Atravessei o campus inteiro até chegar na biblioteca gigante que havia por lá. Parecia um shopping de livros, com diversas prateleiras altas e todos os gêneros que você podia imaginar, menos erotismo, o que me deixou triste em ambas as partes.Sorri para a bibliotecária que mexia no celular, bastante empolgada com o seu emprego. Procurei uma mesa no fundo, arrumando minhas coisas e esperando por Micael.
— Olá, Cecília! Você já almoçou?
Escutei sua voz máscula ecoar dentro da biblioteca, que não havia ninguém.
— Quer deixar a chave comigo? Fique tranquila! Estou fazendo um trabalho com a aluna de recuperação. — Avisou a bibliotecária, que respondeu algo mas não consegui ouvir muito. — Bom almoço.
Balancei meus pés por debaixo da mesa, um pouco nervosa de ficar sozinha com Micael. Vi ele chegar até mim, com dois livros e um estojo, deixando em cima da mesa, logo em seguida, puxando uma cadeira para se sentar.
— Buscou os livros? — Perguntou.
— Servem esses? — Fui debochada.
— Você foi prestável pelo menos. Um ponto! — Soltou um risinho, me deixando com mais raiva.
Ousado.
— Vamos ao que interessa. — Puxou o livro para si, folheando a página do resumo. — Você juntou partes que não foram importantes ao meu ver.
— Mas foram importantes ao meu ver. — Rebati.
— Eu sou o seu professor!
— Eu sei. — Rolei os meus olhos.
— Você não citou a Legislação no terceiro parágrafo. — Micael tinha o meu resumo em mãos, revendo tudo de novo. — Pegue um lápis, vamos fazer tudo de novo.
Por minha pura e tremenda vontade forçada, busquei um lápis e corrigi o resumo inteiro, com a ajuda de Micael, que parecia um pai esbravecido depois de uma nota ruim do filho. Eu só queria voltar ao meu quarto, tomar um banho e tirar um cochilo. Eu não aguentava mais, nem sua beleza estava conseguindo me acalmar com tanta matéria que estávamos vendo.
— Vamos fazer uma pausa. — Micael fechou o livro.
— Uma pausa? — O encarei, desnorteada e cansada. — Ficamos mais de uma hora estudando essa joça de matéria. — Apontei ao resumo corrigido.
— Joça não! Matéria importante que vai cair na sua primeira prova.
Relaxei meu corpo no encosto da cadeira, cansada pelo estudo recente. Micael me observava sorrindo, curioso para perguntar algo.
— Você é de Nova Iorque?
— Você sabe que eu sou de Nova Iorque, deve ter olhado na minha ficha. — Segurei meu riso, aquilo foi tão patético.
— Só quero saber mais de você.
— Sou sua aluna, não sua amiga.
— Mas eu preciso saber dos meus alunos, não sabemos o dia de amanhã. — Cruzou as mãos.
— Você quer saber de mim? Lá vai. — Entrei no seu joguinho. — Eu nasci em Nova Iorque e moro em Nova Iorque. Minhas melhores amigas são Lua e Mel, minha mãe é doméstica e meu pai mecânico, não tenho irmãos e... — Minha boca iria falar demais!
— E? — Micael estava interessadíssimo. — Você tem um namorado, acertei?
— Não. Eu não tenho namorado! Aliás, eu odeio namorar, é inútil para mim.
Micael segurou ao máximo o seu riso, mas acabou escapando. Eu nunca namorei, nunca tive vontade de namorar por mais que já tivessem pretendentes me enchendo o saco. Beijinho sim, namorar? Jamais!
— Ótima a sua visão sobre namoro, eu penso exatamente igual. Ainda mais jovens como você! — Micael achou interessante, de novo.
— Você é casado?
— Ãnn... — Pensou para responder. — Não.
— Tem filhos?
— Também não.
— Já foi casado?
— Isso é um interrogatório? — Soltou outro riso.
— Você é gay, professor Borges?
— Que? Não! Eu não sou gay e essa história já foi longe demais, você não acha? — Micael mudou o seu semblante, ficando bravo. — Página noventa. — Buscou o livro novamente.
— Se você não é gay, por quê ficou tão bravo comigo pela pergunta?
— Porque eu sou o seu professor, Sophia! Não o seu amigo. Eu necessito saber de você como uma questão de segurança, já que você está sob a minha responsabilidade dentro do campus. California não é brincadeira! Você está em outra cidade, sozinha e ainda é de menor. Sua mãe não te avisou sobre os perigos do mundo? Saiba mais antes de achar que a vida é uma brincadeira. — Uau, ele me esculachou!
— Eu só quis saber de você, como você quis saber de mim.
— Página noventa, senhorita Abrahão. Depois você está liberada para voltar ao seu quarto e descansar. — Trocou de assunto rapidamente, deixando de lado o sermão que havia me dado.
Micael ficou sério até o final do estudo, levantando-se e se despedindo grosseiramente. Guardei minhas coisas e sai em seguida, a bibliotecária já havia voltado do almoço, onde conversou brevemente com Micael, que estava irritado.
Caminhei pelo campus, dando o poder de conseguir apreciar o pôr-do-sol de Malibu. Eu gostaria de ir à praia mas pelo jeito, não podíamos sair daqui em hipótese alguma.
Senti sede na volta, fazendo meu corpo necessitar de uma Coca-Cola gelada. Parei em frente à uma máquina de refrigerantes, caçando três moedas para retirar a minha gloriosa bebida gelada.
— Droga. — Resmunguei, vendo minha Cola-Cola emperrada na portinha.
— Deixa que eu te ajudo.
Me assustei com a voz desconhecida. O garoto balançou a máquina com vontade, me ajudando a retirar o refrigerante que ficou emperrado. Logo recebi a Cola-Cola em mãos, sorrindo para ele que me ajudou de bom agrado.
Os olhos verdes e o cabelo encaracolado me fez sorrir.
— Essas máquinas são velhas, você deve ter uma técnica para o refrigerante sair. — Deu um sorriso daqueles de tirar o fôlego, se envergonhando em seguida.
— Obrigada. — Segurei a latinha com força. — Você quer um pouco?
— Ah, não. Valeu! — Sorrimos. — Você é daqui mesmo?
— Eu durmo no alojamento de cima, que é bem... Longe daqui. — Fiquei corada.
— Eu durmo no alojamento de trás, perto do seu. — Rimos leve, um com vergonha do outro. — Está em qual curso?
— Marketing Empresarial.
— Bacana! Eu faço Matemática Complexa, não por opção mas, é um curso legal. — Ri.
— Você não queria fazer isso?
— É matemática. — Torceu o nariz. — Todo mundo odeia matemática!
— Isso eu tenho que concordar. — Ri baixinho, abaixando minha cabeça e concentrando na latinha de Coca-Cola, que escorria por estar geladinha. — Como é o seu nome?
— Philipe. E o seu?
— Sophia. — Sorrimos de novo. — Obrigada por me ajudar, Philipe!
— Imagina. — Saiu andando, olhando para trás. — Até mais, Sophia.
— Até mais!
Eu ficava com vergonha na frente de meninos educados como Philipe, ele podia ser o meu namoradinho de verão mas eu estava fantasiando demais com algumas coisas.
Abri a Coca-Cola e fui bebendo até chegar no meu quarto, onde contaria o meu incrível dia à Hilary.
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Meu Professor - Coast
RomanceDurante as férias de verão, Sophia ganha um curso promocional na Califórnia. Mas ela não esperava se apaixonar pelo o seu professor, treze anos mais velho, moreno e de olhos castanhos.