65 - A Reunião

170 27 1
                                    

- Eu entendo perfeitamente a necessidade desse senhor de querer algumas respostas para o que está acontecendo com o neto dele. Mas, talvez, não seja hora de que elas cheguem. – Fala Eusébio para Pedro, que está sentado no sofá da sua sala juntamente com Margot e Vitória, que estão sentadas nas poltronas de couro dispostas ao lado do sofá.

- Eu entendo a sua preocupação, seu Eusébio. E sei que não tenho conhecimentos suficientes para tentar discordar de nenhum dos argumentos que o senhor está colocando. Mas eu vi no rosto daquele senhor uma preocupação verdadeira. E realmente acredito que temos como ajudá-lo. – Fala Pedro se justificando.

- Compreendo sua preocupação com o bem-estar dele, meu filho. Mas temos que entender que não depende de nossa vontade.

- Então eu devo simplesmente dizer que ele tem que aceitar pacificamente tudo o que está acontecendo com o neto e com a família dele? Que ele deve ser submisso a tudo? – Fala Pedro.

- Absolutamente. Você está certo em buscar ajuda para eles. Só estou lhe dizendo que talvez as coisas não aconteçam da maneira que ele e vocês esperam. – Responde Eusébio.

- Talvez a culpa tenha sido minha. – Fala Margot. – Fui eu que passei ao seu Paulo uma mensagem de que o problema do menino poderia ser espiritual.

- Não estamos procurando culpados, minha filha. – Fala Eusébio. - Só tentando esclarecer como os processos espirituais funcionam.

- O que o senhor está querendo me dizer, então, é que nada pode ser feito para ajudá-los? – Pergunta Pedro.

- Em absoluto. – Reponde Eusébio. - O que estou fazendo é tentando lhe deixar preparado para algo que eles desejam muito e pode não ser a solução.

Pedro baixa a cabeça e leva a mão direita até a sua fronte e esfrega a testa enquanto aperta seus olhos fortemente, enquanto as palavras ditas por Eusébio ressoam em sua cabeça.

- Nem sempre o que desejamos e o que achamos ser o melhor para nós é o mais indicado para o nosso crescimento, para a nossa evolução. – Segue Eusébio. – E, talvez, eu disse talvez, seja isso o que está acontecendo com a família desse senhor no momento.

Pedro respira mais profundamente.

- O que está acontecendo com ele? – Pergunta Vitória, sobre Pedro, sussurrando para Margot.

- O que aconteceu ontem no Centro foi muito forte. Ele disse que por alguns instantes pode ver o neto como era antes de tudo acontecer. E que o menino chegou a pedir ajuda para a mãe. – Fala Pedro com a cabeça baixa, esfregando a mão na nuca, em uma tentativa de livrar-se de um peso no sobre ela.

- Eu estava lá. Eu vi o que aconteceu. – Responde Eusébio se levantando do sofá e dando a volta para chegar atrás de Pedro. - E sei que alguns irmãos podem se aproveitar do sofrimento dos outros para enganá-los, ludibriá-los, fazer com que acreditem no que eles querem para conseguir a intenção deles. – Segue Eusébio, que chega por trás de Pedro que segue com a cabeça abaixada e os olhos fechados. – Todos somos filhos de Deus e estamos aqui para aprender, para crescer, para evoluir. Os erros são normais e fazem parte do aprendizado. O que não podemos e deixar que as atitudes erradas sejam as nossas guias em nossas vidas. – Eusébio coloca as pontas dos dedos da mão direita na fronte de Pedro, fecha os olhos e ora – Senhor Pai, me ajuda! Dai-me tua luz, dai-me tua paz, dai-me teu amor, senhor!

Quase instantaneamente Pedro levanta a cabeça buscando ar e respira aliviado, sem mais sentir o pesado incômodo.

- O que houve? – Pergunta Pedro.

- Um irmão sofredor, que estava buscando atrapalhar nossa pequena reunião. Mas não se preocupem, ele já está sendo ajudado pela espiritualidade. – Responde Eusébio caminhando em direção a janela da sala, afastando um pouco mais a cortina e abrindo mais a janela. – Parece que o vento parou por aqui. – Fala Eusébio sorrido. – Vão amanhã à noite ao Centro e peça ao senhor para ir sozinho. Não é o momento nem do menino e nem dos pais do menino irem até lá. Temos antes que resolver algumas questões internas e não quero que eles passem por um possível constrangimento. Vamos tentar obter algumas respostas e, se for o caso, poderemos começar a tentar ajudar ao menino e a todos da família. Agora, me desculpem, mas preciso resolver alguns assuntos pessoais.

- Claro, claro! – Fala Pedro se levantando, sendo acompanhado logo depois por Margot e Vitória. – Amanhã à noite, a gente se encontra no Centro. – Fala Pedro cumprimentando Eusébio que os acompanha até a porta.

- Obrigado mais uma vez, tio. – Fala Vitória logo após dar um beijo no rosto de Eusébio.

- Não precisa agradecer, filha. Fique tranquila.

- Até mais! – Diz Margot se despedindo de Eusébio.

Os três deixam a casa da Eusébio e ele os acompanha com o olhar, enquanto caminham até a calçada e se despendem entre si. Eusébio fecha a porta da entrada da casa, baixa a cabeça pensativo, levanta o olhar e caminha até a mesa da sala onde está o telefone. Se senta na poltrona ao lado da mesa, pega o telefone, tecla e espera a ligação completar.

- Luís? Aqui é Eusébio, amigo. O momento chegou. 

Médiuns (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora