Capítulo 58

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— VOCÊ FICOU MALUCA?

Dei um grito, gesticulando minhas mãos, incrédula com a frase de Paola.

— Não Sophia, eu não fiquei.

— Você não pode fazer isso. — Andei de um lado para o outro. — Como você abandona um filho desse jeito? É seu filho, Paola. Acorda!

— EU NÃO POSSO MAIS. — Paola começou a chorar.

Colocou as mãos na cabeça, sentando no sofá, desesperada. Fui atrás dela, tentando saber o por quê dessa decisão maluca.

— Eu juro que não posso mais, Sophia. Ele não pode viver na minha vida, presenciando isso.

— E por que você não vai na delegacia, hein? Dê uma parte, qualquer coisa. A gente te acolhe se for possível, até ele ser preso. — Me referi à história. — Agora você fazer isso com o menino já é demais.

— E ele vai viver com uma mãe desse jeito? Vendo o padrasto bater nela?

— É só você denunciar, Paola! Eu posso ajudar você! — Toquei sua mão. — Mas por favor, não faça isso com ele. Harrison é precioso demais para perder uma mãe.

— Falando desse jeito até parece que eu vou morrer. — Ela se levantou do sofá, enxugando suas lágrimas. — Eu só preciso pensar um pouco!

— Meu Deus. — Respirei fundo, rezando para que aquele pesadelo acabasse.

Paola caminhou até à cozinha, abriu a geladeira e despejou água em um copo. Ficou lá por alguns minutos, sozinha. Não se ligou quando a porta abriu, revelando Micael, que havia acabado de voltar.

— Querida. — Sorriu para mim. — O que aconteceu?

Neguei com a cabeça e apontei para frente. Micael olhou, estranhando ver Paola em sua cozinha.

— Paola? — Franziu o cenho. — O que faz aqui?

— Eu vim conversar com a Sophia. — Jogou o assunto de lado.

— Não, você veio fazer outra coisa. Explica pro Micael! — Fui afrontosa, me levantando.

Ele observava os dois lados sem entender nada.

— Sophia... — Paola fechou os olhos, deixou as lágrimas caírem.

— O que aconteceu? — Micael interviu. — Onde está o Harrison? — Procurou com o olhar, percebendo que a casa estava em silêncio.

— Ele está dormindo. — O tranquilizei. — Acontece que Paola está com problemas e quer abandonar o Harrison. — Soltei, encarando o chão e deixando Paola surtar.

Mas não escutei absolutamente nada ao invés de um choro forte e arrependido. Micael umedeceu os lábios, colocando as mãos no rosto, sem ter o que dizer. Foi como levar um soco e ter suas mãos amarradas.

— Então é isso? — Micael abriu os braços. — Você some, precisa de dinheiro, deixa o seu filho e agora quer abandoná-lo?

— Micael, você não sabe o que eu estou passando! Ele me machuca! — Fungou, secando suas lágrimas. — Eu não quero que o Harrison presencie isso, jamais.

— E a queixa, Paola? Se ele te bate, por que você não dá queixa? Se protege, sei lá! — Micael balbuciou, nervoso. — Eu sei que é difícil para você mas abandonar o seu filho já é uma palhaçada tremenda!

— Eu não quero que o Harrison cresça no meio de tanta briga.

— TANTA BRIGA? ELE MAL FICA COM VOCÊ! — Se alterou. — Em uma semana ele ficou comigo, na mesma semana que eu descobri ser o pai dele, ele ficou com quem? Comigo!

— Tá bom, Micael. Tá bom! — Paola secou suas lágrimas. — Eu só queria que você me entendesse.

— Não, eu não vou te entender! E antes de você fugir com aquele traste do seu namorado, eu quero que amanhã você me encontre no fórum, entendeu? — Disse sério, bastante bravo. — Se você vai abandonar o Harrison, a guarda dele será minha a partir de hoje!

Entreabri meus lábios automaticamente e logo fechei quando percebi estar fazendo isso. Paola arregalou os olhos, engolindo seco. Micael tinha a respiração pesada, bastante bravo pela notícia recebida.

Antes que Paola falasse mais alguma coisa, Harrison correu assustado até minhas pernas, abraçando do jeito que fazia. Micael e Paola assistiram a cena, o que lhe impressionou.

— Eu não gosto de briga, Soph. — Disse manhoso. O peguei no colo, lhe tirando dali.

— Tudo bem, Harrison. Está tudo bem! — Fiz carinho em seu rosto, o levando até o quarto de Micael.

Deitei o mesmo na cama, que pediu para que eu deitasse ao seu lado. Fiquei fazendo carinho em seu rosto, seguido de um cafuné em seus cabelos.

— Por que o papai e a mamãe estavam brigando? — Os olhinhos curiosos e molhados me encararam.

— Não é nada. — Beijei sua bochecha. — Seu pai fala alto demais e sua mãe não gosta muito. — Menti.

— Eu sei que eles estavam brigando.

— Não estavam, de verdade. — Tentei fazer Harrison acreditar na minha mentira. — Pode ficar tranquilo! Ninguém está mais gritando.

— Mesmo?

— Mesmo? — Sorrimos. — Por que não volta a dormir? Eu vou ficar aqui com você, até pegar no sono. — Me aninhei em Harrison, que fez o mesmo comigo.

Não lembro por quanto tempo fiquei daquele jeito com Harrison, mas lembro de ter pegado no sono e ter acordado com Micael, mexendo em meus cabelos.

— Harrison. — Levantei meu tronco, desnorteada, o procurando. Micael achou graça.

— Na cama dele. — Voltou a mexer em meus cabelos. — Eu tirei ele daí, mas confesso que deveria ter deixado.

— E Paola? — Cocei meus olhos.

— A gente discutiu mais um pouco, ela chorou e ficou por isso mesmo. — Micael ficou em transe. — O assunto do juiz mexeu com ela.

— Eu não sei porque mexeu, ela ia abandonar o Harrison.

— Ela não é maluca de abandonar o Harrison! Só fez isso para impressionar.

— Será mesmo? — Mordi a ponta dos dedos. — Eu sei que ela some e depois volta mas nada justifica ela abandonar o menino.

— Ela acha que o Harrison pode crescer vendo a violência do padrasto! É um ponto certo mas não justifica ela fazer isso.

— Ela pode estar sendo ameaçada, Micael. A gente não sabe o que acontece! — Levantei meus ombros. — E se a gente for atrás?

— Sophia, não. Eu não quero arranjar problemas para a minha cabeça. — Micael suspirou. — Meu foco agora é o novo emprego, que eu consegui. — Sorri de orelha à orelha ao escutar a novidade. — Você estudando, morando aqui comigo e claro, o futuro do Harrison.

— E qual vai ser o futuro do Harrison?

Micael me encarando, procurando palavras.

— Vai ser morando com a gente.

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