34 - Antonia

415 45 0
                                    

Na sala de espera do hospital, Antonio está ao celular, andando pela sala.

- Não sabemos ainda o que aconteceu. Estamos aguardando uma posição do médico, mãe. Pelo menos ele já chegou aqui com o quadro mais estável. Deram um calmante para ele e a respiração e os batimentos cardíacos se normalizaram. Ele está dormindo, agora.

Andreia está abraçada ao pai, sentados no sofá.

- Pai, o que foi aquilo. Ele nunca havia tido nada daquele jeito.

- Não sei, filha. Vamos aguardar o médico. Ele poderá nos dizer o que aconteceu.

- Pai? Eu não estou preparada para perder meu filho.

- Não pense nisso agora, filha.

- Não consigo. É só o que eu tenho pensado desde que o vi se debatendo na cama daquele jeito. – Andreia começa a lagrimar e sua respiração fica mais forte. – Desde o início dessa loucura na vida do Davi, várias vezes eu cheguei a pedir para que Deus tivesse pena dele e o levasse, para que ele parasse de sofrer. E eu achava que pra mim iria ser melhor, mais simples, mais tranquilo..., mas, hoje. Depois do que eu vivi, eu sei que não. Não quero perder meu filho. Se for para eu ficar ao lado dele cuidando dele pelo resto da minha vida, eu fico. Eu aceito. Eu quero isso pra mim. Mas pede pra Deus não levar meu pequenino, por favor.

Paulo segura a cabeça da filha contra seu peito. – Calma, filha. Ainda não é o momento do nosso menino partir. Ainda temos que aprender muito com ele. Confie em Deus.

Antonio, que acabara de desligar o celular, olha para Paulo sem saber o que falar. Baixa a cabeça, respira profundamente e caminha em direção à janela da pequena sala de espera do hospital. Pela janela, o movimento das ruas parece um mundo distante e sem relação alguma com o que está acontecendo com o Davi.

- Tudo parece tão distante do que estamos passando neste momento. Tudo parece não ter ligação alguma. – Fala uma senhora que acabara de chegar ao lado de Antonio.

- Talvez pareça ser exatamente o que é. – Responde Antonio, friamente.

- Nem tudo é o que parece ser ou é como entendemos, filho.

Antonio se vira e olha uma pequena senhora, magra, por volta dos seus oitenta anos, mas com um sorriso iluminado no frágil rosto. Seu cabelo curto, carrega uma tinta negra, posta neles por quem não acredita que o resto das marcas que o tempo deixou no corpo, sejam capazes de mostrar a idade real que possui. Roupas simples, mas elegantes, a vestem. E uma pequena bolsa de alça comprida está pendurada em seu ombro esquerdo.

- Prazer. Me chamo Antonia. – Fala a pequena senhora, estendendo a pequena mão para cumprimentar Antonio.

- Como vai? Antonio. – Responde o pai de Davi, estendendo a mão para cumprimentá-la.

- Coincidência... Antonia, Antonio... – E dá um pequeno riso a jovem senhora. – Se bem, que eu não acredito muito em coincidências. Está com seu pai internado no hospital, meu jovem?

- Na verdade, é meu filho que está aqui. Mas ainda está sendo examinado. Não sabemos ao certo o que ele tem.

- Oh meu Pai! Crianças doentes sempre me deixam consternada. Espero que não seja nada grave.

- Não sabemos o que ele tem. Mas esperamos que melhore logo. Obrigado.

- Estou aqui com meu marido. Ele está com noventa e dois anos, praticamente na flor da idade. – Ri, Antonia, novamente. – Insiste que não deve seguir. Que ainda não é o momento de partir. – Antonia coloca a mão sobre o braço de Antonio e fala cochichando ao pé do ouvido de Antonio, - Acho que, na verdade, pensa que vai me deixar sozinha. Ciúmes! Vê se pode.

Médiuns (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora