Capítulo: 38

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Capítulo de ontem  7.11.22


Tina: Lu... nem perguntei né? Pra onde a gente está indo?

Lu: Rs é... Como te disse é pra casa dessa minha tia, essa que está doente. É um sítio que ela tem fora da cidade, ela sempre morou lá. Antes do meu tio morrer, o marido dela, íamos lá direto, mas agora....
- abaixa a cabeça- agora são poucas as vezes que vamos lá

Tina: E por que resolveu ir agora?

Lu: É porque meus pais pediram pra eu ir lá resolver umas coisas, já que eles não poderiam. Nós sempre no demo bem mas agora..... com ela doente..... Nem se lembra de mim na maior parte das vezes.

* A comida chega, elas agradecem e o rapaz se retira.

Tina: Mas o que ela tem?

Lu: Alzheimer.

Tina: Hum...

Lu: É muito triste ver o que uma pessoa se torna, o que a doença faz com a gente, ela era tão cheia de vida e agora - Lu sente que ía embargar a voz e pára antes que chore-

Tina: Ei - põe a mão sobre a dela na mesa- não fica assim não baixinha, aposto como ela ficará feliz em te ver lá, ainda mais se já tem tempo como você disse.

Lu: Ela nem se lembra de mim Tina!

Tina: Impossível te esquecer Luiza! - ela beja a mão da ruiva-

Lu: Olha que não é não hein....

Tina: Acredite em mim.... é sim!

Se não bastasse só o que ela disse ainda termina a frase com outro daqueles sorrisos, os olhos dela pareciam que quando me olhavam eram um ímã, eu não conseguia desviar. Sorri de volta, né?! E quando me dei conta estava ali perdida de novo, tive que sair daquilo... de novo! Pow duas vezes no mesmo dia. Não posso!

Lu: - depois do transe- Bom já acabou? - Tina afirma com a cabeça- É melhor a gente ir né.. se não fica tarde, ainda temos um chãozinho pela frente.

Tina: Vamos! Vou lá no banheiro, pede a conta.

Lu: Deixa que eu pago. Vai Tina, não discute!

Tina: Rs, tá bom, tá bom - levantando as mãos e indo lá no banheiro-

* No carro

Tina: Lu eu nem perguntei né.... e o que é que seus pais querem que você resolva lá?

Lu: Ah é porque minha tia só está piorado e essa semana ela caiu pra piorar tudo, está entrevada naquela cama. Enfim... querem que eu veja como está situação pois estão querendo vender o sítio lá e la vir morar na cidade com a minha prima.

Tina: Ah Lu... Talvez seja melhor pra ela mesmo. Ela é irmã do seu pai?

Lu: é sim. Você não a conhece Valentina! Duvido que ela queira vir pra cá. Eu sou contra tirar ela de lá, ela ama aquele lugar e do jeito que ela está duvido que tenha muito tempo de vida - sente os olhos marejados e Tina percebe- por que tirá-la de lá?

Tina: Desculpa tocar nesse assunto Luiza. Mas oh não fica assim não tá - fazendo carinho no cabelo dela e Lu sorri pra ela como resposta- E aí falta muito tempo ainda?

Lu: Ihh quase umas duas horas. Se quiser dormir...

Tina: Que dormir o que? Vou te fazer companhia, vou ligar o som e vamos ouvir uma música.

Lu: Tá. - depois de um tempo quieta- Baixinha é?

Tina: - Vale cora de vergonha na hora- Ahh.... eu.... eu falei.... foi sem querer - gaguejado-

Lu: Rs calma não precisa ficar com vergonha assim não. Ficou da cor do meu cabelo..... hahaha, gigante!

Tina: Rsrs, maior que você.

Lu: Ah tá não sei aonde rsrs.

Tina: Besta! - beliscando o braço dela-

Lu: Olha que eu estou dirigindo...

Tina: Tá bom só por isso que você se safa, rsrs.

Lu: Acho bom mesmo. Rrss.

* Um bom tempo depois ela chegam. O sítio que Luiza descreveu parecia mais uma fazenda, muito grande realmente. E o pouco que se podia ver por estar a noite, percebia-se ser muito bonita.

Elas foram recepcionadas pelos empregados: tinha a cozinheira, uma moça responsável por manter a arrumação a casa, motorista e a enfermeira responsável pela tia de Luiza. E logo que entraram na casa uma moça com mais ou menos cinquenta anos chega a sala, tia de Luiza que também morava na casa junto com a irmã.

X: Luiza! Quanto tempo! - se abraçavam-

Lu: Oi tia, tudo bem?

X: Sim minha filha, saudades de você! Vejo que trouxe companhia...

Lu: Ah sim. Tia essa é Valentina, uma amiga. Valentina essa é minha tia, Dolores

Tina: Prazer. - se cumprimentam-

Dol: Olá Valentina. E então fizeram boa viagem?

Lu: Sim fizemos.

Dol: Imagino que devem estar cansadas num é? Com fome também?

Lu: Não tia nós comemos na estrada. Mas cansadas estamos sim.

Dol: Bom seu quarto já está arrumado. Não sabia que você viria com uma amiga mas podemos pôr um colchão ao lado da sua cama, se estiver tudo bem pra vocês... Luiza me olhou esperando minha resposta, eu estava meio sem graça Bom temos outro quarto também que posso pedir pra aprontar....

Tina: Não imagina, não quero dar trabalho. O colchão está bom, obrigada!

Dol: Ok vou providenciar - ela já ía saindo quando Dul a chama-

Lu: Tia e como está tia Mercedes?

Dol: - ela logo mudou a expressão- Você sabe né minha filha.... do jeito de sempre. E agora com a perna engessada anda mais resmungona que de costume. Mas.... no mais está tudo na mesma.

Lu: E ela já está dormindo? Ou posso vê-la?

Dol: Sim está. É melhor deixar pra amanhã Luiza. - ela se aproxima- E olha eu disse a ela que você viria mas acho que deve se preparar, pois como eu disse ela anda muito resmungona e seus momentos de lucidez vem diminuindo mais e mais. Estou dizendo isso porque pode ser que não a reconheça. Então esteja preparada, minha filha.

Lu: - abaixa a cabeça- Eu sei tia. - tinha tristeza e decepção em sua voz-

Dol: Bom eu vou lá dar sa ordens pra providenciarem seu colchão, Valentina.

Tina: Obrigada. - ela sai da sala-

Luiza ficou ali meio parada na sala enquanto sua tia desaparecia de nossos olhos, ela estava de cabeça baixa, talvez até chorando. Não sei precisar. Tadinha ela realmente estava abatida, eu me aproximei dela e toquei em seus ombros. E só assim ela parece ter voltado a realidade.

Tina: Não fica assim não

Dei um beijo na sua cabeça, eu estava atrás dela. Nós subimos pois o quarto era no segundo andar, passamos pelo quarto das duas tias dela que ficavam no térreo. Pelo fato de sua tia ter essa dificuldade para andar.

Bom, entramos no quarto "dela", eu fechei a porta atrás de mim e Luiza pôs sua mala em cima da cama e começou a arrumar as coisas. Eu fiquei ali parada atrás dela, estava meio sem saber o que fazer ou como agir. Eu, vendo como ela estava sofrendo, me deu uma sensação de impotência afinal não podia fazer nada. Minha vontade era colocá-la no colo e fazer aquela dor desaparecer. Mas eu não podia, então apenas me aproximei dela por trás tocando - a nos ombros, como fiz lá embaixo.

Ela se virou pra mim, tinha um semblante triste quase chorando e me abraçou. Estava chorando, senti suas lágrimas molhando meu ombro e com isso a segurei mais forte. Ficamos um tempo assim até que ela se separou.

Lu: Por que sempre perdemos as pessoas que amamos?

VALU  ✓ •Mɪɴʜᴀ ᴅᴏᴄᴇ Nᴇᴄᴇssɪᴅᴀᴅᴇ • ½ᴛOnde histórias criam vida. Descubra agora