve de café com leite.

- Além do que houve ontem? – Responde Francisca se antecipando à Jorge, logo após ter desligado o telefone. – Nada de mais, né? Estava falando com o seu médico, o Dr. Salomão. Expliquei pra ele o que aconteceu e ele abriu um espaço na agenda dele para atender você hoje mesmo, às 15h.

- Mãe... O que aconteceu ontem não tem nada a ver com medicina.

- Eu disse a mesma coisa pra ela. – Fala Carmem mordendo um pedaço de torrada. – Mas você não conhece sua mãe.

- Não pedi a opinião de ninguém. Perguntei para algum de vocês o que vocês acham que é? Não! Então pronto. Eu vou ficar mais tranquila se tiver uma avaliação médica.

- Mas não tem necessidade, mãe. A gente já sabe o que vai acontecer. Ele vai me consultar, vai pedir um monte de exames e não vai aparecer nada. Exatamente como da última vez.

- Só pra lhe lembrar, senhor. Da última vez o senhor sofreu um acidente de carro. E se o que houve tiver sido uma convulsão provocada por algum coágulo que tenha se formado no seu cérebro?

- Meu Deus. Daqui a pouco você vai achar que o menino está com um tumor cerebral. – Brinca Jorge.

- Não posso abrir mão de nenhuma possibilidade. E, além do mais, o que custa ele fazer uma consulta? Qual foi a última vez que você esteve com o Dr. Salomão desde que teve alta?

- Nesse ponto, ela está certa. – Fala Carmem, apontando um pedaço da torrada que tem na mão para Francisca.

- É só uma consulta. Só para que fique tranquila.

- Tá bom, mãe. Eu vou.

- Ótimo. É as 15h, no consultório dele, no mesmo hospital que você ficou internado.

- Eu lembro.

- Tá vendo como o menino tá bom? Lembra direitinho do hospital onde esteve internado.

- Deixa de brincadeira, Jorge. – Se irrita Francisca.

- Mas agora deixa eu ir pra não chegar atrasado no trabalho. - Fala Pedro se levantando da mesa tomando, enquanto toma um copo de suco.

- Como assim? Você vai trabalhar, hoje? – Pergunta Francisca assustada.

- Claro que vou, mãe.

- Vai começar... – Fala Carmem se levantando da mesa.

- Não vai começar nada. Vai terminar, isso sim. Nada de trabalho hoje para o senhor. – Briga Francisca.

- Mãe, já concordei com a consulta. Mas eu preciso ir trabalhar. Eu estou bem. Se eu sentir qualquer coisa eu peço para sair mais cedo e venho para casa, certo?

- Deixa o menino ir trabalhar em paz, Francisca. Ele está bem. Todos sabemos o que aconteceu, ontem, aqui em casa. – Fala Jorge, segurando a mão de Francisca que está apoiada na mesa.

- Promete que se sentir qualquer coisa você corre para casa?

- Prometo. Pode ficar tranquila. – Pedro beija a testa de Francisca e segue em direção a porta.

- Avisa mesmo, hein. – Fala mais uma vez, Francisca, enquanto Pedro fecha a porta.

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