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Um mês depois

Núbia

Nesse tempo que o Ramon ficou aqui em casa eu tenho trabalhado só daqui, ia uma ou duas vezes na semana no restaurante dar uma olhada em tudo e depois voltava pra cá.

Minha vida tem andado meio monótona, tirando a parte da paz extrema com o Naninha tudo tudo certo. Ele tá mais desarmado, esses dias me falou que não via a hora de eu chegar da rua, me faz deitar e tudo.

Se não fosse ele estar todo quebrado e eu ser histerectomizada (não tenho útero, trompas e nem ovário), com certeza a gente já tinha feito um segundo filho juntos. Segundo dele né !? Meu seria o quarto ou a quarta.

A gente se gosta pra caramba, esse tempo juntos só mostrou que duas décadas não foram capazes de destruir o sentimento, mas eu ainda prefiro me reservar.

Paulo não fez nem um ano de morto, assumir outra pessoa vem com o peso dos julgamentos. Ninguém vai pôr na balança que o Naninha é o pai do meu filho, que o nosso sentimento é muito forte.

Vão olhar a parte que convém, que é a que eu fiquei com o Paulo por interesse, pra me fazer crescer e ter posses, já falam isso mesmo.

No meu íntimo, sei que não é verdade, as pessoas que são próximas a mim sabem que não foi por interesse que eu me casei.

Sei lá, também não vou queimar neurônio pensando nisso, muito menos pressionar o Ramon com isso. Deus sabe o que faz, se uniu a gente é porque tem motivo.

O outro saiu, foi tirar o gesso na Dona Alba e eu fiquei em casa, quem levou ele foi o Geléia. Aproveitei o tempo pra faxinar meu quarto e passar as peças de roupa dele que lavei.

Cuidei tão bem que ele engordou, não virou uma bolota, mas ganhou uns quilinhos nas partes certas.

Tava cortando os legumes do ensopado quando senti duas mãos me agarrem, surtei por uns segundos, mas depois lembrei que era o Ramon.

Naninha - Cadê as meninas ? _ falou no meu ouvido.

Núbia - Na escola e depois casa de uma colega, só voltam amanha....

Naninha - Guilherme ?

Núbia - Trabalhando! _ respondi com dificuldade enquanto ele mordiscava o meu pescoço.

Naninha - Então a casa é nossa! _ me virou pra ele e me beijou.

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A gente começou lá na cozinha e veio parar no quarto. Almoço ? Não fiz, comemos quentinha em uma das "pausas", tive que guardar tudo e deixar pra recomeçar mais tarde.

Quando saí do banho ele tava em pé e fumando um cigarro na janela. Botei uma roupa, sequei meu cabelo com a escova elétrica e fui pra perto, nessa altura Ramon já tava deitado.

Naninha - É o seguinte....

Núbia - Preço da mula é cento e vinte! _ rebati e ele me olhou serinho.

Naninha - Tu é engraçadinha pra caramba, prima do Patati e Patatá né !?

Núbia - Tô só fazendo uma graça, você tá sério e eu não to acostumada com isso Ramon.

Naninha - Não sou homem de ficar um tempão com mulher, não é a minha ficar só comendo e deixando rolar tu sabe muito bem disso. Quero que tu seja minha mulher, qual a tua resposta ?

Núbia - Eu fiquei viúva não tem nem um ano Ramon, não dá pra sair pondo outra pessoa na minha vida assim..... _ tentei me explicar, mas ele não gostou muito da resposta e foi logo pegando as coisas dele.

Naninha - Tranquilo! Faz o favor ? Procura outro homem pra te satisfazer, porque o otário aqui não vai mais ficar sendo tua marmita! _ esbravejou e foi embora.

Fiquei sentada na cama um tempão depois que a porta bateu lá embaixo, só pensando e pensando, por fim decidi não ficar comendo reggae alheio.

Tentei explicar a minha situação, não quis ouvir ? Problema é dele!

Bem que eu desconfiei dessa paz toda entre a gente, sabia que isso não ia dar certo....

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07/02/2022

Tempestade Onde histórias criam vida. Descubra agora