32 - Um Café, Um Bolo e Lembranças de Marta

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Na sala da casa, sentado à mesa, Paulo se serve de um pedaço de bolo de milho e coloca leite quente na xícara de porcelana branca. O cheiro do bolo lembra Paulo do encontro dele e Marta no café da rua Santo Antonio. Saudoso, ele olha para a cadeira vazia do outro lado da mesa e vê Marta, sua esposa, dando um pedaço de bolo de milho para Davi.

- Esse menino tá comendo tanto, que daqui a pouco vai parecer um porquinho cevado. – Ri, Paulo, do próprio comentário.

- Mas quando. – Responde Marta, passando mão nos cabelos do neto.

- E muito disso será culpa sua. – Continua Paulo.

- Minha única culpa, será não poder impedir o Davi de passar pelo que terá que passar nessa vida.

- Que é isso, filha?

- Que Deus cuide desse menino, Paulo. E de você também, meu velho. Ele vai precisar muito de você.

Rosilda, chega próximo à Paulo trazendo um copo de suco de laranja.

- E aqui tá o seu suquinho.

As lembranças de Paulo se desfazem e o trazem de volta à realidade.

- Obrigado, Rosilda.

- O que é que o senhor tem? Tá tão pensativo.

- Bem... hoje é sexta-feira. E pelo que me lembre é o dia em que são realizados os trabalhos de ajuda às pessoas que vão ao Centro. – Diz Paulo para Rosilda, a cozinheira da casa.

- O que o senhor tá querendo dizer com isso, seu Paulo? – Responde Rosilda, arrumando o bolo no prato.

- Que hoje meu neto pode começar a ajuda que precisa.

- Seu Paulo... O senhor sabe que o seu Antonio não gosta nem um pouco dessa ideia.

- Realmente, eu não gosto disso, Rosilda. – Interrompe Antonio que vem pelo corredor terminando de arrumar o paletó sobre a pasta que coloca na cadeira ao lado de Paulo. – Mas, dei minha palavra que daria um voto de confiança às crenças do meu sogro e é isso que pretendo fazer.

Rosilda olha com desconfiança para Antonio. – O que é que está acontecendo nessa casa? Deus me ajude. – Se benze e vai pra cozinha.

- É muito bom ouvir isso de você, meu genro. – Fala Paulo apertando a mão de Antonio.

- Realmente, eu estava sendo intransigente. E quanto mais eu penso em como estava agindo, mais eu me convenço disso.

- Me ajudem. Rápido! – Grita Andreia de dentro do quarto de Davi.

Antonio e Paulo correm e chegam a porta do quarto de Davi, Andreia está sobre Davi, tentando segurá-lo enquanto o menino parece estar tendo uma crise convulsiva.

- Davi! – Se desespera, Antonio, que corre em direção ao filho.

- Eu vou chamar a emergência. – Paulo vai em direção à sala enquanto Rosilda chega assustada e começa a rezar para ajudar o menino.


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