Capítulo 25

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— Sophia. — Micael segurou em minha nuca. — Não. Não. Não. Não. Não. — Me retirou de cima de si.

Fiquei do outro lado da cama, envergonhada por estar sem calcinha, com os hormônios gritando. Ele se levantou, caminhando para o seu banheiro, batendo a porta e fugindo dali.

Eu não sabia como reagir aquela situação, foi definitivamente estranha mas Micael também gostou. Me levantei, vestindo minha calcinha novamente. Conversamos mais um pouco, sem tocar no assunto que havia acontecido! Micael me levou de volta ao alojamento, duas horas depois.

— Sophia? — Alguém estava me cutucando. — Sophia?

— Hum? — Acordei no susto. Vi Hilary ao meu lado.

— Você chegou bem tarde ontem. — Fez uma careta. — Precisa parar de ficar dando na cara.

— Foi mal. — Me espreguicei. — Acho que as saídas para a casa do Micael vão cessar um pouco.

— Por que? Deu ruim? — Arqueou uma sobrancelha.

— Mais ou menos. — Não quis entrar em detalhes. — Você já está indo para o refeitório?

— Consigo te esperar uns cinco minutos. Você consegue ficar pronta? — Hilary faz o caminho da porta, se escorando.

— Rapidinho! — Sai correndo, me trancando no banheiro e me aprontando para irmos.

Naquela manhã, o campus estava terrivelmente estranho. Depois de tomar o café, me separei de Hilary, que foi até a sua sala, já que sua aula já havia começado.

Andei pelos corredores e consegui sentir a tensão, até avistar um carro de polícia. A coordenação, alguns professores e responsáveis do campus dando depoimentos me deixaram extremamente confusa. O que havia acontecido?

Fui puxada para um cantinho sem movimentação. Micael estava sério em minha frente.

— Ei! — Toquei seu rosto. — O que aconteceu?

— Uma longa história. — Massageou as têmporas. — Não quero você andando aqui à noite. Entendeu?

— Tá. Mas o que aconteceu? — Fiquei preocupada.

— Estupraram uma garota do segundo alojamento. — Fiquei boquiaberta. — Ninguém sabe o que aconteceu, de fato. Você não deve ter visto nada porque os quartos ficam longe do seu.

— Micael, isso é horrível! — Fiquei com medo. — E agora? Onde a menina está?

— Foi levada para a delegacia e depois ao médico. Está passando muito mal! Os pais entraram com um processo contra o curso, um caos. — Colocou as mãos na cintura. — Toque de recolher para você!

— Tranquilo! O meu alojamento é super... — O tranquilizei.

— Sophia, eu não quero você andando por aí depois das seis. Entendeu? Eu troquei o cronograma das aulas, vou acabar mais cedo para as meninas irem antes de anoitecer. — Pausou. — Tranque a porta, todas as tetras principalmente! Se escutar algo do lado de fora, por favor, não saia de jeito nenhum.

Uau! Ele pareceu o meu pai falando. Mas as orientações foram necessárias.

— Ninguém sabe quem foi? — Rolei meus olhos.

— Ainda estão investigando. Provavelmente alguém que está no campus e à solta! Por isso eu quero que você se proteja, assim como eu vou te proteger também. — Tocou o meu rosto, dedilhando seu dedão em minha bochecha.

— Que saco isso! Nada a ver. — Levantei os meus ombros. — A segurança desse lugar...

— Vai ser redobrada! Não vamos mais sair à noite. Sinto muito por isso.

Ok, outro balde de água fria em plena manhã, eu não iria aguentar!

— Agora você pegou pesado, Micael!

— Eu? Você não viu o caso, Sophia? Isso é sério! Dou aula há anos aqui e nunca vi um caso desse acontecer. — Ficou irritado. — Eu estou com medo disso, por você, por todas as meninas do alojamento.

— Os seguranças vão ser redobrados, Micael. — Suspirei. — Só estou triste porque não vamos mais sair à noite. Eu gosto de ir à sua casa! — Me lamentei.

— Você gosta de ir em casa para tentar fazer sexo comigo, não é mesmo? — Levantou uma sobrancelha, debochado.

Fiquei incrédula, batendo em seu ombro.

— Isso é coisa que se fale, Micael?

— Não tem ninguém vendo a gente. — Segurou em meu braço. — O que aconteceu ontem...

— Eu não quero falar sobre ontem. — Tentei bloquear as cenas da minha mente. Fiquei super envergonhada!

— Mas vamos falar.

— Não vamos. — Bati o pé.

— Vamos! É super importante até para a sua saúde.

— Saúde? — Meu riso saiu pelo nariz. — Por que saúde?

— Você anda se masturbando?

— Micael! — Corei toda.

— Eu preciso saber! É super normal para a sua saúde. Fora o que aconteceu ontem foi um pico anormal de hormônio. — Soltou, simples.

— Eu não quero falar para você se eu me masturbo ou não. — Disse um pouco baixo, morrendo de vergonha. — Eu quero saber como vamos nos ver, depois desse acontecido terrível. — Foquei o assunto.

— Vai ser um pouco difícil. — Remexeu os lábios. — Eu não posso ficar te buscando na porta do alojamento, ainda mais agora com segurança redobrada.

— Podemos nos encontrar em outro lugar, não sei. — Realmente, fiquei muito preocupada em não conseguir ver Micael. — Que tal um ponto exclusivo? Eu posso te encontrar lá, depois das aulas.

— Sophia. — Micael parou, olhou ao redor.

Um homem alto se aproximava. Micael saiu de perto, mudando sua feição rapidamente.

— Professor Borges, como vai? — O homem lhe cumprimentou.

Fiquei escorada em outra parede, fingindo estar escutando música. Retirei meus fones de ouvido, mas estava escutando tudo.

— Senhor Albert! Tudo bem e com o senhor?

— Mais ou menos. — O homem colocou as mãos dentro do bolso da calça. — Estou extremamente preocupado com a situação atual!

— Os pais já vieram da Holanda?

— Ainda não! Estão chegando de viagem, isso aqui vai virar um caos. — Andou de um lado para o outro. — Avise os alunos que as aulas estão suspensas até amanhã de manhã. Não é para ninguém sair do alojamento! Até a polícia verificar e a imprensa vir. — Ele pigarreou.

— Imprensa? Chamaram a imprensa? — Micael se impressionou.

— Chamaram tudo o que é possível. — Gesticulou. — Minha cabeça está doendo de tanta notícia que estou recebendo. É o fim do projeto do New York Times!

— Acredito que não. — Micael negou. — Precisam de mim? Qualquer coisa estou disposto à ajudar.

— Não, não precisa se preocupar com isso. — O homem estava bem preocupado. — Vá para a casa, descanse, pois amanhã será um novo dia!

— Tudo bem. Até mais, senhor Albert!

Micael deu duas batidinhas em suas costas, passando por mim e me beliscando leve. O segui discretamente, parando em outro lugar morto, sem a presença de ninguém.

— Se apronte, vamos para a minha casa!

Como assim?

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