18 - A Conversa

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Jorge abre a porta do quarto de Pedro, que ainda está dormindo.

- Filho, levanta. Não é porque você ainda está se recuperando que pode ficar até mais tarde na cama, rapaz.

Pedro levanta a cabeça rapidamente.

- Que horas são?

- Já passam das nove. – Responde Jorge enquanto arruma os óculos para poder enxergar melhor o velho relógio de pulso herdado de seu pai.

- Meu Deus! Nove horas? Dormi demais! Tenho uma reunião às dez! – Pedro tira o cobertor de cima de seu corpo e pula da cama. Passando correndo por Jorge em direção ao banheiro.

- Calma rapazinho. Desse jeito você vai acabar enfartando. – Fala rindo, Jorge.

- Desculpa, pai. – Grita Pedro, já dentro do banheiro.

A cortina plástica do box meio aberta, deixa que algumas gotas de água molhem o chão do banheiro enquanto Pedro passa o sabonete pelo corpo tentando se lavar rapidamente para recuperar os minutos à mais que passou dormindo. A água do banho escorre pelos velhos azulejos da parede do box por um vazamento do cano do chuveiro. Pelo balancim, o vento entra no banheiro sacudindo e empurra o vapor da água do velho chuveiro elétrico em direção ao espelho que está preso acima da pia, que fica completamente embaçado.

Pedro fecha o velho registro, puxa a toalha e começa a se secar.

- Tô ferrado, tô ferrado... – Resmunga em voz alta, preocupado com o atraso e com os problemas que pode ter com mais este atraso, seria o terceiro só esse mês. Abre a porta do box e caminha em direção à pia apressado, pega a escova de dentes e um tubo de pasta que estavam sobre ela, coloca a pasta nas cerdas da escova já desgastada pelos meses de uso e a leva à boca. Sua mão se levanta e vai em direção ao espelho para limpá-lo e assim, ele poder ver seu reflexo nele.

- Pedro! Acabaram de ligar do banco dizendo que a reunião vai atrasar uma hora. – Falou Jorge do lado de fora do banheiro.

- Valeu, pai. – Responde Pedro olhando em direção à porta. – Pelo menos vou poder me arrumar mais tranquilo.

Já pronto, Pedro caminha pelo corredor arrumando a pasta com os documentos que precisará para a reunião.

- Acho bom você se preparar, filho. – Fala Martins de dentro do quarto.

Pedro olha para dentro do quarto e vê seu avô sentado no encosto da cama com as pernas cobertas pela velha manta.

- Falou comigo, vô?

- E com quem mais poderia ser? Eu estou velho, mas não estou senil. – Falando sorrindo, Martins.

- Desculpa, vô. É que eu não estava prestando atenção. – Responde Pedro que entra no quarto do velho avô, ainda arrumando as pastas e se senta na beira da cama.

- Na verdade, filho, você não está prestando atenção à muitas coisas que estão acontecendo à sua vida. Tem que ficar mais atento.

- Como assim, vô? Do que o senhor está falando? – Pergunta Pedro, sem entender o que seu avô está querendo lhe dizer.

- Estou lhe dizendo que você não terá mais tempo para esperar que as coisas aconteçam. Agora a decisão é sua. O destino da sua vida está diante de você e só você poderá decidir. – Fala Martins enquanto pega a mão de Pedro entre suas mãos.

- Desculpa vô, mas continuo sem entender.

- Pedro, o caminho que você precisa trilhar já foi marcado há algum tempo, filho. O que está acontecendo com você... As visões que você está tendo... Não são à toa. Tudo está seguindo o que já havia sido programado.

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