Médiuns (Completo)

68 - A Mensagem Final

Pedro olha para os lados como se procurasse algo que pudesse lhe ajudar a se localizar, mas não conseguia reconhecer a rua em que estava. A neblina e a escuridão da noite não o deixavam ver muito além de alguns metros a sua frente. Nem as estrelas ou lua apareciam no céu. Não havia som de folhas ao vento, pessoas, animais, ou qualquer outro som, comum na noite de uma cidade. Com os pés descalços sobre o asfalto da rua deserta, ele dá alguns passos, com um certo receio do que possa encontrar.

- Não se preocupe. – Escuta Pedro, sem conseguir localizar de onde vem a voz que tenta lhe acalmar. - Não tem o que temer. Estamos aqui, juntos com você para que possa fazer a caminhada.

- Quem é? – Pergunta Pedro olhando em volta tentando encontrar de onde vem a voz. – Quem está aí?

- Você não nos conhece. – Responde a voz que parece mudar a cada palavra

- Como assim "nos conhece"? Quantos são?

- Não estou sozinho, filho. Somos um pequeno grupo de irmãos. E estamos prontos para lhe dar o suporte espiritual necessário.

- Suporte para quê? O que está acontecendo?

- É importante que você esteja preparado para o que vai acontecer e saiba que não estará sozinho. Estaremos juntos para lhe ajudar.

Ainda titubeando, Pedro dá alguns pequenos passos pela rua, olhando em volta, tentando encontrar alguém.

- Confie em você! Confie em Deus! Ele está sempre ao seu lado e vai lhe auxiliar em tudo o que for preciso para que cumpra a sua missão.

- Eu não estou entendo. Do que você está falando?

- Estamos falando do início da sua jornada nessa encarnação, filho. Daquilo que você escolheu como seu resgate para poder seguir o caminho de Deus. Da missão que você está sendo preparado para realizar.

- Que jornada?

- Aquela que estarei ao seu lado lhe auxiliando, meu neto. – Fala Martins, se aproximando por trás de Pedro.

- Vô? – Sussurra Pedro, que se vira e olha para seu avô.

- Como vai, Pedro? – Pergunta Martins abraçando o Neto.

- O que está acontecendo vô? Eu não estou conseguindo entender.

- Claro que está, filho. O início do seu resgate está acontecendo. Tudo que você viveu até agora, foi para lhe preparar para cumprir a sua missão. Missão que foi escolhida por você.

- E que missão é essa?

- Já lhe mostraram que nós podemos escolher como resgatar os erros que cometemos em encarnações passadas e assim evoluir e seguir o caminho que Deus nos destinou. Tua escolha foi por um caminho muito bonito, mas muito árduo.

Com a ajuda da espiritualidade, ajudarás vários irmãos. Alguns serão ensinados pelas palavras proferidas por ti, outros resgatados com o amor de Cristo e mesmo aqueles que não irão querer aprender, são os que mais precisarão do nosso amor. Deveremos auxiliar a todos.

E terás que ajudar em tudo o que poderes fazer.

Em alguns casos te sentirás frustrado por não teres conseguido auxiliá-los. Mas entendas que não dependerá somente de ti esse auxílio. O desejo deles, pela ajuda de Deus em suas vidas, é muito importante.

- Eu não estou entendendo. – Fala Pedro para o avô.

- Não precisa somente entender, filho. O mais importante é aceitar. – Fala Ana, se aproximando de Martins. – Como seu avô lhe disse: Há muito que você está sendo preparado para isso. – Complementa ela, enquanto segura a mão do esposo.

- Vó? – Fala Pedro, surpreso, reconhecendo a imagem da avó dos porta-retratos que existem na casa.

Ana olha para Martins, dando um pequeno sorriso e caminha em direção a Pedro.

- Meu neto! Há muito que aguardava o dia em que ouviria essa palavra vinda de você.

- O que está acontecendo? Eu morri? – Pergunta Pedro, assustado.

- Não, meu filho. – Responde Ana enquanto faz um carinho no rosto do neto. – Você não está morto.

- Então por que estou aqui com vocês?

- Nós também não estamos mortos, meu bem. – Responde Ana com um leve sorriso no rosto. - Esse encontro era necessário para lhe tranquilizar com tudo o que vai acontecer. Você tem uma missão muito bonita e queremos que você saiba que vamos estar ao seu lado lhe ajudando em tudo que pudermos. Só pedimos para que você confie sempre em Deus. Ele sabe o que é melhor para cada um de nós.

- Vocês falam sobre uma missão, mas não me dizem o que é. Isso me deixa aflito.

- Não tem por que ficar aflito. – Fala Martins.

- Na verdade, filho, você sabe do que estamos falando. – Responde Ana. – Você tem consciência do que é necessário ser feito. O que nos é difícil de entender, é sua relutância em aceitar que está pronto para começar este trabalho.

- Começar? – Pergunta Pedro.

- Claro. – Intervém Martins. – Esse é o primeiro passo da sua caminhada. Um passo importante. Que deve ser dado com segurança e confiança na ajuda de Deus e dos irmãos da espiritualidade.

- E se eu não conseguir? E se eu não atender às expectativas de vocês? O que pode acontecer com o menino?

- Meu neto... – Fala Ana. – É louvável sua preocupação com o garoto e com a sua responsabilidade neste trabalho. Mas pedimos que confie em Deus, assim como ele está confiando a ti esta missão.

- É preciso que te acalmes e te lembres que Deus te dará todo o suporte necessário para que possas realizar o que precisa ser feito. Mas para isso, é muito importante que creias em ti. Agora temos que ir. – Fala Martins – Já cumprimos o que era necessário.

- Pedro. Estaremos ao teu lado, meu neto. Confia em Deus. – Fala Ana levando a mão direita em direção ao rosto do neto.

Pedro fecha os olhos aguardando o carinho da avó, que desaparece ante de tocar-lhe o rosto.

Ao abrir os olhos, Pedro está em seu quarto, deitado em sua cama. A cortina da janela balançando com uma leve brisa noturna. O relógio na cabeceira da cama marca 4h22. Pedro olha para o quarto vazio, iluminado somente pela luz da rua, fecha seus olhos e volta a dormir.