4 - Vitória e Lúcia

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Margot trabalha em um escritório de advocacia no centro da cidade. Desceu no ponto de ônibus que sempre descia e caminhou apressada pelas ruas tentando não olhar para os lados e não ver os rostos tristes que passavam por ela. Margot estava assustada. Não conseguia entender o que estava acontecendo com ela, não conseguiu entender por que aquele homem havia aparecido para ela e muito menos, porque aquela senhora chamada Joana quis ajudá-la.

Passou nervosa pelo saguão do prédio, correu para o elevador e ficou feliz por estar sozinha dentro dele. O rosto do homem e as palavras de Joana não saiam de sua cabeça.

- Com licença. - Falou uma senhora que conseguiu entrar no elevador junto com Margot que imediatamente baixou sua cabeça.

Margot sempre foi muito tímida e os últimos acontecimentos só haviam aumentado essa timidez.

O elevador chegou ao oitavo andar e Margot saiu apressada pela porta pantográfica que se abriu. Caminhou pelo corredor e entrou na sala 807, abrindo uma porta de compensado velho e riscado.

- Nossa mulher. Está com uma cara assustada. - Comentou Vitória, a secretária do escritório. - Não vai me dizer que te assaltaram?

- Assaltou quem? - Perguntou Alfredo, que entrava na sala naquela hora carregando umas pastas velhas com históricos de clientes.

- A Margot foi assaltada. - Respondeu Vitória enquanto seguia Margot pelo escritório até a chegar à mesa dela.

- E onde foi o assalto?

- Não houve assalto algum, Alfredo. - Respondeu Margot, depois de conseguir sentar-se na sua mesa.

- Se não foi assalto, o que aconteceu? Por que tu estás com essa cara horrível?

- Nada Vitória. Não houve nada. Só não acordei muito bem.

- Que bom que não foi nada. Bem, esses são os arquivos dos clientes mais antigos. O seu Mário quer conversar com você depois que você analisar esse material, Margo. - Disse Alfredo.

- Credo. E precisava essa cara? - Vitória sai da sala e deixa Margot sozinha com as pastas que Alfredo havia deixado sobre a mesa de trabalho.

- Até mais, Vitória. - Se despede Alfredo, olhando para Vitória com um olhar contemplativo.

- Pode deixar as pastas sobre minha mesa, Alfredo. Eu vou ver direitinho e aviso ao Dr. Mário quando tiver estudado os processos.

- Ok.

- Ah! Outra coisa. Se você não quer que a Vitória descubra que você gosta dela, é melhor não ficar olhando para ela desse jeito. – Fala Margot com um leve sorriso no canto da boca.

- Eu não sei do que você está falando, Margot. Não existe nada disso. Mas voltando ao que realmente importa, alguma coisa que eu possa ajudar com seu problema?

Não adiantava falar nada, nem tentar explicar nada para ninguém. Já que nem ela mesma conseguia entender o que estava acontecendo, como ela poderia explicar para alguém.

- Fica tranquilo, Alfredo. E obrigado pela preocupação.

A tarde demorou a passar e o rosto do homem que Margot havia visto no ônibus, não saia da cabeça dela. Margot estava muito confusa e começou a tentar entender o que estava acontecendo com ela.

Era difícil aceitar, mas tudo o que havia acontecido naquela manhã, Margot já havia sido avisada há anos atrás. Ela se lembrou do encontro com uma velha senhora na praça de uma pequena cidade no interior de Minas, em uma viagem de férias.

Margot estava andando com o grupo da excursão quando a senhora se aproximou dela:

- As visões já começaram? - Perguntou a senhora.

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