75 - Encontrando Marta

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Com a cabeça apoiada no ombro de Paulo, Davi está sentado no colo do avô, com o rosto virado para a janela, no banco traseiro do carro que seu pai dirige em direção ao Centro. As luzes da cidade passam pelo seu rosto iluminando sus olhos que seguem estáticos como se nada estivesse acontecendo.

- Deus nos ajude para que estejamos fazendo o que é melhor para ele. – Fala Andreia depois de olhar para o filho.

- Não fale assim, filha. Deus já sabe de tudo o que já fizemos para ajudar nosso menino. – Responde Paulo.

- Eu sei, pai. Mas isso é algo que ainda me assusta um pouco.

- Como assim, te assusta? – Pergunta Antonio sem entender o que estava acontecendo. - Vocês dois passaram o tempo todo tentando me convencer e quando eu concordo, vocês querem mudar de ideia?

- Não é isso. – Responde Andreia. – Só me bateu a dúvida, agora.

- Não tenha dúvidas, filha. – Responde Paulo, passando a mão nos cabelos de Davi.

- Escuta teu pai, amor. – Fala Antonio segurando a mão de Andreia.

- É que eu estou um pouco aflita com tudo isso.

- Calma filha.

Andreia se vira para trás no carro e olha para o pai que está com os olhos cheios de lágrimas.

- O que houve, pai?

- Estava me lembrando do dia em que sua mãe partiu.

- Não fica assim pai.

- Queria poder te deixar tranquila como tua mãe fazia.

- Pai. Se não fosse pela tua presença e pelo teu apoio, eu não teria chegado aonde estou.

- Não fale assim, seu Paulo. – Fala Antonio.

- Talvez eu só esteja tento fazer por ti o que não pude fazer pela Marta. – Responde Paulo, levantando os óculos e limpando os olhos de lágrimas.

- Pai, a doença da mamãe foi descoberta muito tarde e não tinha nada que o senhor pudesse ter feito antes ou depois que mudaria o que estava acontecendo. O próprio médico falou isso.

- Eu sei filha. Mas não consigo tirar da cabeça a sensação de que eu poderia ter feito algo que não fiz. Primeiro foi sua mãe, depois sua irmã. Tudo me dói demais

- O senhor fez tudo que estava ao seu alcance para ajudar as duas, meu pai. – Fala Paula. – Não pense que foi alguma forma de negligência da sua parte. Deus é testemunha do seu empenho para ajudar a mamãe e minha irmã.

- Não fale assim, seu Paulo. – Diz Antonio – É por causa do senhor que o Davi vai ser ajudado esta noite.

- Obrigado. Aos dois! Eu vou ficar bem.

Ainda com a cabeça no ombro do avô, subitamente os olhos de Davi fitam em outra direção e veem Marta, que está de pé na calçada e vê o carro com sua família passando.

- Acreditem no Pai. – Fala Marta que observa o carro seguir em direção ao Centro e o segue, caminhando na mesma direção.

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