Engoli meu choro e angústia no mesmo segundo em que amassei a embalagem do preservativo em minhas mãos. Levei até meu peito, fechando os olhos e respirando fundo. Mamãe sempre me dizia que uma mulher nunca pode ficar por baixo! Então, eu deveria tirar satisfações de um jeito diferente.— Eu cozinhei batatas inglesas.
Micael sorriu ao colocar a última travessa na mesa de jantar. Já estávamos de banho tomado e Harrison não estava com a gente. Paola o levaria só no final de semana.
— Bom. — Mantive minha postura. Encarei o prato com o meu jantar, sem a mínima vontade de comer.
— Está com dor? — Micael sentou em seu lugar.
— E por que eu estaria? — Fui fria.
— Porque você está agindo completamente diferente da Sophia que eu conheço. — Soltou um risinho. — Se quiser, posso comprar um analgésico para você.
— A única coisa que eu quero que você faça é isso!
Retirei a embalagem do preservativo do bolso, colocando em cima da mesa, furiosamente. Micael franziu o cenho sem entender.
— Pode me dizer o que é isso? — Cruzei meus braços.
— Uma camisinha? — Levantou os ombros.
— Eu achei isso, socado no fundo do gabinete. — Nos encaramos. — Acho que você me deve uma explicação, não acha?
— Você quer deduzir que eu possa estar transando com a Paola enquanto você está no colégio? — Levantou uma sobrancelha, parecendo o cúmulo do ridículo.
Lógico que era isso! Mas não sabia que ele iria direto ao ponto. Estava tão escancarado assim?
— Por que estava no fundo da gaveta?
— Sophia, essa camisinha deve ser de milênios atrás. Só foi parar lá, não me diga como! Você pode olhar a validade. — Soltou, tranquilo. — Eu sou honesto e fiel! Jamais trairia você, ainda mais com a Paola.
— E quem garante? Essa história do Harrison ficar aqui e ela vindo lhe trazer não me pegou. — Cruzei os braços. — Paola quer alguma coisa de você, Micael!
— Te atazanar, é isso que ela quer! E você está caindo igual um patinho.
— Não gostei de saber disso. — Amassei novamente a embalagem.
— Você precisa ter mais confiança, Sophia. Não sou um moleque!
— Eu sei.
— É. Mas não parece! — Micael ficou bravo. — Você não precisa desconfiar de mim.
— Me desculpa, eu... — Coloquei as mãos no rosto. — Essa história toda da Paola, do Harrison, enfim... — Não iria tocar no assunto. — É novo! Minha vida mudou completamente de cabeça para baixo.
— Você diz o fato de morar comigo ou o fato do Harrison morar com a gente?
— De novo esse assunto? — Rolei meus olhos, cansada.
— Sim, de novo. Porque você toca nesse assunto umas trezentas vezes! — Micael estava cansado de discutir. — Eu acho que você odiou a ideia do Harrison morar com a gente, mas acontece que ele é o meu filho. Uma prioridade!
— E quando eu falei que odiei a ideia do Harrison morar aqui? Você quer colocar palavras na minha boca, Micael. Eu amo o Harrison como se fosse meu filho! Ele é uma criança encantadora.
— Então por quê quando começamos a discutir sobre a vida, você sempre enfia o assunto do Harrison em primeiro lugar?
— Quer saber? — Empurrei minha cadeira, me levantando. — Cansei de ficar aqui discutindo baboseira com você. Essa história do Harrison já deu!
— E como deu! — Micael ficou em silêncio, remoendo as palavras que queria soltar, por dentro.
Fui direto para a cama, sem falar com Micael ou ao menos desejar uma boa noite. Agarrei no travesseiro, chorando em silêncio e dormindo, minutos depois. Minha cabeça precisava de descanso, era muito assunto ao mesmo tempo.
Acordei um pouco melhor no dia seguinte, porém, com cólicas ainda fracas. Tomei um banho e me aprontei para ir ao colégio, optando ir de ônibus antes que Micael acordasse e quisesse conversar.
A mesma rotina repetiu: sala de aula, intervalo, mais estudos e...
— Por que você está com essa cara de burro arrependido?
O tatuado parou em minha frente, enquanto eu lia um romance absurdo de triste. Retirei meu fone de ouvido, o encarando.
— Estamos na hora do descanso, não? — Fiz uma careta.
— Você lê livros na hora do descanso. Isso é deplorável! — Negou com a cabeça. — Você é nerd, não é?
— Vem cá, desde quando você teve liberdade para abordar uma pessoa desse jeito? — Me irritei.
— Desde quando você está no meu território! Esse lugar também é meu.
— Todo lugar agora é seu, garoto? — Gesticulei. — Na sala de aula é seu, no jardim é seu. Me diz um lugar que eu possa ficar que não é seu. — Dei ênfase.
Ele piscou duas vezes antes de se sentar ao meu lado, no canto do gramado. Retirou um maço de cigarro do bolso, tirando um e colocando entre os dentes.
— Quer um? — Teve um isqueiro, acendendo o cigarro.
— Não pode fumar aqui.
— Eu sei. — Tragou a fumaça, um jeito sexy. Eu achava pessoas fumantes bem sexy, era estranho.
— Você é rebelde? — Segurei meu riso.
— Eu não gosto de regras. Mas não sou rebelde! — Tragou novamente. — Só quero saber porquê você está triste hoje.
— E como você sabe que eu estou triste?
— Você se isolou de um jeito que eu não consegui encontrar palavras para te tirar daí. — Os olhos me encararam, penetrante. — Eu acho que você deveria me contar o que aconteceu.
— Não. — Fechei meu livro. — Eu mal sei o seu nome. Como é o seu nome? — Foi importante entrar nesse assunto.
— Prazer. — Levantou uma mão. — Harry.
— Aaah. Harry? — Me impressionei. — Você não tem cara de Harry.
— E você não tem cara de Sophia. — Soltou um risinho antes de se levantar.
— EI! Como você sabe que meu nome é Sophia?
Harry deixou o cigarro cair, pisando em cima. Soltou outro risinho antes de me encarar.
— Se você bobear, eu descubro até a cor da sua calcinha. — Piscou, saindo dali como uma fumaça.
Fiquei boquiaberta com a audácia, saindo dali no mesmo instante que ele. Coloquei meu livro debaixo do braço, procurando minha sala para guardar o restante do meu material.
Mesmo brigada com Micael, ele jamais poderia saber desse fenômeno tatuado que se chamava Harry.
E que se eu bobeasse, descobriria a cor da minha calcinha.MARATONA DE CAPÍTULOS AMANHÃ.
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Meu Professor - Coast
RomanceDurante as férias de verão, Sophia ganha um curso promocional na Califórnia. Mas ela não esperava se apaixonar pelo o seu professor, treze anos mais velho, moreno e de olhos castanhos.