7 - João de Nehme

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- Onde estou? Que lugar é esse? – Perguntou Pedro assustado.

- Você está dormindo. E eu estou aqui para lhe ajudar a entender o que está acontecendo.

- E o que está acontecendo?

- Você vai começar a entender muito do que sempre aconteceu com você e não conseguia compreender.

- Não sei se conseguirei entender e muito menos acreditar nisso tudo.

- É normal sua desconfiança. – Falou João.

- Como você sabe que sou desconfiado? – Estranhou Pedro.

- Lhe acompanho há muito tempo filho. Muito mais do que você acha. Conheço você tão bem quanto você mesmo se conhece. Sei quais as suas angústias, suas necessidades, s sonhos, suas dores...

- E como eu não sei nada de você?

- O que você quer saber?

- O que eu puder.

- Muito bem. Você tem todo o direito de querer saber. E temos um bom tempo para que eu possa lhe explicar.

- Tudo começou há muito tempo atrás.

Eu caminhava em direção a uma cruz que já há muitas horas estava fincada sobre o monte, para que todos pudessem ver de longe o que Roma fazia aos seus inimigos. Ao lado dela homens e mulheres choravam e ameaçavam jogar pedras e pedaços de pau nos homens que estavam crucificados.

Aproximei-me lentamente, mas com bastante orgulho, pois sabia que estava ali para ajudar a castigar um dos homens mais temidos pelo império romano, pelo menos naqueles últimos tempos.

Mal sabia que ali, naquela tarde, estava ajudando a acabar com a Luz da paz, com a Luz do amor, com a Luz do mundo. Estava ajudando a matar Cristo.

- Cristo? – Perguntou Pedro, sem acreditar em uma única palavra do que João estava lhe falando.

- Sim, Cristo. Mas só depois de morto pude descobrir o que eu tinha feito. Meu desencarne foi tranquilo, morri bem velho, pelo menos para aquela época, perto dos sessenta. Já tinha uma bela família, mulher três filhos varões e uma filha que já tinha filhos, assim como Yousué, meu filho mais velho, que já tinha filhos e filhos dos filhos. Depois de meu desencarne fui levado ao julgamento a que todos passamos. Ali pude descobrir todas as coisas erradas que havia feito em minha vida. Pude ver minhas outras encarnações, eram poucas na verdade, pelo menos só me foi permitido ver as que eu tinha tido já nesta casa, neste planeta. Descobri as mentiras que acreditei e as que me fizeram acreditar, descobri as coisas boas e as coisas más e ali descobri toda a verdade de Cristo.

No meu julgamento, me explicaram que havia ajudado a acabar com a vida daquele que veio para ensinar a todos nós o caminho da verdade. E como poderia aceitar isso com facilidade? Não conseguia entender ao certo nem como Deus, em sua infinita sabedoria, poderia permitir que homens simples, medíocres diante do poder que Ele possui, pudessem interferir em seus desígnios. - Livre arbítrio, meu filho. – Explicou-me um dos mestres que estavam à minha frente. - O envio de Cristo e os ensinamentos que ele passaria alterariam os destinos de todos na Terra, por isso Deus permitiu aos homens que tomassem sua decisão quanto a quererem ou não aprender os conhecimentos que Cristo traria para todos nós.

- Todos nós? Também já fostes homem? – Perguntei espantado ao saber que um que havia sido homem, pudesse estar como mestre diante de mim.

- Já. Todos passam por esse estágio para que possamos evoluir. Faz parte do caminho. Não fui homem na mesma época que fostes e nem na mesma casa, mas já o fui. E muito aprendi.

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