Médiuns (Completo)

28 - Vitória e Alfredo

- Sofrer não é uma opção para Deus. Não é o desejo dele para seus filhos. Não é o que nenhum pai deseja para seus filhos, embora para muitos, seja a única opção para que o aprendizado aconteça. – Explica Hernan ao microfone do Centro na palestra da noite. – Para Deus, todos somos seus filhos. E ainda na condição de criança, pois ainda não temos a maturidade necessária para entender muitos de seus ensinamentos. Mas o ensinamento principal, que é amarmos uns aos outros, todos temos a capacidade de assimilar, entender e praticar. Sendo filhos do mesmo pai, isso nos torna todos irmão. Sim, somos todos irmãos. Irmãos em espírito, em alma. E como irmãos, muitas vezes discordamos do que o outro fala ou de como o outro decide agir. Mas quem somos nós para julgar a atitude do outro? Quem somos para condenar o que o outro fez ou deixou de fazer? Podemos conversar, ensinar, tentar mostrar-lhe que o melhor caminho talvez não seja aquele que ele está trilhando. E digo talvez, porque não sabemos os desígnios de Deus, e para aquele irmão, aquele caminho que achamos ser o errado porque vai lhe acusar sofrimento, pode ser exatamente o que ele precisa para poder crescer, para poder evoluir.
Quando crianças, muitas vezes caímos enquanto estamos aprendendo a andar de bicicleta, mas as quedas nos ensinarão a nos equilibrarmos melhor, nos ensinaram a ajustar a nossa velocidade para que possamos nos manter seguindo o caminho que desejamos. Assim é com a nossa vida, com a nossa encarnação atual. Temos que cair algumas vezes para podermos aprender a seguir no caminho certo e da forma correta. Não desmereçam a Deus por achar que não deveriam estar passando pelos sofrimentos que passam e nem acreditem que sejam superiores a qualquer outro irmão. Todos estamos aqui pela necessidade que temos de aprender algo, se não fosse por isso, já estaríamos em outra casa, em outro planeta ou em outro plano. Procure descobrir o que você precisa aprender, pois só assim você poderá ter a paz que precisa para seguir o seu caminho e a humildade necessária para escutar os ensinamentos que poderão vir de qualquer irmão que esteja próximo de ti. Principalmente daqueles que você pode acreditar serem incapazes de lhes ensinar qualquer coisa.

Boa noite e fiquem com Deus.

As palavras de Hernan ainda ressoavam pelo salão, quando Vitória sentou-se ao lado de Margot.

- Me desculpa. Eu me atrasei muito hoje.

- Perdeu uma bela palestra. – Responde Margot arrumando a bolsa no banco para dar espaço para Vitória poder se sentar melhor. – O que aconteceu?

- Estava vindo para cá quando o Dr. Mário me chamou dizendo que precisava conversar comigo sobre um trabalho.

- Conversar sobre um trabalho? O que aconteceu? Alguma emergência?

- Tá bom. Não era sobre um trabalho. Era sobre você. – Sussurrou Vitória, muito nervosa, arrumando o cabelo e a blusa.

- Sobre mim? Por quê? – Se espanta Margot.

- Agora não dá para explicar. Mas não te preocupa que eu soube controlar a situação muito bem.

Na saída do Centro Margot e Vitória conversam a caminho de casa.

- Como assim "tratamento psicológico", Vitória?

- Não me veio outra coisa na cabeça, desculpa. O Dr. Mário me chamou para conversar e eu nunca poderia imaginar que ele iria querer saber por que você estava diferente? Queria saber se você estava passando por algum problema no escritório, se tinha algum problema em casa, algum problema de saúde que a firma pudesse ajudar e não me veio outra coisa na cabeça. Quando vi já tinha falado para ele que você estava em um tratamento psicológico e não tive coragem de me desmentir. Só não vai me desmentir, por favor.

- Desmentir? Eu deveria te matar. Como eu vou me apresentar ao meu chefe depois que dissestes que eu estou em um tratamento psicológico?

- Deixa de bobagem. Isso é besteira tua. Hoje em dia é absolutamente normal. Qualquer um pode passar por um tratamento psicológico. E além do mais, você deveria me agradecer. Como você acha que o Dr. Mário iria reagir se eu dissesse que você estava diferente porque estava conversando com espíritos? – Responde Vitória.