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Duas semanas depois

Núbia

Hoje é nosso último dia aqui no Jalapão. Eu amei a nossa viagem, visitamos vários pontos turísticos, comemos e é claro, namoramos muito.

Núbia - Bom dia esposo! _ beijei ele.

Paulo - Bom dia esposa! _ deu uma pausa _ Café na cama ou no restaurante do resort ?

Núbia - No restaurante do resort, quero aproveitar o nosso último dia aqui....

Tomamos banho juntos, se eu não tivesse resistido as provocações do Paulo a gente não tinha chego a tempo de tomar café da manhã.

Comemos de tudo, tinha medo de que Paulo me achasse uma draga, mas ele também é. Não disse que a gente se completa ?

Fizemos o chekout no resort depois do almoço, fomos de carro até Palmas e de lá pegamos o avião. Chegamos no Rio a noite, meus filhos foram esperar a gente no aeroporto e eu achei aquilo uma fofura.

Fiquei toda emocionada, chorei e tudo enquanto eles riam da minha cara. Fomos direto pra casa do Paulo, na verdade, nossa casa né !?

A partir de agora tudo é meu também, sou corrigida por ele quase toda hora por esse motivo.

Conheci o pessoal da casa, acho a palavra funcionário muito arrogante pra sair dos meus lábios. Apesar deles serem mesmo, não me sinto bem falando dessa forma.

Só quem veio debaixo, que trabalha pesado, que lida com público sabe o quão pejorativa essa palavra pode ser.

A condição financeira mudou, meu status de conforto é outro, mas a humildade continua a mesma.

Conversei horrores com o pessoal da casa, fui pra cozinha, me enturmei e quando vi já tava na beira do fogão.

É quase um instinto, quando vejo já tô com um pano de prato no ombro e mexendo uma panela.

Núbia - Meu amor! _ me joguei no colo dele _ Você vai comer uma iguaria de pobre, ela é perfeita.....

Paulo - E se chama ?

Núbia - Mocotó, vou pedir o pessoal pra trazer....

As meninas trouxeram a panela, colocaram a mesa e foram embora. Pus o prato de todos e nós comemos.

Paulo ficou vermelho, até quis deitar porque ficou com fraqueza e eu ri horrores. Comer duas cuinhas de mocotó é pra quem tá acostumado, marinheiro de primeira viagem sempre se ferra.

Dei um pouco de atenção pros meus filhos, só subi quando todos foram pros seus respectivos quartos. Quando cheguei na suíte, Paulo tava acordado enquanto lia um livro, coisa de rico de novela, só ri e nada falei.

Tomei um banho e deitei ao lado dele, fiquei acompanhando a leitura por cima, meus olhos já tavam querendo fechar. Paulo deixou o livro de lado e ficou me encarando.

Paulo - Posso te pedir uma coisa ?

Núbia - Tudo o que você quiser!

Paulo - Haja como a dona da casa.....

Núbia - Agora eu tô proibida de me comunicar com o pessoal ? _ me sentei na cama.

Paulo - Não é isso Bia, só não quero que você dê liberdade ao ponto de que os funcionários confundam a nossa real relação com eles, só isso! _ deu uma pausa _ Achei ótimo você ter ido cozinhar, me senti amada, mas eles estão sendo pagos pra isso, pra te servir e fazer com que você tenha o maior conforto possível....

Núbia - Eu não sou madame, não tenho essa mania de zona sul, a minha essência é essa e você sabia exatamente o que te esperava quando resolveu casar comigo! _ dei uma pausa _ Se arrependeu ? Ainda tá em tempo de pedir a anulação. Boa noite! _ virei de costas e deitei.

É uma coisa mínima, mas me deixou com raiva. Não vou abandonar o que eu sou pra me tornar uma madame esnobe, nunca fui de ficar prostrada dentro de casa e não vai ser agora que vou fazer o contrário.

Eu gosto do conforto sim, aliás, quem não gosta ? Mas não é isso o que vai me domar, dinheiro pode comprar tudo, menos a dignidade e o caráter do ser humano.

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21/01/2022

Tempestade Onde histórias criam vida. Descubra agora