62 - Na Casa de Margot

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- Eu não acredito que não lembres de nada! – Exclama Vitória saindo do quarto atrás de Margot.

- Eu não disse que eu não lembro, Vitória. Eu disse que prefiro não falar sobre isso.

- Claro que prefere não falar. Enquanto isso a Vitoriazinha, aqui, fica se mordendo de curiosidade.

- Controla tua curiosidade, então. – Responde Margot, pegando uma caixa de suco da geladeira, na cozinha.

- Pra ti é fácil falar. Estava lá, paradona, sem fazer nada!

Margot para e olha para a amiga que se joga no sofá da sala, pegando uma almofada o ligando a TV com o controle remoto que estava no sofá. Caminha até perto dela e se senta ao seu lado.

- Eu não estava lá "paradona" como disseste. – Responde Margot segurando a mão da amiga que ficava trocando os canais sem falar nada. – Eu estava tão perdida, ontem, como estás agora. Na verdade, ainda estou tentando entender tudo o que aconteceu comigo naquele Centro, ontem à noite.

- Então sabes como estou me sentindo.

- Mas eu nunca disse que não sabia. Só disse que não quero falar sobre isso. Essas coisas ainda me assustam um pouco Vitória.

- Então foi uma sensação ruim?

- Não. Pelo contrário. Depois que termina eu fico com uma sensação muito boa. Como se me sentisse protegida, resguardada de qualquer coisa ruim que pudesse acontecer comigo. Mas eu não tenho certeza se é isso mesmo ou se é só uma sensação.

- Como assim? Estás achando que não aconteceu? O que eu vi?

- Não. Estou só querendo entender tudo e saber se essas coisas acontecem de verdade.

- Depois de tantas coisas que tu viste nesses últimos tempos, tu ainda tens dúvidas?

- Eu tenho que ter, Vitória. Ninguém nasce sabendo como agir diante de uma coisa assim. E, além de não nascermos sabendo como agir, eu não recebi nenhum tipo de ensinamento quando criança. As coisas foram acontecendo, simplesmente.

- Mas não teriam acontecido se não estivesses pronta para elas. – Responde Vitória se levantando do sofá e caminhando até a geladeira para pegar um pouco de água. – Não é isso que aprendeste com as visitas daquela senhora que me contaste?

- Joana.

- O quê?

- Joana. O nome da senhora é Joana.

- E já conversaste com ela depois do que aconteceu?

Margot olha para Vitória e, sarcasticamente, responde.

- Já peguei meu celular, liguei pra ela e batemos um longo papo durante a madrugada.

- Ô grossa! Tu sabes muito bem o que eu estava querendo saber.

- Tá bom. Desculpa. É que essa estória toda de ontem, me deixou nervosa.

- Isso eu já percebi. Mas o que eu posso fazer pra te ajudar.

- Esse é o problema. Eu nem sei o que eu posso fazer para me ajudar, imagina os outros.

- E que tu achas da gente conversar com o tio Eusébio?

- Eu não sei, Vitória. Não acho que seria certo a gente incomodá-lo em um sábado de manhã com minhas dúvidas.

- Deixa de ser boba. – Responde Vitória caminhando de volta ao sofá. – Ele adora falar sobre isso e é a pessoa mais indicada para tirar essas dúvidas que a gente conhece.

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