5 - A Segunda Visão

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- Tirando essas visões que o senhor diz estar tendo. O senhor não sente mais nada? - Perguntou Dr. Salomão, o médico que tinha atendido Pedro quando ele deu entrada na UTI do Hospital de Clínicas.

- Só o corpo todo dolorido e uma dor de cabeça que ainda não passou. – Responde Pedro tentando cobrir um pouco os olhos para evitar a luz direta neles.

- Calma que essa dor no corpo é a tensão do acidente e a quanto à dor de cabeça, o senhor já está medicado e logo ela deve passar. Mas voltando as visões, elas começaram quando?

- Elas não começaram. E na verdade foi só uma visão. Eu vi esse homem que me assustou e me fez causar o acidente.

- Mas você não falou também da torneira... Não era sangue o que você viu?

- Não disse isso. Disse que parecia sangue. Mas acho que era só água suja mesmo. Eu não sei mais o que está acontecendo. Eu tô muito assustado. Não era pra eu estar aqui. Tinha que estar no trabalho.

- Se acalme. Já avisamos à sua família e eles devem ter comunicado no seu trabalho o que aconteceu.

- Meus pais devem estar muito assustados.

- Mais do que o senhor. Eles estão aí fora. Vou pedir para que eles entrem. O senhor acha que está em condições de falar com eles?

- Claro. Pode pedir para que eles entrem.

- Márcio. Traga os pais do Pedro, por favor. Um de cada vez.

- Sim senhor, doutor. – Márcio larga o termômetro que havia acabado de usar para medir a temperatura da paciente que estava na cama em frente da cama de Pedro e segue em direção à porta.

De repente, tudo parece ganhar um estranho brilho e os movimentos das pessoas ficam exageradamente lentos e deixam rastros em torno delas. Pedro então percebe ao lado da cama da senhora dois homens e uma mulher, parados. Olhando como se estivessem orando por ela. Um dos homens levanta o rosto e olha para Pedro acenando com a cabeça.

- Ai meu Deus! – Sussurra Pedro cobrindo os olhos com as mãos.

- Algum problema? – Pergunta o médico.

- Não sei. Acho que é a dor de cabeça. – Responde Pedro tentando esconder o que via.

- Calma que já deve melhorar.

- Filho!

Francisca, mãe de Pedro chega junto à cama, chorando.

- Calma mãe que eu tô bem.

Dr. Salomão segue em direção à porta da UTI, entrega a prancheta com as anotações de Pedro para Maria.

- Continue mantendo a mesma medicação. Vou voltar daqui a duas horas para examiná-lo novamente.

Dr. Salomão atravessa a porta de saída da UTI e seu Jorge, o pai de Pedro que estava no hall de espera da UTI impaciente tentando receber alguma notícia do filho, vai de encontro a ele.

- O senhor é o médico que está cuidando do meu filho?

- Do Pedro? Sou sim.

- E como ele está doutor? Pode falar a verdade, não quero que o senhor esconda nada.

- Fique tranquilo que seu filho está bem. Não sofreu nada grave.

- Como não doutor? Pode me falar. A mãe dele tá lá dentro com ele.

- Como é seu nome? – Perguntou Dr. Salomão.

- Desculpe. Eu me chamo Jorge.

- Fique tranquilo seu Jorge. O Pedro está muito bem e logo vai estar pronto pra sair daqui. Só pedi que ele ficasse mais um pouco por precaução.

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