Cap. 69

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Certa manhã,Anastácia estava tomando uma xícara de café,enquanto esperava dá  o horário de buscar às crianças no maternal. Quando leu a manchete do New York Times ela sentiu o estômago ficar embrulhado. Um psiquiatra de Nova York matara a filha adotiva,uma menina de 6 anos,enquanto sua mulher,espancada e histérica,assiatira a tudo sem nada poder fazer. Anastácia ficouficou com lágrimas nos olhos ao ler aquilo. Era inconcebível,ele,um homem instruído,com uma clínica importante e um cargo de professor numa importante escola médica. E tinha matado a filha adotiva. Eles a adotaram desde do nascimento,pois a sua filha biológica morrera num acidente 2 anos  antes,o que era agora considerado suspeito. Anastácia começou a chorar enquanto lia,querendo conforta a garotinha,imaginando os seus gritos enquanto era espancada pelo pai. Era tão vividovívido que,mesmo depois de ter saído para a escola,ainda estava chorando.E ficou quieta enquanto caminhava com às crianças para casa,para o almoço. Thed perguntou à mãe o que tinha acontecido.

- Nada. Estou triste.

- Porquê mamãe. Porquê está triste?

Ele tinha 4 anos e era o garoto mais engraçadinho que aconhecera além de ser a cópia do pai.

- Alguém machucou uma garotinha e fiquei triste quando souber.

- Ela foi para o hospital?

Thed adorava ambulâncias,carros de polícia e sirenes,embora também se assustasse com elas. Anastácia não sabia o que dizer,queria ser honesta com o filho,mas achou que seria demais para uma criança de 4 anos,saber que a menininha estava morta.

- Acho que sim,Thed. Acho que ela está muito doente.

- Vamos fazer um desenho pra ela?

Anastácia balançou a cabeça e virou o rosto para que ele não a visse chorar. Não haveria mais desenhos para aquela garotinha... não haveria mãos carinhosas... ninguém para salvá-la.

Houve uma grande manifestação em Nova York nos dias que seguiram. As pessoas estavam abaladas e ultrajadas. Os professores da escola particular que ela frequentava defendiam-se,dizendo que nunca haviam suspeitado de nada. Ela era uma criança frágil e feria-se com facilidade e nunca dizia nada sobre o quê estava acontecendo em casa. Ouvir isso enfureceu Anastácia. Às crianças nunca falavam sobre abusos em casa,sempre defendiam seus agressores. E os professores sabiam disso e tinha de estar especialmente alerta.
Durante dias às pessoas deixaram flores e buquês na porta do prédio da Park Avenue onde ela morava e quando Anastácia e Cristian passaram por ali de carro,para ir a um jantar com amigos,Anastácia sentiu um nó na  garganta ao ver um enorme coração rosa,feito com minúsculas rosas,com o nome da garotinha escrito numa fita rosa.

- Não aguento isso. Eu sei como é. Porquê às pessoas não entendiam... Porquê não viam... Porquê não paravam com aquilo... Porquê ninguém suspeitava do quê existia por trás das portas fechadas,quando atrocidades estavam acontecendo ali? A verdadeira tragédia era que às vezes às pessoas sabiam e não faziam nada. Era com essa indiferença que ela queria acabar(disse chorando)

Cristian pôs o braço em volta do ombro da esposa e lhe entregou um lenço para secar às lágrimas. Doía-lhe pensar no quê ela tinha passado,fazia-o querer ser bom para ela todos os dias,recompensá-la por tudo o que havia passado,e era isso o quê estava fazendo.

- Quero voltar a trabalhar (disse ela e ele a olhou perplexo)

- No escritório?

- Claro que não... a menos que precise de uma nova secretária(provocou ela e ele riu)

- Não que eu saiba. Então o que têm em mente?

- Estava pensando naquela garotinha... gostaria de voltar a trabalhar com mulheres e crianças sofridas outra vez.

A morte da criança fizera com que Anastácia lembrasse de seu débito,ajudar aqueles que estivessem vivendo o mesmo inferno que ela vivera. Ela escapara, e viera para um lugar melhor na vida,mas não podia esquecê-los. Sabia disso ,de algum modo sempre teria a necessidade de dar-lhes a mão,de oferecer-lhes ajuda.

- Não no St.Andrew(disse com firmeza. Nunca a deixaria voltar ao abrigo para trabalhar. E padre Flynn gora transferido para Boston)

Mas Anastácia tinha outra coisa mente. Algo mais complexo e abrangente.

- O quê acha de começar algum tipo de organização. Quê alcançasse não apenas pessoas dos guetos e  da periferia,mas também a classe média e alta,onde o abuso é mais bem escondido e causa mais espanto? O quê acha de um trabalho voltado para a educação,ensinando educadores,pais,religiosos e todos os que trabalham com crianças para sabiam a quem procurar e o que fazer quando virem... e assim atingir o público,pessoas como eu e você,e nossos vizinhos e todas às pessoas que diariamente vêem crianças vítimas de violência,e não sabem. (Anastácia tinha pensando naquilo por 2 dias,tentando imaginar como podia ajudar e realmente fazer alguma coisa)

- Parece um projeto bastante amplo. Mas é uma ótima idéia.(disse ele gentil)

- Realmente não sei por onde começar. Talvez seja preciso fazer alguma pesquisa.

- Talvez você precise parar de se preocupar tanto. A última vez que extravassou a sua imensa generosidade,você ficou bastante machucada. Talvez seja a hora de deixar que outras pessoas se encarreguem disso. Não quero que se fira novamente.(disse ele,inclinando-se para beijá-la)

- Se não fosse àquilo,não teria se casado comigo.

- Não tenha tanta certeza. Já estava de olho em você fazia tempo. Só não sabia porquê me odiava tanto.

- Eu não o odiava. Eu tinha medo de você. É diferente.

Ambos sorriram,lembrando os dias em que se conheceram e se apaixonaram. Às coisas não tinham mudado desde então,estavam mais apaixonados do que nunca.

"Nossa Ana,sempre pensano no próximo 👏👏
Devemos sempre ficar atentos,e sempre denunciar "

MALDADE (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora