30 - O Almoço

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Paulo está sentado à mesa, sozinho. Rosilda termina de colocar um belo prato de carne assada de panela.

- Bela carne, Rosilda.

- Ficou bonita, mesmo. Mas pena que pelo visto só o senhor vai poder aproveitar dela.

A porta da sala do apartamento se abre e entram Antonio e Andreia.

- Chegaram bem na hora. – Exclama Paulo. – Olhem só que carne linda que a Rosilda fez!

- Muito bonita. – Fala Antonio já se sentando à mesa e pegando o garfo e a faca para cortar um pedaço da carne.

Andreia que estava de cabeça baixo perto de uma das cadeiras, a puxa e se senta entre seu marido e seu pai.

- Pai. Antes de começar a almoçar eu queria me desculpar por ontem. Sei que o senhor não seria capaz de armar uma coisa tão baixa para tentar me impressionar. Acho que o susto com a mensagem me tirou do eixo e me fez perder o raciocínio.

- Não precisa se desculpar, filha. – Responde Paulo segurando a mão de Andreia. – Pensei muito no que aconteceu ontem e tenho que perceber a pressão que você está passando, também. O Davi é seu filho. E sei que se eu estivesse na sua situação já teria explodido há muito tempo. Não vou mais pressioná-los para nada. Não posso forçar vocês a agirem como acho que devam. Me desculpem. Os dois.

- Obrigado, pai. – Responde Andreia abraçando o pai.

Antonio que estava olhando os dois, baixa o garfo com um pedaço da carne que já estava levando à boca e diz.

- Já que todos resolveram falar e se desculpar mutuamente. Eu acho que chegou minha vez. Paulo, ontem, quando a Andreia chegou em casa, ela me contou o que aconteceu nesse centro que o senhor vai. E me disse como estava irritada com o que ela achava que o senhor poderia ter feito...

- Mas não fiz nada, meu filho. – Interrompe Paulo.

- Tenho certeza disso. Conheço o senhor há muito tempo e sei que o senhor nunca faria algo assim. E foi exatamente isso que conversei com a Andreia. Que mesmo o senhor lutando para que o Davi ficasse bom, achando até que havíamos desistido de lutar por ele. O senhor nunca faria algo desse jeito.

- Verdade, pai.

- E foi, então que a Andreia me contou outras coisas, outras mensagens que aconteceram nesse lugar. E durante a noite, refleti muito. Analisei tudo o que já havíamos passado e decidi, se o senhor assim o quiser, continuar lutando pela vida do meu filho, junto do senhor.

Paulo olha emocionado para Antonio e aperta a mão de Andreia, que com a outra enxuga uma lágrima que começa a escorrer pelo rosto de Paulo.

- Meu lado racional me diz que toda essa estória é uma grande bobagem, que pode até ser charlatanismo. Mas meu lado pai, meu lado emocional me diz que tenho que segurar em qualquer fio de esperança que possa trazer meu filho de volta e ajudá-lo a ter uma vida normal. Eu quero poder ter o Davi junto comigo de novo e vou lutar por isso.

- Meu filho. – Paulo se levanta e vai em direção à Antonio, que continua sentado na cadeira chorando e o abraça.

Rosilda, que estava olhando tudo da porta da cozinha, sorri enxugando as lágrimas, vai em direção à mesa para pegar a travessa com a carne.

- Acho que ninguém mais vai querer comer, né? Então é melhor eu tirar logo essa carne para guardar na geladeira.

- Deixa isso aí, Rosilda. Saco vazio não para em pé e soldado com fome não ganha a batalha. – Fala Paulo sorrindo enquanto enxuga as lágrimas. – Quando é a próxima visita no centro? Tenho que me preparar para ela. – Pergunta para Andreia.

- Obrigado, amor. – Fala Andreia, beijando Antonio.


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