Meu Professor - Coast

Capítulo 11

Lá estava eu, correndo mais um risco de vida ao esperar Hilary dormir e sair escondida. Dessa vez, fui prevenida com sandálias no pé e um vestido soltinho. Fazia calor em Malibu e creio que no píer seria mais fresco, pela adrenalina que iríamos passar no parque de diversões.

Desci as escadas, atravessei o campus vazio e mal iluminado, encontrando Philipe do outro lado do portão. Uma bermuda jeans, tênis de skatista, boné e regata.
Uau, ele era lindo sim!

— Vamos indo? — Me chamou, me dando um beijo no rosto.

O hálito de menta percorreu pela minha pele. Fora o cheiro másculo do perfume, mesmo ele sendo um moleque qualquer.

— Vamos. — Sorri animada.

Fizemos todo o trajeto que eu e Micael fizemos daquele vez, conversando, rindo e contando nossa vida em minutos. Chegamos no parque que estava funcionando perfeitamente, Philipe comprou vinte tickets, dando acesso aos brinquedos para podermos nos divertir.

— Montanha russa ou roda gigante? — Andamos juntos até os brinquedos.

— Podemos ir na roda gigante? Eu amo roda gigante! — E amava mesmo. A vista de cima deveria ser perfeita.

— Vamos! Acho que é por aqui.

Philipe segurou na minha mão, me assustando um pouco de imediato. Ficamos na fila da roda gigante, demorando algum tempo até entrarmos nas cabines escolhidas pelo monitor do brinquedo. Um cinto foi passado em nossas cinturas, antes da roda gigante começar a funcionar de verdade.

Fiquei com frio na barriga ao ver meus pés livres saindo do chão. Ui.

— Você está gostando de Malibu? — Philipe puxou assunto.

— Sim. Não era algo previsto mas para férias de verão, está ótimo! — Rolei meus olhos.

— Você não pensa em ficar aqui quando o curso acabar?

— Eu nem posso. — Soltei um riso. — Minha mãe me mataria se eu morasse aqui. Ela já está em surto com essa minha viagem imediata! — Lembrei da minha mãe, que saudade daquela doida.

— Minha mãe não vê a hora que eu saia de casa, é sério. — Aquilo me fez rir. — Esse curso foi a chave essencial, de verdade.

— Você e sua mãe...

— Ela quer viver sozinha com o meu pai, fase da vida, entende?

Philipe encarou o horizonte. Estávamos quase no topo.

— Entendo bem. — Soltei um suspiro. — Você pretende ficar aqui até o final do curso?

— Só se algo me prender bastante. — Nos encaramos. — E acho que já me prendeu!

O clima, o momento, a vista e enfim Malibu me fizeram entrar em combustão com Philipe, dando início ao nosso primeiro beijo. O meu primeiro beijo de verão, em outra cidade, longe de tudo e de todos.

Foi estranho de começo mas Philipe tinha a mesma idade que a minha, não soaria estranho como se fosse Micael, me beijando. Não tínhamos química mas foi gostoso, a sensação de estar com ele foi totalmente diferente com outros garotos que eu já fiquei.

Philipe era diferente! Educado, gentil, bonito, atraente e um hálito de menta espetacular.

— Desculpa. — Coramos depois do beijo, já no topo da roda gigante.

Admirei a vista incrível de Malibu, sorrindo para Philipe e ficando com frio na barriga, na maioria das vezes.

Quando descemos, o clima ficou mais estranho ainda. Mesmo segurando minha mãe, foi como pisar em ovos. Já tínhamos gastado todos os tickets e estávamos prontos para voltar ao campus, antes que ficasse muito tarde.

— Podemos repetir mais vezes, o que você acha? — Philipe voltou a segurar minha mão. Estávamos voltando!

— Não é muito perigoso?

— Se soubermos sair sem ninguém nos ver, não é tão perigoso.

Voltamos para a porta do campus novamente, uma escuridão sem fim! Philipe me deixou entregue, umedecendo os lábios novamente para me beijar.

Estávamos nos aproximando quando alguém lhe derrubou, o fazendo cair no chão, começando uma briga. Me assustei na hora.

— FICA LONGE DELA, ENTENDEU?

Apontou o indicador no rosto de Philipe, ameaçando. Tinha os dentes cerrados e a face esbravecida. Eu não conhecia aquele Micael, que mais parecia o incrível Hulk.

— Qual foi, professor? Eu não fiz nada demais! Só foi um beijinho.

— EU MANDEI VOCÊ FICAR LONGE DELA, ENTENDEU? — Segurou Philipe pelo colarinho da sua regata, lhe dando medo.

Tentei intervir Micael, que quase voou em cima de mim, ainda bravo. Segurou meu braço e me tirou dali, colocando para dentro do campus.

— Sua farra acabou, Sophia Abrahão! Você vai voltar para Nova Iorque agora.

— VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO! — Gritei.

— Silêncio.

— ELE É MEU AMIGO!

— NÃO, ELE NÃO É O SEU AMIGO!

Me encurralou na parede, ficando em cima de mim.

— Eu fiquei com ele. — Esfreguei na cara de Micael, o deixando pior ainda. — Nos beijamos na roda gigante do píer.

Ele ainda me encarava querendo me matar.

— Ficou, é? Que bom! Agora você vai ficar comigo. — Nos entreolhamos. — Na parede do campus.

Meu corpo não conseguiu decifrar o que realmente estava acontecendo. Mas aconteceu! Aconteceu!
Ficar com um homem mais velho foi novidade para mim, ainda mais beijar aquela boca carnuda e sentir tudo o que seu corpo poderia proporcionar. O beijo de Philipe tinha se apagado em segundos, como se Micael me dominasse de uma vez por todas.

Minhas pernas? Como gelatina! Minha amiga debaixo? Sem comentário! Eu queria me entregar à Micael ali mesmo, em qualquer coisa que ele pedisse.

Eu não queria mais ninguém no momento, somente ele.
Somente Micael.