11 - A Escolha

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No Centro, após o trabalho, Margot, Vitória e Eusébio estão sentados em um dos bancos enquanto uns poucos participantes que ainda se encontravam no salão se preparavam para sair.

- Eu não sei se vou saber lidar com esse tipo de coisa. – Fala Margot para Eusébio.

- Nunca é uma coisa fácil de se lidar, filha. Mas no seu caso, acho que é muito importante para você mesma.

- Mas como eu pude escolher esse tipo de situação pra mim?

- As coisas são sempre assim Margot. – Responde Vitória. – A gente nunca acha que escolheu, mas sempre é a gente que paga por não querer aceitar de verdade a missão que a gente escolhe.

- É muito difícil para mim.

- Nunca é fácil para ninguém, minha filha, já lhe disse. Até porque, se fosse fácil, não seria uma missão.

- Eu posso pensar um pouco? – Pergunta Margot.

- Claro que pode. Não só pode como deve. Tenho certeza de que Deus irá lhe ajudar a tomar a melhor decisão. – Responde Eusébio, enquanto afaga as mãos de Margot.

No caminho para casa, Margot e Vitória conversam na rua.

- Muito simpático o teu tio, Vitória.

- Eu sei. A família toda é assim. – Responde Vitória acompanhada de uma gostosa gargalhada.

- Mas é metida. – Ri Margot. – Me explica uma coisa? Por que deixastes de frequentar o espiritismo?

- Como tu sabes que eu frequentava?

- Pelas coisas que me falastes antes. Acho que conheces muito pra alguém que nunca tenha participado de trabalhos espíritas.

- É verdade. Deixei mesmo. Foi logo depois do acidente com a Lúcia. Não sei te explicar exatamente o motivo. Acho que foi mais uma questão de não aceitar o que aconteceu com ela, acompanhado de uma sensação de culpa. Para te falar a verdade, achei que eu não conseguia aceitar que mesmo trabalhando há algum tempo para ajudar os outros, eu estivesse sendo punida, causando a morte da minha irmã.

- Mas pelo que me contastes, não fostes a culpada da morte dela.

- Mas tu sabes que não é uma coisa muito fácil de aceitar. Tu sabes o que eu quero dizer.

- Sei sim.

As duas seguiram pelas ruas até a parada de ônibus.

- Eu fico aqui. – Diz Margot para Vitória. - Pode ir pra tua casa e fica tranquila que vou direitinho pra minha casa.

- Não queres dormir em casa mesmo? – Insiste Vitória.

- Nada, mulher. Não é preciso. Eu estou bem. Na verdade, faz muito tempo que não me sinto tão bem assim.

- Que bom então. Fico mais tranquila. Boa noite.

- Amanhã no escritório a gente conversa melhor. – Margot se despede de Vitória e sobe no ônibus que acabara de parar.

No caminho para casa, Margot fica pensando em tudo o que aconteceu naquele dia. Nas visões, nas vozes, na mulher que apareceu no ônibus pela manhã e quando lembra do homem que viu sentado no mesmo ônibus olha rapidamente em volta para ver se não ele não está lá, olhando novamente para ela.

Quando chega no apartamento do velho prédio da periferia da cidade, Margot joga a bolsa no em cima da cadeira do quarto e se joga na cama. O cansaço é maior do que a vontade de trocar de roupa, nem fome ela tinha. Tirou os sapatos com os próprios pés, enquanto arrumava o travesseiro sob a cabeça, jogou o lençol sobre o corpo e adormeceu.

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