40 - No Hospital

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No quarto do hospital Andreia dorme na poltrona coberta pela leve manta que Antonio havia levado para que ela pudesse passar a noite junto com o filho. As luzes apagadas e a tv estava desligada. Através de uma fresta da cortina que estava meio aberta, a luz do poste entra pela janela ilumina parte da cama onde Davi está dormindo, com os braços estendidos ao lado do corpo por fora do lençol que o cobre até seu peito. Andreia se mexe na poltrona, tentando encontrar uma posição um pouco mais confortável. Mesmo sem acordar completamente, abre um pouco os olhos para checar o filho na cama e volta a adormecer. Os olhos de Davi abrem e ele olha fixamente para o teto do quarto, os pelos de seu braço se arrepiam e em seu peito, uma leve pressão começa a deslizar pelo seu peito até chegar em seu rosto, como se ele sentisse a mão de alguém lhe fazendo carinho. Um leve perfume de rosas toma conta do quarto. Davi abre um leve sorriso, seu peito se enche com o aroma que domina o quarto.

- Mãe...

Andreia acorda ao ouvir a voz do filho a chamar após tanto tempo e se senta assustada da cadeira olhando imediatamente para a cama onde está Davi.

- Mãe eu estou aqui. – Repete Davi.

Assustada, tentando se livrar da coberta para ir em direção ao filho, Andreia fala nervosa.

- Filho? Você falou?

Andreia se levanta e vai em direção ao filho segurando o rosto de Davi com as duas mãos tentando fazer com que os olhos do filho encontrem os dela.

- Eu estou aqui meu filho.

- Vai ficar tudo bem, mãe.

- Filho. Meu filhinho.

- A vovó está aqui comigo. Ela não me deixa ter medo. Diz que eu sou forte.

Os olhos de Andreia se enchem de lágrimas e ela leva suas duas mãos à boca tentando segurar o choro que insiste em sair.

- Ela pediu para te dizer que a senhora vai ter que ser forte e acreditar na mensagem. Fica com Deus, mãe e diz pro papai que eu amo vocês.

Os olhos de Davi se fecham.

- Davi! Davi! Responde filho. Por favor responde. – Andreia levanta assustada da cadeira em entender o que aconteceu. Ela olha para a cama e Davi está deitado, dormindo do mesmo jeito que estava antes do sonho.

- Não foi um sonho. – Fala Andreia, enquanto está sentada na poltrona, para Antonio e Paulo, na manhã do dia seguinte, ainda no quarto do hospital.

- Minha mulher. Você mesma disse que estava na cama ao lado do Davi e que acordou na cadeira novamente.

- Eu sei o que eu falei, Antonio. Mas aquilo não foi um sonho. Eu tinha certeza de que estava acontecendo. Eu pude sentir minhas mãos tocando o rosto do nosso filho.

- O sonho pode ter dado essa percepção pra ti, Andreia.

- Não. Não foi.

- Minha filha. – Pergunta Paulo, tem alguma outra coisa que você se lembre na hora em que aconteceu?

Ainda desnorteada, Andreia tenta se lembrar de alguma coisa.

- Por favor não vá rir, mas eu senti o cheiro do perfume da mamãe.

- O cheiro do perfume de rosas? – Pergunta Paulo querendo confirmar.

- Aquele mesmo.

- Sonhos não tem cheiro.

- Lembrar do perfume que a dona Marta, não signifique que ela estava aqui.

- Por favor, Antonio. Eu sei o que eu senti. Eu sei o que eu passei.

- Ok. E o que você acredita que foi?

- Não sei. Um aviso, uma mensagem...

- A mensagem que você tem que acreditar.

- Não sei se a mensagem que eu tenho que acreditar foi essa ou se vamos receber mais alguma mensagem. Eu não sei o que foi aquilo que eu vivi, mas eu sei que aconteceu.


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