10 - Voltando Pra Casa

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- Entra filho, entra. Cuidado anda devagarzinho. – Pede a mãe de Pedro que o ajuda segurando o braço do filho como se o amparasse.

- Mãe. Eu tô bem. Para com isso. Não aconteceu nada demais. – Reclama Pedro.

- Francisca, se o menino tá dizendo que tá bem é porque ele está. – Confirma Jorge.

- Dá licença! Eu sou mãe e sei o que é bom pra ele. E além do mais o médico disse que é pra ele ficar em observação. Isso quer dizer que ele pode ainda não estar bem.

- Mas eu estou mãe. Pode ficar tranquila. – Pedro se deita no sofá de estar. – Que saudade que eu estava de ficar deitado nesse sofá velho.

- Realmente ele está ótimo. – Jorge ri, do comentário de Pedro – Já está até reclamando da casa.

- Não é reclamação pai. É constatação. Cadê o vô?

- Tá lá em cima. Deixei ele dormindo. – Fala Carmen, tia de Pedro, entrando na sala.

- Tia Carmen! – Sorri Pedro indo abraçar a tia.

- Como está o novo doentinho da casa?

- Não tem ninguém doente aqui. É só exagero da mamãe.

- Como exagero? Tu sofres um acidente de carro, dizes pro médico que estás vendo coisas e ainda achas que eu estou exagerando. E trata de ficar sentado pelo menos. – Ordena Francisca.

- Vendo coisas? – Pergunta Carmen segurando o rosto de Pedro com as duas mãos.

- Não tô vendo nada tia. Foi besteira.

- Que bom então. Fica sentado como tua mãe está pedindo, enquanto eu esquento uma lasanha à bolonhesa que acabei de fazer para alguém que ia chegar.

- Não acredito! A senhora fez uma lasanha? Que maravilha! – Se alegra Pedro.

- Mas nada de comer muito. Lembra que ainda estás de recuperação. – Adverte Francisca.

- Deixa disso, mulher. O menino está ótimo! – Fala Jorge.

- Eu vou subir pra ver o vovô.

Pedro se levanta do sofá e corre pela sala indo em direção à escada da velha casa. Pela parede, quadros antigos, um espelho bisotado herdado do avô de Jorge. Alguns móveis antigos e cadeiras de ferro e plástico se misturam na sala com janelas amplas, típicas das casas antigas.

No quarto, o avô de Pedro está deitado em uma cama de casal que fica próximo à janela. Um lençol branco e dois travesseiros dão a Martins um pouco mais de conforto. Na cabeceira da cama, além do abajur e das caixas de remédios, uma pequena bíblia e um porta-retratos com a foto de casamento dele com Ana, esposa dele por quase 60 anos.

Pedro abre a porta do quarto devagar

- Vô? O senhor está acordado? – Sussurra Pedro.

- Estava lhe esperando meu neto. Como você está?

- Estou bem vô. Tá tudo tranquilo.

- E como foi esse acidente que você se envolveu?

- Como o senhor sabe do acidente? Mamãe falou que não tinha contado nada pra não lhe assustar.

- Sua mãe e sua tia acham que só pelo fato de eu ser velho, sou surdo também. Elas comentaram aqui no quarto várias vezes, enquanto pensavam que eu estava dormindo.

- O senhor, hein! – Ri Pedro, enquanto se senta ao lado do avô na beira da cama.

- O que você quer que eu faça. Essas meninas não têm jeito mesmo. Nem parece que são minhas filhas. Mas me conte como você está se sentindo agora?

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