71 - A Dúvida de Pedro

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- Seu Eusébio? – Pergunta Pedro um pouco nervoso.

- Pedro? – Fala Eusébio que estava arrumando a toalha branca sobre a mesa do Centro Espírita, para preparar a casa para a reunião daquela noite. – Chegou cedo essa noite, meu filho.

- Eu estava aqui perto e resolvi vir logo para conversar com o senhor, mesmo.

- Então que bom que vim cedo, também. Em que posso lhe ajudar? – Pergunta Eusébio colocando a mão sobre as costas de Pedro e o levando para se sentarem em um dos bancos próximos da mesa.

- Queria falar com o senhor sobre um sonho que tive ontem de noite.

- Um sonho?

- Isso. Sonhei com meus avós, que já morreram, e eles me diziam que eu estava relutando em fazer o que eu tinha que fazer. E que não deveria agir dessa forma. Que eu já estaria pronto para a missão. Mas eles não diziam que missão era essa.

- Quarenta anos estudando e trabalhando no espiritismo e ainda me impressiono como a espiritualidade age. – Fala Eusébio sorrindo.

- Como assim? Não entendi.

- Você tem certeza de que isso foi um sonho, meu filho?

- E o que seria?

- Você sabe. Não seria a primeira vez que você passaria por uma experiência de desdobramento.

- Desdobramento?

- Me corrija se eu estiver errado. O local onde vocês estavam conversando não era um lugar familiar, mas você estava se sentindo tranquilo, seguro e protegido, algo que não acontece quando você está em um local desconhecido.

- Era. – Responde Pedro depois de pensar um pouco e se lembrar da sensação que teve durante a conversa com seus avós.

- Seus avós estavam usando roupas muito claras, quase como se irradiassem luz delas. Além da pele ter uma aparência rejuvenescida, mesmo com eles mantendo características próximas das idades em que desencarnaram.

- Isso.

- E o mais importante. No fundo, bem no seu íntimo, você tem certeza de que o que eles lhe falaram está certo. E você sabe que está relutando, por receio de falhar, talvez, de cumprir parte da sua missão nessa encarnação. E se for isso, mesmo, não temos necessidade de termos essa conversa, até porque você sabe o que deve fazer. Não é mesmo? – Fala Eusébio dando um sorriso e olhando nos olhos de Pedro.

Pedro baixa a cabeça, aperta as mãos uma contra a outra e, relutando, consegue falar. - E se eu realmente não estiver pronto.

- Filho. – Responde Eusébio. – Nenhum de nós está pronto para o trabalho que Deus Pai nos confiou. Nenhum de nós tem todas as respostas, tem todas as informações, sabe todos os caminhos... Todos estamos caminhando e aprendendo. É para isso que estamos aqui.

Confie em você, mas, mais importante, confie no Pai que lhe destinou essa missão.

- E se não for nada disso? Se tudo for invenção da minha cabeça? Não quero comprometer o trabalho de vocês. O trabalho desta casa.

- Filho, há alguns anos um rapaz começou a frequentar o nosso trabalho e se mostrou um médium extremamente responsável e um bom trabalhador. À princípio suas manifestações aconteciam com bastante discrição e respeitando a casa e os trabalhadores, como deve ser. Com o passar dos meses e a sua frequência em todas as sextas, o rapaz foi ganhando a amizade e a confiança de todos os irmãos da casa e suas manifestações foram se mostrando cada vez mais fortes e seguras. Até que chegou o dia em que esse irmão foi chamado para compor os trabalhos na mesa. Nesse dia ele escreveu sua primeira mensagem psicografada.

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