Capítulo 73

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O dia começou bastante agitado para mim. Depois de carregar as energias, Micael e eu tomamos café, onde ele me levou para o colégio, de carro.

Estranhei pois não vi Harry na entrada e nem durante as aulas. Havia faltado, sem dar nenhuma notícia.

Mais tarde, fui para o meu segundo tempo, colocando meu uniforme de marinheira e indo até o Ahoy. E lá estava ele, não muito bem...

— Oi. — Deixei minha mochila no armário do fundo. — Por que faltou hoje?

— Você deu falta de mim? — Harry varria o chão.

— Lógico. — Lavei minhas mãos e busquei um pano com balde. — Aconteceu alguma coisa?

— Olha, eu não deveria ter te mandado aquelas rosas. — Me encarou. — Muito menos aquele cartão idiota!

Fiquei em silêncio.

— Harrison está bem. — Troquei de assunto bruscamente. — Vão desligar os aparelhos de Paola.

— A mãe do garoto? — Assenti. — Que merda.

— É. — Fiquei um pouco pensativa. — Minha vida vai mudar completamente, Harry. — Passei pano no chão.

— Vai mudar porque você quer. — Foi sincero.

— Como assim?

— Vejamos. — Ele fez sua pausa drástica. — Você tem um emprego agora, pode muito bem juntar uma grana e morar sozinha. Não precisa se separar do seu namorado velho de sessenta anos. — Rolou os olhos. — Liberdade é muito melhor!

— Você fala como se fosse fácil, não é mesmo? — Achei graça. — Micael nunca me deixaria sair da casa dele. Primeiro que iríamos brigar, segundo que... Nada a ver.

— Então você vai se sujeitar a isso?

— Isso o que, Harry?

— Ser mãe do garoto. — Fez aspas com os dedos. — Por isso sua vida vai mudar completamente. Começando por esse primeiro detalhe.

— Não vou ser mãe dele. — Tentei me justificar. — Só preciso dar o suporte feminino que o Harrison precisa, ainda mais em casa. Com Micael trabalhando, ele vai ficar um pouco sozinho.

— Babás.

— Harry, não. — Havia me irritado. — Qual é a sua, hein? — Larguei o pano de chão e balde, o encarando.

Me escorei em uma mesa, com as mãos na cintura, enquanto Harry me olhava de cima à baixo.
Um silêncio terrível entre nós.

— Só quero o seu bem, Sophia. Não gosto de ninguém chorando na minha orelha quando tudo dá errado. — Foi até à porta da sorveteria, se alongando.

Revirei os meus olhos e voltei a fazer o que estava fazendo.

Minha tarde não teve muito repertório a ser feito. Ajudei Harry com novas mercadorias, atendi clientes, cobrei no caixa e ainda por cima tomei um banho de sorvete derretido, diretamente do freezer gigante que dava para você morar dentro.

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